A previsão é que cerca de 200 animais sejam abatidos em Ilhabela, enquanto as Estações Ecológicas de Angatuba, Barreiro Rico, Itirapina e Santa Bárbara somariam o abatimento de outros 130 animais.
Esses javalis, pertencentes à espécie Sus scrofa, são considerados invasores e não têm predadores naturais no Brasil, ao contrário da Europa, onde são controlados por espécies como os ursos.
O edital prevê um investimento de R$ 1,11 milhão e vai receber propostas até 23/12/24.
A captura será realizada com armadilhas feitas de redes ou cercados, utilizando milho como atrativo, e as carcaças serão descartadas de forma adequada.
A licitação exige técnicas que garantam o bem-estar animal, evitando maus-tratos, estresse ou afugentamento da espécie.
A empresa contratada deverá apresentar um plano de ação que será avaliado minuciosamente pela Fundação Florestal.
O objetivo da medida é mitigar os impactos ambientais causados pela presença desses animais, que ameaçam a biodiversidade das áreas protegidas.
Segundo a Fundação, os javalis consomem plantas nativas, destroem florestas e plantações, danificando nascentes e prejudicando cursos d’água. Eles também atacam outros animais.
'A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) categoriza a espécie como uma das 100 piores espécies exóticas, considerando impactos como o ataque em lavouras e animais domésticos', afirmou a Fundação por meio de nota.
O órgão também alerta que esses animais transmitem doenças, como a febre aftosa, leptospirose e peste suína clássica), provocam exposição do solo e alteração da composição da vegetação.
“Os javalis e javaporcos são um gigantesco problema no Brasil, para falar bem a verdade. Destroem plantações e são bem agressivos', disse o biólogo Davi Nunes Veloso, em entrevista ao g1.
'Eles foram trazidos ao Brasil com a proposta de carne de corte. Infelizmente, por fugas ou descuido, hoje estão soltos por aí, se classificando como uma espécie invasora', completou.
Segundo o especialista, essas espécies são consideradas a segunda maior ameaça a biodiversidade, atrás apenas das mudanças climáticas. “Hoje, a forma que temos de controle destes animais é de fato o abate', pontua o biólogo.
'Infelizmente, já ouvi relatos de pessoas que abateram espécies nativas de suínos, como cateto e queixada, alegando serem javalis. Por conta disso, o trabalho de monitoramento da fauna local realizado por biólogos é extremamente importante na realização destas ações”, concluiu.
Originários do norte da África e sudoeste da Ásia, os javalis foram introduzidos em diversas regiões do mundo, tornando-se uma espécie invasora em muitos locais.
Esses animais possuem um corpo robusto, pernas curtas e musculosas, pelagem densa que varia de marrom-acinzentada a preta, e focinho alongado, utilizado para fuçar o solo em busca de alimento.
Os javalis machos pesar entre 50 e 250 kg e as fêmeas entre 40 e 200 kg.
Os machos geralmente apresentam presas curvas e afiadas, usadas tanto para defesa quanto para combates territoriais.
Esses animais são extremamente adaptáveis, podendo habitar florestas densas, savanas, áreas pantanosas e até ambientes semiáridos.
Socialmente, os javalis vivem em grupos chamados 'varas', geralmente compostos por fêmeas e seus filhotes.
Os machos adultos tendem a ser mais solitários, juntando-se aos grupos apenas durante a época de reprodução.
A carne de javali é valorizada em muitos países e é um ingrediente comum em pratos tradicionais, especialmente na Europa.