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Lenda ou instinto? Animais que 'preveem' o tempo


Celebrado todo dia 2 de fevereiro na cidade de Punxsutawney, nos EUA, o “Dia da Marmota” é caracterizado por um folclore local. A ideia é de que a marmota pode prever o tempo.

Por Flipar
flickr Anthony Quintano

Neste ano de 2024, o animal, apelidado de “Phil de Punxsutawney”, não viu sua própria sombra, indicando que a primavera chegaria sem problema. De acordo com a lenda, se a marmota visse a sua sombra, o inverno (que terminou em 19 de março nos Estados Unidos) continuaria no país.

flickr Anthony Quintano

No clássico filme “Feitiço do Tempo” (1993), protagonizado por Bill Murray, o “Dia da Marmota” é transformado em um loop temporal que faz o mesmo dia se repetir várias vezes.

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Esses casos de animais que preveem o tempo são baseados na Fenologia, que é o estudo dos eventos periódicos da vida dos organismos e como esses estes são influenciados pelas mudanças ambientais.

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Um exemplo é como os peixes ou pássaros que migram reagem à temperatura da água e do ar.

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“Muitos desses ditados realmente funcionam porque, de certa forma, capturam as relações entre as condições ambientais e a resposta das plantas”, disse Theresa Crimmins, diretora da Rede Nacional de Fenologia dos EUA.

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No passado, os nativos americanos observavam sinais na natureza, como o tamanho das folhas de carvalho, para determinar o momento certo de plantar milho.

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Um exemplo disso é o 'shadblow serviceberry', uma árvore pequena que cresce em partes do leste da América do Norte. Acredita-se que seu nome vem do fato de que ela floresce na mesma época em que os peixes-sombra começam a migrar nos rios.

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Os Lenape e outras tribos nativas americanas perceberam essa conexão há muito tempo e costumavam se preparar para pescar quando viam a árvore florescer.

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O “The Old Farmer's Almanac” reuniu muitas lendas urbanas sobre como os animais podem prever o clima.

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Alguns desses ditados podem não ser muito precisos. Por exemplo, segundo o artigo, cães que comem grama provavelmente não são um indicador confiável de chuva.

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No entanto, já existem estudos que sugerem que alguns animais podem ter um instinto natural que os ajuda a detectar desastres iminentes.

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Por exemplo, uma pesquisa publicada em dezembro de 2014 na revista “Current Biology” descobriu que as toutinegras de asas douradas deixaram uma área do Tennessee mais de 24 horas antes de uma série de tornados devastadores atingir a região.

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Os pesquisadores sugeriram que as aves migratórias podem ter ouvido o infrassom, que são sons em frequências muito baixas para serem ouvidos pelos humanos, e interpretaram isso como um sinal de alerta.

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Na Alemanha, cientistas estudaram se animais poderiam detectar terremotos iminentes. Eles descobriram que várias espécies, como vacas, ovelhas e cães mostraram uma certa agitação até 20 horas antes de um terremoto.

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Há também estudiosos que dizem que os grilos podem ser usados como termômetros naturais. Eles são insetos que têm a temperatura do corpo influenciada pelo ambiente, além de fazerem mais barulho em dias mais quentes.

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Segundo observa a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês), 'se você contar o número de sons de grilo em 15 segundos, adicionar 40, isso dará a temperatura em Fahrenheit'.

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Alguns cientistas também já relataram várias espécies de sapos que às vezes emitem uma vocalização distinta, uma espécie de “chamado de chuva”, momentos antes de chegar o tempo chuvoso.

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Por outro lado, há os mitos que já foram desmentidos, como a crença popular de que a lagarta conhecida como 'urso lanoso' pode prever o quão rigoroso será o inverno com base em suas faixas coloridas.

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Reza a lenda que quanto mais preto tiver na lagarta, mais rigoroso será o inverno. Na verdade, a cor da lagarta é determinada pelo tempo que ela passa se alimentando, sua idade e espécie.

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Ainda segundo Theresa Crimmins, a crise climática e a influência humana estão causando uma variedade de problemas ecológicos e isso tem alterado o comportamento animal.

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Os ursos, por exemplo, estão hibernando mais tarde e acordando mais cedo por causa do clima do planeta cada vez mais quente.

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