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Neguinho da Beija-Flor anuncia aposentadoria do Carnaval após desfile de 2025


Um dos maiores intérpretes da história da folia carioca, Neguinho da Beija-Flor, que está à frente do carro de som da azul e branco da Baixada Fluminense há quase 50 anos, anunciou que 2025 será o último carnaval de sua carreira.

Por Flipar
- Flickr DHAVID NORMANDO

'Depois do carnaval de 2025, que é uma homenagem ao mestre Laíla, eu encerro a minha carreira na avenida da Marquês de Sapucaí. A gente morre duas vezes, quando morre de verdade e quando para', afirmou.

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O lendário intérprete comanda a escola desde 1976 e foi a voz de todos os 14 campeonatos conquistados pela azul e branca da Baixada, até aqui. Em 2025, Neguinho terá a última chance para tentar buscar a décima quinta estrela.

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'O tempo é inimigo da perfeição. O tempo é maravilhoso. Eu já cheguei a 75 anos, são 50 anos de convivência na escola que é minha família, esse momento é difícil', afirmou Neguinho ao RJTV.

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Pela Beija-Flor de Nilópolis, Neguinho venceu cinco vezes (1985, 2002, 2003, 2009 e 2013) o Estandarte de Ouro de Melhor Intérprete e venceu quatorze títulos (1976, 1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011, 2015 e 2018). Além disso, é compositor de cinco sambas da escola (1976, 1978, 1981, 1983 e 1984).

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“Vamos atravessar a Passarela do Samba pela derradeira vez, eu com a minha voz e o orgulho de sempre, sustentando a força e a magia da nossa comunidade que brilha no altar dos bambas. Será mais um momento de nosso amor eterno”, acrescentou Neguinho.

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Luiz Antônio Feliciano Marcondes nasceu em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, dia 29 de junho de 1949. Filho de músico, ganhou um concurso de cantores mirins, aos dez anos de idade, interpretando um samba de Jamelão.

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Neguinho tem um irmão que seguiu o mesmo caminho: a paixão pelo samba, música e carnaval. Ninguém menos que Édson Feliciano Marcondes, o Nego, outro grande intérprete das escolas de samba. Já sua irmã, Tina Flor, morreu em 2015.

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Com uma voz potente e afinada, estreou como puxador de samba no bloco Leão de Iguaçu, em 1970. Sem espaço entre os compositores de Salgueiro, Império Serrano, Portela e Mangueira, chamou a atenção de Cabana (Silvestre David da Silva), compositor dos primórdios da Beija-Flor.

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Na época, em 1975, era conhecido por Neguinho da Vala, apelido nascido na infância terrivelmente pobre, em Nova Iguaçu. Em Nilópolis, criou o bordão 'Olha a Beija-Flor aí, gente!', que se tornou um dos gritos de guerra mais conhecidos do carnaval.

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Neguinho, então, incorporou o nome artístico à sua certidão de nascimento. Anísio (Abraão David, patrono da Beija-Flor) pediu ao Cabana que o chamasse para substituir o Bira Quininho, puxador da época, que tinha falecido.

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Pé quente, o intérprete fez sua estreia da melhor forma possível. Em 1976, disputou as eliminatórias de samba e venceu. Assim, estreou no estúdio cantando o samba de sua autoria, e a Beija-Flor ainda foi campeã pela primeira vez com 'Sonhar com Rei Dá Leão'.

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Lançou seu primeiro disco em 1980. Mas emplacou outros, como os sambas-enredo 'Os Cinco Bailes da História do Rio' (Silas de Oliveira / Dona Ivone Lara / Bacalhau), 'Aquarela Brasileira' (Silas de Oliveira), 'Sonhar com Rei Dá Leão' (de sua autoria) ou sambas-canção, como 'Nervos de Aço' (Lupicínio Rodrigues).

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O intérprete não só venceu seu primeiro desfile, como emplacou logo um tricampeonato. Em 1977, o bi foi com o enredo 'Vovó e o rei da saturnália na corte egipciana' e, em seguida, levantou o tri ao cantar 'A criação do mundo na tradição nagô'. Era uma fase vitoriosa ao lado de Laíla e Joãosinho Trinta.

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Nos anos 80, Neguinho conquistou dois títulos, em 1980 e 1883. No entanto, os desfiles mais marcantes da Beija-Flor foram os vices de 1986 e 1889. No primeiro, desfilou sob forte chuva ao falar sobre o mundo do futebol, enquanto no segundo trouxe um dos maiores desfiles de todos os tempos: 'Ratos e Urubus, larguem minha fantasia'

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Outras interpretações, fora do carnaval, bem conhecidas são 'Ângela' (Serginho Meriti / Alexandre), 'Divina' (Alexandre), 'Magali' e 'Esmeralda' Mas sua maior composição é 'O Campeão (Meu Time)', cantada em estádios de futebol ('Domingo eu vou ao Maracanã / Vou torcer pro time que sou fã').

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“Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista”, destacou

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Quem compôs o tema “Globeleza” foram os autores Jorge Aragão e José Franco Lattari, assim como Quinho do Salgueiro foi o primeiro a cantá-lo. Contudo, foi na voz de Neguinho que a música explodiu e embalou os Carnavais da TV Globo.

Divulgação

Nos anos 90, Neguinho só conquistou o título em 98, junto da Mangueira, com o enredo 'O mundo místico dos Caruanas nas águas do Patu-Anu!'. Depois, foi tetra vice. Um deles com um desfile marcante, em 2001, 'A saga de Agotime, Maria mineira Naê!

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Depois dos vices, Neguinho foi, mais uma vez, tricampeão seguido com a Beija-Flor, nos anos de 2003, 2004 e 2005. No primeiro desfile, a escola pediu o combate à fome e a busca pela paz (2003). Em seguida, falou sobre Manaus (2004) e as sete missões jesuíticas no Rio Grande do Sul (2005).

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Em 2005, lançou seu primeiro DVD, na Cidade do Samba, contando com a presença de Sandra de Sá e dos intérpretes das escolas de samba. Fez uma turnê internacional com seu empresário, com shows em países como Bélgica, Itália, Suíça, Holanda, Espanha, França, entre outros.

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Neguinho venceu a luta contra um câncer do intestino em 2008. No ano seguinte, em 23 de fevereiro, casou-se com Elaine Reis, na Marquês de Sapucaí, poucos minutos antes de cantar no carnaval. Ele tem cinco filhos, cinco netos (um falecido) e um bisneto.

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“Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do Carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta dos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória”, recordou.

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Nos últimos quatro títulos, está o bi (2007 e 2008), com Áfricas e um enredo sobre o Macapá. Na década seguinte, venceu em 2015, ao falar sobre Guiné Equatorial e cantou, em 2018, sobre as mazelas do Brasil, traçando um paralelo com a obra Frankenstein.

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Por fim, em 2025, a Beija-Flor de Nilópolis, que não vence o carnaval desde 2018, trará para a avenida um enredo sobre Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o eterno Laíla. Será a despedida de Neguinho da Beija-Flor, que foi homenageado pela Unidos de Vila Isabel, no carnaval de Viamão, no Rio Grande do Sul, em 2024.

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