Trata-se do percevejo-de-pintas-amarelas (Erthesina fullo), espécie que se alimenta de diversos tipos de plantas e é considerado uma praga agrícola no continente asiático. Já foram registrados 22 exemplares na Baixada Santista, com predominância na cidade de Santos. Eles teriam entrado na região em contêineres transportados por navios que desembarcaram no porto local.
Até o momento foram encontrados indivíduos da espécie também em Guarujá e São Vicente. Para que haja o monitoramento da presença da espécie no Brasil e detectar eventual expansão, os especialistas aconselham que pessoas que virem um percevejo-de-pintas-amarelas façam fotos e as publiquem no iNaturalist, plataforma on-line de ciência cidadã.
No fim de 2024, bares da região central do Rio de Janeiro passaram a usar mesas e cadeiras de plástico após uma infestação de percevejos. Houve relatos de picadas do inseto em pessoas que estavam em estabelecimentos da Lapa, uma das áreas mais badaladas da cidade, e também nos bairros da Glória e do Catumbi.
O restaurante Os Ximenes, por exemplo, tomou providências para manter a clientela afastando o risco de ataque dos insetos.
Os percevejos ficam nas frestas das cadeiras de madeira dos estabelecimentos e atacam quando as pessoas se sentam. Quem não tem alergia sente a picada e pode ficar com coceira e mancha. Mas quem é alérgico pode ter reação mais grave e já houve caso que exigiu atendimento hospitalar.
Percevejos (Cimex lectularius) são pequenos insetos, muitas das vezes hematófagos, ou seja, alimentam-se de sangue - há também os fitófagos, que comem plantas, como o percevejo-de-pintas-amarelas. Originários da Ásia, se espalharam globalmente devido à migração e ao comércio internacional.
Eles habitam locais escuros, quentes e pouco ventilados, como camas, sofás e frestas de móveis. Esses ambientes favorecem sua sobrevivência e reprodução.
Os percevejos são bem pequenos. Eles medem entre 5 e 7 mm, com corpo oval e achatado. Cada fêmea põe até 500 ovos em sua vida, e as condições de calor e umidade aceleram sua proliferação. Na foto, um macho inseminando uma fêmea.
Cidades de clima tropical atraem os percevejos, já que eles gostam de calor. O Rio de Janeiro é uma cidade com grande densidade populacional, alto fluxo turÃstico e condições ideais para o inseto proliferar.
As picadas dos percevejos não são venenosas, mas podem causar coceira intensa, inchaço e vermelhidão. Para tratar, lave a área com água e sabão, aplique anti-histamínicos e evite coçar. Procure um médico.
Mas se a pessoa tiver alergia, ela pode ficar com urticária e anafilaxia, que devem ser tratadas com antialérgicos ou corticosteróides prescritos por médicos de forma controlada.
Repelentes comuns contra insetos não costumam ser eficazes contra percevejos . É melhor optar por tratamentos químicos e limpeza profissional caso já haja a infestação.
Como prevenção, procure tomar algumas medidas simples, mas que ajudam a impedir a proliferação do percevejo. Entre elas, é importante selar as frestas dos móveis.
Utilize óleos de hortelã-pimenta, lavanda, árvore do chá ou capim-limão para afastar os percevejos. Pode-se fazer um spray com esses óleos e aplicá-lo do lado de fora da mala
Lave as roupas de cama, cortinas e roupas pessoais regularmente por pelo menos 30 minutos. E recomenda-se que esse lavagem seja feita em água quente.
De vez em quando, procure secar as roupas em uma secadora, pois temperaturas elevadas, acima de 50ªC, ajudam a eliminar os percevejos.
Aspire o colchão e as áreas em volta da cama regularmente. Guarde as mochilas e as malas dentro de sacos plásticos.
Os percevejos podem ser confundidos com outros pequenos insetos como as baratinhas de livros (Liposcelis), piolhos-de-pombo e ácaros devido ao tamanho reduzido e presença em locais domésticos.
Além disso, pelo formato achatado e coloração marrom-avermelhada, os percevejos podem acabar lembrando pequenas ninfas de baratas.
Contudo, a alimentação e o comportamento de infestar colchões e móveis são características distintivas dos percevejos.
Além de humanos, percevejos podem atacar outros mamíferos de sangue quente, como cães, gatos, coelhos e até aves domésticas, se estiverem disponíveis.
Entretanto, eles preferem hospedeiros humanos devido à facilidade de acesso em residências e móveis. Espécies relacionadas, como Cimex hemipterus, também podem atacar aves em habitats específicos.
Já o percevejo Cimex pilosellus é frequentemente associado a morcegos, pois habita cavernas ou estruturas próximas a colônias dos temidos mamíferos voadores.