Quando candidato à presidência argentina, Milei mostrou-se negacionista em relação às mudanças climáticas, que já chegou a definir como 'farsas da esquerda'.
Além disso, Milei, que se autodenomina anarcocapitalista, sinaliza retirar a Argentina da Organização Mundial da Saúde (OMS), em outro alinhamento com Trump, e retirar o feminício do Código Penal argentino.
O feminicídio foi incluído no Código Penal argentino como agravante de homicídio em 2012, em reação ao crescente número de mulheres assassinadas no país por motivos de gênero. “Vamos eliminar o termo feminicídio do Código Penal Argentino. Porque este governo defende a igualdade perante a lei consagrada na nossa Constituição Nacional. Nenhuma vida vale mais que outra”, escreveu nas redes sociais o ministro da Justiça da Argentina, Mariano Cúneo Libarol.
O ultraliberal Milei, de 54 anos, é economista formado pela Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. Ele tornou-se conhecido nacionalmente por participações em talk-shows, além de ter criado um programa chamado 'Derrubando Mitos'. Com a popularidade conquistada, elegeu-se deputado federal em 2021.
Nascido em Palermo, bairro nobre de Buenos Aires, o presidente da República Argentina prega o anarcocapitalismo, corrente ideológica ultraliberal que defende o fim do estado, com privatizações e livre mercado em todas as esferas.
Na campanha eleitoral, o ultraliberal investiu no discurso de combate à 'casta política', representada por políticos e empresários vinculados ao estado.
Alinhado ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que chegou a postar vídeo de apoio ao candidato durante a eleição, Milei defende o livre acesso às armas por parte da população.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente brasileiro, atuou intensivamente na eleição argentina. O parlamentar brasileiro viajou até Buenos Aires para acompanhar o pleito de perto.
Milei é admirador confesso do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano parabenizou o argentino pela vitória eleitoral em 2023: 'Estou muito orgulhoso de você. Você vai mudar o seu país e realmente tornar a Argentina grande novamente'.
De acordo com o jornal argentino La Nación, Javier Milei tem como conselheira mais influente a irmã Karina.
Karina, chamada por Milei de 'A Chefe', coordenou a campanha do irmão e faz leituras de tarô com indicações de como ele deve proceder e em quem confiar.
De acordo com o jornalista Juan Luis González, autor da biografia não autorizada de Milei, o presidente eleito recebeu na adolescência o apelido de 'El Loco' (O Louco) de colegas da escola de Villa Devoto, no subúrbio de Buenos Aires. A alcunha, inclusive, da título ao livro de González.
Na biografia, lançada às vésperas da campanha eleitoral, o jornalista diz que Milei era alvo de bullying na escola devido ao seu comportamento e estilo.
Milei foi goleiro nas categorias de base do Chacarita Juniors, clube do bairro de Chacarita onde atuou também o atacante Germán Cano, do Fluminense.
'Atirava-se em todas as bolas. Era um maluco debaixo das traves. Podia dar certo ou errado, mas, sinceramente, não me lembro de ter falhado ou de termos perdido um jogo por causa dele', declarou Eduardo Perico Pérez, ex-companheiro de Milei no Chacarita, ao Infobae, site argentino.
O presidente argentino não se profissionalizou nos gramados, mas já se envolveu em polêmicas futebolísticas.
Durante a campanha, adversários resgataram postagem de Milei em redes sociais nas quais o político debochava de Maradona chamando o ídolo argentino, morto em 2019, de 'Maradroga'.
Em 2018, Milei deixou de torcer para o seu clube de infância, o Boca Juniors, e 'virou casaca' para o maior rival do clube, o River Plate, alegando 'medidas populistas'
Fã dos Rollings Stones, na juventude Milei integrou uma banda cover dos britânicos chamada 'Everest'.
Outro aspecto da vida pessoal de Milei que ganhou atenção durante o perÃodo eleitoral foi a respeito de suas supostas crenças, detalhadas na biografia escrita por González.
O misticismo de Milei teria surgido quando Conan, seu cão da raça mastim inglês, ficou doente e o atual presidente contratou um médium para traduzir os pensamentos do animal.
Após a morte de Conan, o dono teria desembolsado US$ 50 mil (R$ 242 mil na cotação atual) para a produção de quatro clones do cão nos Estados Unidos
Mile diz que os cãos clonados são seus 'filhotes de quatro patas' e os batizou com os nomes de seus economistas prediletos: Murray (Rothbard), Milton (Friedman), Robert e Lucas (Robert Lucas).
Ainda de acordo com a biografia, Milei conversa e se aconselha com os cães recorrendo às técnicas mediúnicas.