Os pesquisadores descobriram um cálice romano de 1.800 anos, conhecido como 'Cálice Scremby', em um túmulo do século VI que fica no distrito de Lincolnshire, no leste do país britânico.
O cálice, feito de liga de cobre esmaltado, mede 5,7 cm de altura e tem capacidade para cerca de 280 ml. Os pesquisadores acreditam que ele tenha sido importado da França no século III.
Sua superfície é decorada com característica do artesanato romano, como corações preenchidos com esmalte vermelho, água-marinha e azul profundo.
Além do cálice, foram encontrados dois broches circulares e pulseiras no mesmo túmulo, que posteriormente descobriu-se ser de uma mulher.
Mas foi a posição do objeto que deixou os cientistas intrigados: o cálice foi encontrado intacto, próximo à cabeça da falecida, sugerindo um possível uso cerimonial ou ritual no enterro.
Análises revelaram traços de gordura de porco crua no interior do cálice, indicando usos não culinários, possivelmente medicinais ou cerimoniais — existem evidências de textos bizantinos do século VI que mencionam o uso de gordura de porco para tratar infecções.
Até hoje, os pesquisadores ainda investigam como um objeto romano foi incluído em um contexto funerário anglo-saxão, levantando duas hipóteses principais.
Uma das teorias indica que ele pode ter sido recuperado de um enterro romano mais antigo. A outra, que ele foi preservado como uma relíquia ou herança familiar.
Embora sejam objetos aparentemente simples, os cálices carregam consigo uma rica história e uma profunda simbologia que permeia diversas culturas e religiões ao longo dos séculos.
Inicialmente, cálices eram usados como recipientes simples para beber, feitos de materiais como cerâmica, madeira ou pedra.
Com o tempo, sua forma e propósito evoluíram, tornando-se peças elaboradas e altamente significativas em diferentes contextos culturais e religiosos.
No cristianismo, o cálice adquiriu um significado ainda mais profundo, sendo associado à Paixão de Cristo e à Eucaristia.
O cálice utilizado por Jesus na Última Ceia tornou-se um dos símbolos mais importantes da fé cristã, representando o sangue de Cristo derramado pela redenção da humanidade.
Fora do âmbito religioso, os cálices também aparecem como ícones de poder e status em diversas culturas.
Na Europa medieval, por exemplo, nobres e monarcas utilizavam cálices luxuosos em banquetes e celebrações, demonstrando riqueza e prestÃgio.
Alguns desses cálices tornaram-se verdadeiras obras de arte, frequentemente deixadas como herança ou expostas em museus.
Além disso, o cálice possui uma aura mítica em lendas e histórias populares, sendo um dos exemplos mais famosos o Santo Graal, frequentemente associado à busca espiritual e ao misticismo.
O Graal é descrito como o cálice usado por Cristo na Última Ceia, envolto em mistério e reverência ao longo dos séculos.
No hinduísmo, o cálice é utilizado em rituais de oferenda aos deuses e em cerimônias de casamento. No islamismo, é utilizado para beber água durante a oração e em outras cerimônias religiosas.