São frequentes as notícias de achados arqueológicos com mensagens dentro de garrafas. O que reforça a percepção de que apenas uma pequena fração das correspondências eram encontradas pelos destinatários.

Era uma forma de enviar mensagens à distância em época em que não havia meios de comunicação para isso. As primeiras foram enviadas por cientistas oceânicos a fim de compartilhar suas descobertas.

Durante a Primeira Guerra Mundial, há registros de que militares tenham se despedido de parentes por meio de cartas em garrafas antes de irem para a frente de batalha.

Em 1999, foi encontrada na costa da Inglaterra uma carta engarrafada por um soldado para sua esposa datada de 1914, ano do início do conflito mundial. A mensagem de amor foi entregue na ocasião à filha do casal, então com 86 anos.

O músico americano Clint Buffington mantém um site temático sobre mensagens em garrafas. A página, denominada Message in a Bottle Hunter (Caçador de Mensagens em Garrafas, em livre tradução), reúne dados, curiosidades, histórias e relatos desses achados.

Em julho de 2024, uma dessas descobertas foi apontada como a mensagem em garrafa mais antiga de que se tem conhecimento. Em Nova Jersey, Amy Smyth Murphy, de 49 anos, encontrou uma garrafa verde tampada com uma rolha enquanto fazia um passeio pelo Inlet State Park.

À publicação Nj.com, a mulher contou que a garrafa trazia a inscrição Bar e Brother Philadelphia, nome da empresa de dois irmãos do fim do século 19. Dentro do item havia também um cartão de visitas de artigos de mobiliário do mesmo grupo e referências a um iate de nome Neptune, que teria sido construído em 1874.

A inscrição termina com agosto 6-76, que seria a data em que a mensagem foi escrita (6 de agosto de 1876). O Guinness Book - Livro dos Recordes - foi comunicado para o registro do recorde, caso haja comprovação da data.

O recorde atual pertence a escritos colocados dentro de uma garrafa em 12 de junho de 1886. Ela foi lançada ao mar por capitães de um navio alemão chamado Barque Paula e identificada em Wedge Island, na Austrália, no ano de 2018.

Outro episódio recente envolveu a descoberta por um grupo de estudantes de arqueologia no norte da França. Quando exploravam um sítio de uma vlla gaulesa, eles depararam com um pote de barro. Nele, havia um frasco de vidro que guardava uma mensagem de papel enrolada e amarrada com um barbante.

À emissora britânica BBC, o chefe do serviço arqueológico declarou que o texto era de autoria de PJ Féret, um intelectual que fez escavações no local em janeiro de 1825. Ele, que liderou a primeira exploração no local, comunicava que seguia fazendo investigações na área.

Outro achado do tipo se deu em um sítio arqueológico viking que foi revisitado por pesquisadores do Museu de Bergen, na Noruega, 150 anos após a primeira incursão no local. A aventura acabou revelando uma espécie de cápsula do tempo que um explorador deixou enterrada dentro de uma garrafa de vidro na região, chamado Myklebustgarden.

Na garrafa havia uma carta, um cartão de visita e cinco moedas. A carta foi escrita por Aders Lorange, profissional contratado pelo Museu de Bergen em 1874. Foi ele quem descobriu no local o Myklebust, navio viking de quase 30 metros de comprimento, o maior já desenterrado.

O texto traz detalhes do processo de escavação do sítio viking, com data, conteúdo e objetivo. “O monte é construído sobre homens caídos. Eles foram enterrados em seu navio com suas armas”, diz trecho do comunicado. A garrafa abrigava ainda cinco moedas, que estavam embrulhadas em um papel, e um cartão de visitas de Lorange com uma declaração de amor para a namorada e futura esposa Emma Gade escrita no alfabeto rúnico.

Recentemente, uma garrafa atirada ao mar no Brasil foi encontrada em uma praia australiana. O autor da mensagem identificava-se como Joe Johnson e dizia que o item foi atirado no Oceano Atlântico em novembro de 2008. Ele pedia que o responsável por achar o bilhete fizesse a devolução relatando onde o encontrou. Para isso, oferecia 20 dólares (R$ 118 na cotação atual).

“Sua curiosidade valeu a pena. Obrigado por recuperar esta garrafa e reservar um tempo para ver o que havia dentro. Coloquei garrafas como essa em vários oceanos, em muitos lugares diferentes ao redor do mundo, na esperança de que pessoas como você possam encontrá-la e me devolver o bilhete nos Estados Unidos”, dizia a mensagem.

À emissora americana ABC, o autor da carta declarou que provavelmente arremessou ao mar a garrafa em um de seus cruzeiros pelo mundo. Ela teria sido lançada entre os litorais do Rio de Janeiro e de Salvador.

Outro relato recente de garrafa com mensagem lançada ao mar foi revelado pelo programa “Good Morning America”, também da ABC, A carta foi encontrada por um aluno de uma escola que a autora do texto frequentou no passado.

Mackenzie Van Eyk contou ter escrito a carta e atirado dentro de uma garrafa em um lago há 26 anos, quando estava na 4ª série de uma escola em Ontário, no Canadá, e o professor pediu aos alunos que escrevessem cartas a respeito dos Grandes Lagos.

A mulher, hoje com 35 anos, recebeu um telefonema da escola para contar do achado, que foi objeto de uma aula na classe de sua filha. ‘Aprendi na escola que a água tem que passar por ciclos para tirar todas as coisas ruins, como germes e muitas outras coisas”, dizia o texto.