Em comunicado, a INAH informou que a estrutura com dez túmulos arqueológicos deve datar dos períodos Epiclássico (650-950 d.C.) e Pós-Clássico tardio (1350-1519 d.C.). Para conservar a construção, as autoridades ergueram um muro enquanto serão feitos estudos detalhados do espaço, no que deve auxiliar o conhecimento sobre a ocupação humana da civilização asteca, uma das mais misteriosas da América Latina.
Em outubro de 2023, arqueólogos do INAH já haviam feito outra descoberta importante relativa a essa civilização pré-colombiana. Uma serpente de pedra estava enterrada no solo da antiga capital do Império asteca, Tenochtitlán.
Essa serpente de pedra de 500 anos atrás surgiu no solo da faculdade depois de um terremoto em 2022. O tremor de magnitude 7,7 atingiu os estados mexicanos de Michoacán e Colima em 19 de setembro. O abalo gerou estrondos que foram sentidos a 400 km do epicentro na capital do México e provocaram danos a vários prédios.
Tenochtitlán, a capital do Império Asteca, estava localizada em uma ilhota elevada às margens do lago Texcoco. Atualmente, faz parte do centro histórico da Cidade do México, capital do país.
A serpente foi encontrada durante escavações na antiga Escola de Jurisprudência da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), um tesouro de artefatos históricos em si. Salvador Pulido Méndez e Patricia Ledesma Bouchan, da Direção de Salvamento Arqueológico (DSA) e do Museu do Templo Maior (MTM) do INAH, disseram que a serpente foi encontrada na asa leste do edifício.
Desse modo, a serpente asteca esculpida foi encontrada a uma profundidade de 4,5 metros. Ela mede 1,8 metro de comprimento por um metro de altura e 85 de largura, com um peso estimado em 1,2 toneladas.
Estima-se que a serpente seja do final do Império Asteca. Em virtude das condições do solo, os traços de estuque e policromia de pigmentos ocre, vermelho, azul, preto e branco sobreviveram. Esses traços estão em mais de 80% da escultura.
Segundo os pesquisadores, foi encontrada fora do seu contexto original, com elementos arquitetônicos desconexos. Misturas de lama e água cobriram a escultura por mais de meio milênio e contribuíram para a preservação.
No momento da descoberta, uma equipe de especialistas foi montada para cuidar da escultura, levantada do subsolo com o auxílio de um guindaste.
Para estabilizar os pigmentos, os pesquisadores utilizarão métodos mais sofisticados de preservação em 2024. Quem liderou o trabalho de conservação das cores foi Maria Barajas Rocha, restauradora, que ressaltou que o processo de policromia é importante para a preservação da escultura.
'Esses pigmentos, que representam um exemplo típico da paleta de cores que os mexicanos usavam para decorar suas imagens de culto e seus templos, são extremamente frágeis devido aos materiais minerais e vegetais dos quais foram obtidos', disse Rocha.
Em um espaço selado, forrado com filmes plásticos e equipado com umidificadores e dataloggers (registradores de dados) para ler e controlar, a todo momento, a umidade relativa dessa representação ancestral da serpente', acrescentou.
'Nosso objetivo é fazer com que a cabeça de serpente perca a umidade que acumulou durante séculos de maneira lenta e cuidadosa, para que ela saia dos poros internos da rocha até sua superfície, pois se o processo for acelerado, pode haver perda de cor e até mesmo fissuras ou cristalizações de sais na pedra', ressaltou.
Os trabalhos de conservação da cor da cabeça de cobra começaram em 19 de setembro de 2023. É uma atividade minuciosa e delicada.
De um lado, os pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciências para a pesquisa e Conservação do Patrimônio Cultural da UNAM analisam materiais da escultura.
Do outro, a a arqueóloga Moramay Estrada Vázquez, que coordenou o projeto de resgate na antiga Escola de Jurisprudência, dá sequência aos estudos sobre a temporalidade, a iconografia e o simbolismo do objeto.
Erika Robles Cortés, uma arqueóloga do INAH, destacou a importância da descoberta. Além disso, disse que o contexto e o trabalho de conservação habilidoso permitiram a preservação de cores que oferecem uma nova perspectiva sobre a arte pré-hispânica.
Frances Berdan, professora emérita de antropologia na Universidade Estadual da Califórnia, San Bernardino, que não fez parte da escavação, elogiou tanto o tamanho da escultura quanto a preservação de suas cores.
Bertrand Lobjois, professor associado de humanidades na Universidade de Monterrey, no México, também destacou o tamanho notável da escultura e elogiou os esforços de conservação que permitiram que as cores vívidas perdurassem.
Os astecas formaram uma cultura mesoamericana que floresceu no centro do México no período pós-clássico, de 1300 a 1521. Eles incluíam diferentes grupos étnicos do México central, que falavam a língua náuatle e dominaram grandes partes da Mesoamérica entre os séculos XIV ao XVI.
Entre esses povos, existia a Quetzalcoatl, que era uma divindade na cultura e literatura mesoamericanas e significa 'serpente emplumada' ou 'serpente de penas quetzal'. A adoração de uma Serpente Emplumada foi documentada pela primeira vez no Teotihuacan no primeiro século a.C .
O Deus serpente emplumada e da criação, da aprendizagem e do vento. Na mitologia, quando os guerreiros morrem, suas almas se transformam em raras aves emplumadas e voam para o sol.
Quetzalcoatl foi uma divindade importante tanto na arte quanto religião da maior parte da Mesoamérica por quase 2.000 anos, desde a era pré-clássica até a conquista espanhola.