Ele é um dos três constituintes do território ultramarino britânico de Santa Helena (onde Napoleão se exilou até a morte), Ascensão e Tristão da Cunha, sendo o lugar habitado mais remoto do mundo. Esse reconhecimento também está presente Guinness World Records, instituição que publica o Livro dos Recordes.
Os únicos locais habitados em Tristan da Cunha são o pequeno povoado de Edimburgo dos Sete Mares, que se encontra localizado no noroeste da ilha, além da estação meteorológica da Ilha de Gonçalo Álvares (ou Ilha Gough).
Cabe citar que o nome deste arquipélago foi atribuído ao explorador e comandante naval português Tristão da Cunha, justamente por ter sido descoberto por ele.
As Ilhas Inacessíveis e de Gough ficam no Oceano Atlântico, segundo o Smithsonian Institution, a cerca de 40 km, a Sudoeste do arquipélago de Tristão da Cunha.
A região conta com um vulcão, que formou o local geologicamente em uma ilha de rochas vulcânicas a cerca de um milhão de anos atrás.
Segundo dados oficiais da Unesco, a Ilha Inacessível e outras do arquipélago de Gough são algumas das mais intocáveis do mundo e possuem apenas 98 km².
Afinal, é um local importante de preservação da fauna e da flora. Por lá, existe um grande número de espécies e de biodiversidade que distinguem o arquipélago de qualquer outro lugar do planeta.
Os penhascos de rochas vulcânicas, imponentes acima do mar, se tornaram algumas das principais colônias de aves marinhas do mundo.
Nesses locais, espécies como Albatrozes e Pinguins, se utilizam da vida marinha e da pouca ou nenhuma interferência humana para se reproduzir.
De acordo com a Unesco, as Ilhas Inacessíveis e de Gough são pouco acessadas por estarem cercadas por mais de 12 milhas náuticas, a cerca de 22 km de área protegida pela Marinha.
Elas também são rodeadas por mais de duas mil milhas náuticas, a mais de 3700 km de oceano aberto. Quem chega ao local, mesmo com todos esses obstáculos, encara um dos climas mais hostis do planeta.
Tristão da Cunha, porém, tem um governo autônomo, que conta com departamento de preservação. Entretanto, divide os cuidados desse patrimônio da Unesco com o Reino Unido.
No entanto, engana-se quem ache que não há moradores nas redondezas. A britânica Kelly Green, de 34 anos, trocou a agitação de Eastbourne, na Inglaterra, por uma vida tranquila em Tristan da Cunha.
Ela é uma das 236 moradoras do local e sua paixão teve início quando, em 2012, visitou a ilha pela primeira vez. O intuito era passar seis semanas com a família depois que seu pai, um diplomata, assumiu um cargo no local.
Por outro lado, segundo o tabloide britânico Daily Mail, durante a viagem, ela conheceu Shane, um morador local que a ajudou com a bagagem.
Dois anos depois, Kelly e Shane ainda mantinham contato. Ela, então, decidiu decidiu deixar sua carreira como comissária de bordo para se mudar definitivamente para a ilha.
“Minha vida toda foi marcada por mudanças. Isso facilitou a ideia de pegar minhas coisas e mudar para Tristan da Cunha”, contou Kelly ao Business Inside.
Chegar ao local é um desafio. Afinal, primeiro, é necessário voar para a Cidade do Cabo, na África do Sul e, depois, embarcar em um barco por sete a dez dias, cruzando 2.700 quilômetros de oceano.
A ilha recebe apenas cerca de 10 embarcações por ano, cada uma com capacidade limitada para passageiros e possui uma estrutura limitada: apenas um correio, uma escola, um hospital, um café, um banco e um pub.
Em 2013, Kelly se estabeleceu na ilha, onde Shane construiu uma casa. Atualmente, eles têm dois filhos (uma menina de 10 anos e um menino de 3).
A comunidade do local é autossuficiente, com os moradores cultivando seus próprios alimentos e criando animais, enquanto a lagosta é o principal produto de exportação e sustenta a economia local.
Cada família é autorizada pelo governo britânico a ter gado, mas o número é controlado para evitar danos às pastagens. Mas com os frutos do mar, o assunto é diferente, já que a pesca tem enorme destaque por lá.
“Aqui, não preciso me preocupar. Meu filho pode brincar no jardim enquanto estou em casa. Sempre tem alguém olhando pelas crianças”, afirmou Kelly.
Mais do que isolamento, o local é um espaço de conexão com a natureza, simplicidade e uma comunidade que realmente cuida uns dos outros, segundo a visão de Kelly.