Com a condição, ela está proibida de retornar ao país europeu por cinco anos.
Segundo o jornal The Guardian, mais de 600 brasileiros, incluindo 109 crianças, foram deportados em voos secretos entre agosto e setembro de 2024, sendo a maioria por meio deste programa.
O Guardian destacou ainda que as crianças deportadas faziam parte de famílias e muitas estavam matriculadas em escolas, tendo vivido boa parte ou toda a vida no Reino Unido.
Ana Claudia Morais, de São Simão (GO) trabalhava como faxineira em Londres desde 2021 e foi tentar a vida fora para conseguir dinheiro e construir uma casa no Brasil.
Segundo informações do portal g1, ela decidiu voltar ao descobrir que estava grávida.
Ela soube por meio de um centro de apoio a brasileiros em Londres sobre a possibilidade de aderir ao programa de retorno voluntário, que oferecia passagem aérea e assistência financeira.
'Eu entrei em contato com a embaixada britânica, pedia a ajuda e eles me responderam com a passagem de volta e o suporte financeiro', explicou a brasileira.
O pedido foi realizado em 30 de julho, e a viagem de retorno foi agendada para 11 de setembro, ou seja, 43 dias depois.
'Eu decidi fazer isso porque eu tinha ido ganhar um dinheiro para construir a minha casa que eu não tinha condições aqui no Brasil', contou Ana Claudia.
'Foram três anos mandando o dinheiro para a obra e eu tinha como meta que, assim que acabasse, eu voltaria. Eu tenho dois filhos que ficaram no Brasil', disse.
Segundo a brasileira, o governo britânico não afirmou que se tratava de uma 'deportação', mas também não explicaram qual era a diferença entre aceitar o retorno voluntário e ser deportado após ser flagrado ilegalmente no país.
Ao contrário do que Ana Claudia imaginava, os brasileiros que aderiram ao retorno voluntário não foram reunidos em voos exclusivos; eles foram enviados individualmente em voos comerciais.
A brasileira viajou em um voo comum e teve como companhia apenas outro brasileiro participante do mesmo programa.
'Eles separavam as pessoas, colocavam no máximo quatro pessoas por voo, em voos comerciais. Não eram voos fretados', explicou ela.
Ao chegar ao Brasil, Ana foi orientada a sacar o dinheiro fornecido pelo programa o mais rápido possível.
'Eles deram esse dinheiro como que para nos ajudar a nos reestabelecer no país de origem, mas reforçavam que era para tirar tudo no cartão que deram assim que chegasse ao Brasil', contou.
O governo britânico afirmou que está implementando um plano para aumentar a deportação de imigrantes ilegais, com o objetivo de reduzir a dependência de hotéis e economizar cerca de 4 bilhões de libras nos próximos dois anos.
Em abril de 2024, o Parlamento do Reino Unido chegou a aprovar uma lei permitindo que imigrantes que solicitam asilo sejam forçados a embarcar em voos para Ruanda, mesmo que nunca tenham estado lá.
Porém, em junho, o primeiro voo para deportar requerentes de asilo para Ruanda foi suspenso após uma decisão do tribunal europeu de direitos humanos.
A medida controversa havia sido uma das primeiras promessas de governo do primeiro ministro-britânico Rishi Sunak, cujos pais são imigrantes indianos.