Batizado de Canal Sugar, o projeto tem como meta transformar 50 mil hectares de deserto no oeste da província de Minya, no sul egípcio, em plantações de beterraba para produção de açúcar branco.
A Canal Sugar é uma joint venture (consórcio entre duas partes) entre o Egito e os Emirados Árabes no valor de 1 bilhão de dólares (R$ 6,2 bilhões na cotação atual).
Para isso, foram perfurados mais de 150 poços de água nessa imensidão desértica a fim de permitir a irrigação das plantações. Desse total, 50 já estão em operação.
Esses poços permitiram a instalação de uma grande fazenda de produção de beterraba para alimentar uma fábrica de processamento dessa planta.
A fábrica, que também foi erguida graças ao capital chinês, faz o processamento para obtenção de açúcar branco.
“Chegamos ao meio do deserto e, com a ajuda da empresa chinesa Zhongman Petroleum and Natural Gas Group Corp. Ltd. (ZPEC) começamos a fazer poços exploratórios e, depois, desenvolvemos uma rede que nos permite começar a irrigar”, declarou o empresário Aaron Baldwin, gerente geral de agricultura da Canal Sugar, à agência de notícias chinesa Xinhua.
As estimativas são de que o projeto avance para chegar a mais de 300 poços, aumentando ainda mais a produção de beterraba no meio do deserto.
Segundo as empresas envolvidas no projeto, após as primeiras perfurações levarem um mês para serem concluídas, elas agora necessitam de metade do tempo graças ao conhecimento geológico adquirido durante a empreitada.
“Quando iniciamos este projeto, em 2018, o lugar era apenas um deserto. Mas agora se transformou em uma terra irrigada pelos poços que perfuramos e plantamos com beterraba, alfafa e cevada, o que nos deixa orgulhosos”, explicou Zhou Guquiang, chefe da filial da empresa chinesa no Egito, citando outros gêneros alimentícios plantados no local.
Segundo o empresário chinês, foi preciso um grande esforço de pesquisa e exploração. O projeto atende a objetivos financeiros do país asiático e ao empenho do Egito de fazer dos desertos terras agrícolas.
A Canal Sugar prevê que será possível produzir 900 mil toneladas de açúcar branco anualmente quando toda estrutura agrícola estiver instalada e funcionando ao máximo.
O consumo de açúcar no Egito é de 3,3 milhões de toneladas por ano. O projeto agrícola em meio ao deserto dará um auxílio fundamental para atender a demanda de um país com mais de 110 milhões de pessoas.
A meta é produzir cerca de 2 milhões de toneladas de beterraba anualmente no próximo triênio (2025 - 2027).
“Sinto-me feliz em participar da transformação deste vasto deserto verde. É como um sonho. Quando cheguei aqui, não imaginava que um dia se transformaria em uma enorme fazenda”, afirmou Ahmed Soliman, egípcios que é gerente de base da empreitada.
Minya é uma província localizada no sul do Egito que tem como capital a cidade homônima, que fica a quase 250 km da capital Cairo.
A cidade de Minya tem uma das maiores concentrações de cristãos do Egito, um país em que o Islamismo é dominante.
Na localidade há uma universidade, que leva o nome da província, e um centro de artes chamado Suzanne Mubarak, nome da viúva do ex-presidente do país Hosni Mubarak.
Os habitantes locais de Minya costumam se referir à cidade como “Noiva do Alto Egito”, em alusão à posição estratégica entre o norte e o sul do país.