Em 2019, o país asiático deixou a Comissão Internacional de Baleia e voltou a permitir a caça comercial de baleias. Neste ano, a Agência de Pesca do Japão incluiu as baleias-comuns na lista de espécies com pesca autorizada. O governo japonês baseia a medida em pesquisas que apontaram a recuperação das populações da espécie no Pacífico Norte.
Em maio, o Japão ignorou ambientalistas e defensores dos animais ao lançar o maior navio 'caçador de baleias' do mundo.
O Kangei Maru, como é chamado, custou em torno de US$ 48 milhões para ser construído.
Suas dimensões são impressionantes: 112,6 metros de comprimento por 21 metros de largura, com quase 9.300 toneladas.
O Kangei Maru veio para substituir um antigo navio-mãe que vinha sendo constantemente perseguido por ambientalistas que tentavam impedir a caça às baleias.
O novo baleeiro partiu para sua primeira caçada no dia 21/05/24, do porto de Shimonoseki. Ele foi alvo de protestos de ambientalistas em escala internacional
Segundo o governo japonês, o novo navio representa uma nova era para a indústria da caça, que é considerada parte da cultura do país.
De acordo com Ryosuke Oba, gerente de um restaurante que utiliza carne de baleia, o navio possui uma instalação interna onde a carne é processada antes de ser refrigerada.
'Este navio é como uma fábrica. Essa é sua característica mais atraente', comentou o gerente, em entrevista à AFP.
O Japão vem sendo acusado de se aproveitar de uma brecha estabelecida pela Comissão Internacional da Baleia (CIB) de 2019 que permite caçadas com objetivos científicos.
Além do Japão, atualmente apenas dois países persistem nessa atividade condenada por muitos. Noruega e Islândia ainda caçam baleias abertamente.
A cultura da caça às baleias é tão forte no Japão que até crianças participaram da partida do Kangei Maru no porto de Shimonoseki segurando cartazes: 'Por favor, capturem grandes baleias! Por favor, retornem em segurança!'
'Este é um novo navio para uma nova era, simbolizando o novo período de retomada da caça comercial de baleias', comemorou o presidente da empresa baleeira que construiu o baleeiro, Hideki Tokoro.
Entre as espécies de baleias caçadas pelo Japão estão as baleias-minke, de Bryde e de sei.
A caça de baleias existe há séculos no Japão. Especificamente após a Segunda Guerra Mundial, a carne desse animal se tornou uma importante fonte de proteína para a população. Ainda hoje, ela é servida em almoços escolares na região de Shimonoseki.
Mesmo com tanta tradição, o consumo de carne de baleia no Japão caiu muito nas últimas décadas, algo que o prefeito da cidade, Shintaro Maeda, quer mudar.
'Nosso maior objetivo é aumentar a demanda pela carne de baleia e conscientizar o público sobre ela', disse ele, em entrevista à AFP.
Vários grupos de ambientalistas são contra a prática da caça às baleias. 'A caça comercial de baleias no século 21 é injustificável. É uma prática desumana que existe puramente para o lucro de alguns', declarou recentemente a World Cetacean Alliance.
“Os novos planos de caça às baleias-fin são extremamente preocupantes. Elas são a segunda maior espécie do planeta. A caça causa imenso sofrimento devido ao tamanho desses animais, sem mencionar o tempo significativo entre o primeiro arpão e a morte', afirmou Nicola Beynon, chefe de campanhas da Humane Society International (HSI) na Austrália.
Segundo Tokoro, é improvável que o navio vá para a Antártida: 'Se o fizermos, seria quando o governo nos ordenasse a garantir uma fonte de proteína devido a uma crise, devido à fome. Nesse caso, estaríamos prontos para ir a qualquer momento.'