O prêmio, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), foi decidido depois de uma votação realizada em Assunção, no Paraguai.
Entre outros fatores, a Unesco destacou o processo de produção do queijo, que mantém uma tradição de 300 anos e reflete a memória e o estilo de vida das comunidades de Minas Gerais.
A candidatura foi feita em 2023, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A escolha marca a entrada do primeiro item gastronômico brasileiro nesta lista específica, que já inclui o café turco, a cerveja belga, a pizza napolitana e a baguete francesa.
O Instituto destaca que o Queijo Minas Artesanal é um símbolo importante da cultura brasileira e um elemento representativo da identidade local.
Atualmente, de acordo com o Iphan, a produção do queijo está presente em 106 municípios do estado.
O processo de fabricação do Queijo Minas Artesanal é totalmente manual, sem uso de máquinas, preservando o sabor autêntico desenvolvido por pequenos produtores.
O produtor Delmar Luís de Macedo, por exemplo, produz cerca de 20 queijos por dia, sozinho, em um processo que leva quase um mês.
Em entrevista ao g1, ele contou que o leite deve ser produzido na propriedade, sem aquecimento ou alterações, e o 'pingo' (espécie de soro) usado é um fermento natural exclusivo de cada fazenda.
O segredo do Queijo Minas Artesanal está na qualidade do leite, que é testada após a ordenha.
Após o leite ser misturado com o pingo e o coalho, a mistura descansa por 40 minutos antes de ser levada à fábrica, onde o queijo ganha forma, recebe o sal e passa por uma maturação de 22 dias.
De acordo com o secretário de Estado da Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), Leônidas Oliveira, o título ajuda a reforçar ainda mais o turismo queijeiro da região.
Há rotas do queijo espalhadas por 10 regiões do estado e isso, segundo o secretário, contribui para que mais pessoas se interessem pela experiência de conhecer a produção.
'A declaração promove o turismo de experiência, integrando visitas às queijarias, degustações, festivais gastronômicos e o contato direto com a natureza e o patrimônio cultural mineiro', declarou Leônidas.
Além do Queijo Minas Artesanal, o Brasil tem seis outras manifestações culturais reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, são elas:
O Samba de Roda do Recôncavo Baiano; a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica dos Wajãpi; o Frevo como expressão do Carnaval de Recife;
O Círio de Nossa Senhora de Nazaré; a Roda de Capoeira; e o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi, do Maranhão.
A decisão foi tão celebrada em MG que serão realizadas no Palácio da Liberdade (foto), em Belo Horizonte, apresentações do violinista Marcus Viana e do Coro Sinfônico do Palácio das Artes.
Além disso, haverá um show de drones exibindo imagens relacionadas à cultura mineira. Uma grande mesa de queijos artesanais também será montada na Praça da Liberdade (foto).
A programação, organizada pela Secult, Iepha e Codemge, incluirá ainda espetáculos de drones em 10 cidades das regiões produtoras do queijo, entre os dias 6 e 14/12, para valorizar os territórios e suas tradições.