O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, com lançamento previsto para o mês de maio de 2027, possibilitará a captação de imagens de galáxias próximas em alta resolução e dimensões jamais vistas.
A partir de um maior campo de visão, a expectativa é que o telescópio dê aos astrônomos novos elementos para os estudos da formação e evolução das galáxias.
Além de permitir avanços no conhecimento sobre o universo, os cientistas esperam que o novo telescópio traga novas informações para questões relativas à Via Láctea, galáxia em que situa-se o sistema solar do qual o Planeta Terra faz parte.
O nome é uma homenagem à astrônoma Nancy Grace Roman, a primeira executiva mulher da Nasa. Ela teve um papel central no desenvolvimento do telescópio Hubble, lançado em 1990 e responsável por mudar a visão humana sobre o universo.
O último telescópio espacial lançado pela Nasa foi o James Webb. Em 2023, ele fez uma foto da formação de estrelas mais próxima da Terra.
A foto mostra o complexo de nebulosas Rho Ophiuchi, que fica a 394 anos-luz do nosso planeta.
O James Webb é o telescópio mais avançado e caro já criado pelo homem. Mede 20m x 14m e pesa 6,5 toneladas. Foi lançado ao espaço no Natal de 2021, às 9h20 (de Brasília) da base de lançamento de foguetes que fica na Guiana Francesa. O foguete-lançador Ariane 5.
O lançamento, após vários adiamentos, foi um sucesso. Em três minutos, ele chegou na órbita da Terra e em 27 minutos foi solto da nave, começando a abrir seus painéis solares (a sua fonte de energia nesta empreitada).
A partir daÃ, o James Webb iniciou viagem de 29 dias para chegar a um local no espaço que fica a 1,5 milhão de km da Terra. Em seis meses, começou a enviar fotos para a Nasa.
O James Webb é o sucessor do Hubble (foto), lançado em 1990 e que segue em atividade. Muito maior e mais poderoso, o JW tem trabalho diferente do Hubble: sua função é descobrir como o universo foi criado - área em que o Nancy Grace Roman promete avançar ainda mais.
O Webb é fruto de um trabalho de 30 anos. No início dos anos 90, cem astrônomos foram incumbidos de analisar a possibilidade de um telescópio com 18 painéis de espelho e usando luz infravermelha (mais potente) estudar o universo num ponto afastado da Terra.
Um dos nós: como colocar 18 grandes espelhos telescópicos no foguete mais moderno da época (no caso o Ariane 5, inaugurado em 1996). O jeitinho: painéis dobráveis que entrassem nos cinco metros do bico do foguete (foto). É dali que o telescópio teria que ser ejetado quando estivesse em órbita.
Outro nó: diferentemente do Hubble, que deu problema após o lançamento e a Nasa enviou astronautas para o conserto, o James Webb não poderia sofrer manutenção humana, pela distância. O jeito foi realizar milhares de testes. Não poderia haver erro algum no lançamento e nos equipamentos.
Em 2002 foi iniciada a construção e o projeto passou a ter o nome de James Webb (foto), administrador da NASA que liderou o projeto Apollo nos anos 60.
Em 2011, os espelhos de berílio, revestidos de ouro, ficaram prontos. Em 2014 as demais peças foram finalizadas. Foram mais dois anos para a montagem e cinco anos de testes rigorosos, incluindo a etapa de desdobramento dos painéis.
O projeto foi colocado na prática, mas teve muitos adiamentos. A primeira previsão era ter sido lançado em 2007. E o custo inicial foi estimado em US$ 2 bilhões. A realidade: lançamento em 25/12/2021 e custo de US$ 10 bilhões.
A principal função do telescópio James Webb é 'voltar no tempo'. O universo está sempre em expansão e quanto mais você vê o centro dele, poderá observar como ela ocorre.
As lentes do telescópio foram projetadas para verem a luz muito mais longe, ou seja, o passado. Quando você vê uma estrela, está observando uma iluminação projetada há milhares ou milhões de anos. Talvez a estrela nem exista mais. O Webb pode ver de onde vem a luz muito antes de ela chegar aos nossos olhos.
Neste gráfico, o tempo atual está em vermelho, na parte de cima. O James Webb pode observar imagens que ocorreram nas bolinhas amarelas e até antes delas. Isso significa mais de 13 bilhões de anos atrás.
Isso é possível por vários motivos. Primeiro: o telescópio tem 18 espelhos hexagonais. O Hubble tem um. Na prática é como se o Webb tivesse sete Hubbles dentro dele. E seu diâmetro é muito maior.
Além disso, o Webb reflete luz infravermelha, que tem capacidade de observação de coisas à distância com maior nitidez do que a luz ultravioleta do Hubble.
O motivo: o infravermelho consegue ver através da poeira (muito comum no espaço). Exemplo: na foto, a parte nublada é poeira cósmica.
O James Webb fica de costas para sol e ainda tem uma capa para que o o raio solar não aqueça os equipamentos. (para ver infravermelho, o telescópio tem que ficar muito frio).
O James Webb não será eterno. Seu prazo de vida é de cinco anos ininterruptos enviando imagens, no cálculo mais pessimista, ou de dez anos, no mais otimista. Isso por causa do fim do seu combustível e, claro, por não ter manutenção humana.