Não à toa, pela primeira vez, o Réveillon de Copacabana, um dos maiores eventos de Ano Novo do mundo, contou com um palco dedicado exclusivamente à música gospel, reforçando a importância desse gênero no panorama musical brasileiro.
Da mesma forma, Caetano Veloso - um ateu declarado e integrante de uma família que exalta os orixás da Umbanda nas canções - cantou em outro palco “Deus cuida de mim”, de Kleber Lucas, revelando respeito e interesse pelo público evangélico, no show que fez ao lado de Bethânia no réveillon em Copacabana.
A iniciativa tinha a meta de criar um espaço de inclusão para o público evangélico, que tem crescido significativamente no Brasil, com a presença de artistas como Midian Lima e Thalles Roberto, e outros a serem anunciados.
O mercado de música gospel tem demonstrado um crescimento impressionante, com um aumento de 93% nas buscas por esse gênero em plataformas de streaming, como o Spotify, entre fevereiro de 2022 e 2023.
Em 2024, o setor continuou a se expandir, com uma alta de 46% no número de ouvintes. Isso colocou o gênero como um dos mais procurados, especialmente em regiões como o Nordeste e o Norte do Brasil.
Além disso, a música gospel se mantém como o estilo mais acessado no YouTube em várias partes do país, consolidando-se como uma das vertentes musicais de maior impacto na cultura brasileira.
Esse crescimento é o reflexo de uma transformação que a música gospel passou nos últimos anos, se distanciando do linguajar dogmático e se aproximando de um público mais amplo com letras sobre amor, perdão e fé.
Esse fenômeno também se reflete no cenário global, onde o entretenimento gospel tem se mostrado um dos principais motores de crescimento.
Outro marco significativo para a música gospel foi a recente sanção da lei que institui o dia 9 de junho como o Dia Nacional da Música Gospel.
A data foi escolhida em homenagem a Frida Maria Strandberg Vingren, uma missionária sueca que, no início do século 20, foi uma das pioneiras na evangelização e na composição de hinos gospel no Brasil.
Esse reconhecimento formal do gênero no calendário nacional é mais uma indicação da relevância da música gospel na cultura brasileira e sua contribuição para o cenário musical do país.
Compostas de forma mais poética e menos dogmática, as canções gospel se distanciaram de suas raÃzes religiosas mais rÃgidas e passaram a se comunicar de maneira mais ampla com o público.
Essa popularização da música gospel também pode ser observada nas plataformas digitais. Há apenas cinco anos, em 2019, o gênero foi o segundo que mais cresceu no Brasil, atrás apenas do sertanejo.
Dados do Spotify mostram que o Brasil tem experimentado um aumento de 44% no número de ouvintes de música gospel, refletindo a crescente aceitação e presença desse gênero no cotidiano das pessoas.
O crescimento da música gospel também está atrelado ao aumento da população evangélica no Brasil, que desde a década de 1990 tem crescido de forma exponencial.
Missionários americanos e europeus desempenharam um papel fundamental na introdução da música gospel no país, mas foi a partir da década de 1990 que o gênero encontrou um espaço consolidado no mercado musical brasileiro.
Com o apoio de grandes produtores e empresários do setor, como Hananiel Eduardo, que trabalha com artistas renomados como Aline Barros e Isadora Pompeo, a música gospel se consolidou como um dos pilares do mercado de entretenimento brasileiro.
Em 2024, a música gospel continua a sua trajetória de expansão e transformação. O Réveillon de Copacabana, unido ao crescimento das buscas pelo gênero na internet e a criação do Dia Nacional da Música Gospel são apenas alguns dos reflexos dessa ascensão.
O gênero não é mais apenas uma expressão religiosa, mas um movimento cultural que atrai uma audiência diversificada e que tem se consolidado como uma das grandes forças da música brasileira.