A Princesa Isabel do Brasil (1846-1921) foi a filha do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina. Ela é mais conhecida por seu papel decisivo na abolição da escravatura no Brasil, sendo a responsável pela assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão no país.
Foram mais de 300 anos de tráfico de africanos, que trouxe cerca de 4,9 milhões de pessoas escravizadas ao país, com mais de 600 mil mortes no percurso.
A abolição não foi um ato de bondade da monarquia, mas sim um resultado de intensas pressões do movimento abolicionista e diversas formas de resistência, como debates parlamentares, manifestações artísticas, revoltas e fugas.
Estados como Ceará e Amazonas aboliram a escravidão antes do restante do país, impulsionando o movimento.
Apesar do fim formal da escravidão, os ex-escravizados não receberam indenizações ou políticas de apoio, perpetuando desigualdades estruturais. Conheça agora seis figuras históricas que lutaram pelo fim da escravidão no Brasil!
Luiz Gama: Nascido em 1830 em Salvador, Luiz Gama foi filho de uma africana livre e de um pai branco português. Aos 10 anos, ele foi vendido como escravo por um amigo do seu pai.
Aos 17 anos, aprendeu a ler e escrever e reivindicou sua liberdade com base em sua condição de nascimento. Em São Paulo, tornou-se rábula (advogado autodidata) e destacou-se no movimento abolicionista.
Luiz Gama usou sua atuação jurídica para pedir habeas corpus e garantir a liberdade de escravizados presos. Ele faleceu em 1882, antes da abolição.
Maria Tomásia Figueira Lima: Natural de Sobral (CE), foi uma figura central no movimento abolicionista do Ceará, inclusive se casando com um: Francisco de Paula de Oliveira Lima. Maria se destacoucomo cofundadora e primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras, formada em 1882 por 22 mulheres de famílias influentes que atuaram pela abolição da escravidão.
O grupo promoveu libertações, assinando 12 cartas de alforria em sua primeira reunião e obtendo outras 72 de senhores de engenho. Maria ainda participou do ato oficial de libertação dos escravizados no Ceará, em 25 de março de 1884, quatro anos antes da Lei Áurea.
André Rebouças: Engenheiro nascido em 1838, na Bahia, em uma família negra livre. Destacou-se por obras de infraestrutura como a ferrovia Curitiba-Paranaguá e a Avenida Rebouças, em São Paulo.
Foi sensibilizado para a causa abolicionista ao libertar um escravizado que trabalhava em uma de suas obras. Nos anos 1870, tornou-se um dos principais articuladores do movimento, conectando a elite abolicionista às instituições políticas.
Rebouças defendia não apenas o fim da escravidão, mas também a integração dos libertos por meio de acesso à terra e outros direitos. Apoiante da monarquia, contribuiu para consolidar a imagem da princesa Isabel como patrona da abolição.
Adelina, a charuteira: Filha bastarda, viveu em São Luís (MA), onde vendia charutos produzidos pelo pai, de quem era escrava. Atuando nas ruas, Adelina entrou em contato com o movimento abolicionista e decidiu contribuir com a causa.
Aprendeu a ler e a escrever e colaborou com o Clube dos Mortos, uma associação que ajudava escravizados a fugir, fornecendo informações sobre estratégias policiais e escravistas.
Apesar da promessa de ser alforriada aos 17 anos, esse compromisso não foi cumprido por seu senhor. Até hoje, seu sobrenome e datas de nascimento e de morte são desconhecidos.
Francisco José do Nascimento: Conhecido como Dragão do Mar, foi um jangadeiro e prático que se destacou no Movimento Abolicionista Cearense.
Em 1881, liderou uma greve de jangadeiros em Fortaleza, paralisando o transporte de escravizados para outros estados e interrompendo temporariamente o tráfico negreiro no Ceará.
Sua atuação levou à exoneração de seu cargo, mas consolidou sua imagem como símbolo da luta pela libertação dos escravizados. Após a abolição, ocupou cargos de prestígio, como Major Ajudante de Ordens da Guarda Nacional. Morreu em 1914, como primeiro-tenente honorário da Armada.
Maria Firmina dos Reis: Nascida em 1825, no Maranhão, ela se destacou como escritora e educadora. Em 1859, publicou 'Úrsula', considerado por alguns o primeiro romance abolicionista do Brasil
Além de publicar contos, poemas e artigos contra a escravidão em revistas, Maria Firmina fundou, aos 55 anos, uma escola gratuita e mista para crianças pobres, onde lecionava.
Ela faleceu aos 92 anos, na casa de uma amiga que havia sido escravizada. De uns anos para cá, sua obra começou a ganhar maior reconhecimento nas universidades brasileiras.