Com 34 por 32 metros, esse coral é mais extenso do que uma baleia azul, o maior animal que vive atualmente em nosso planeta. Vista do alto, a colônia parecia uma rocha gigante ou um naufrágio. Mas o fotógrafo subaquático Manu San Félix mergulhou e descobriu que tratava-se de um megacoral.
A maior parte do coral é marrom com manchas amarelas, vermelhas, azuis e rosa. A colônia é formada por milhares de pequenos organismos individuais - os pólipos de coral, relacionados a águas-vivas e anêmonas-do-mar.
A junção de muitas colônias resulta na formação de recife de coral. As Ilhas Salomão ficam justamente numa região chamada Triângulo de Coral devido à sua incrível diversidade de corais.
O Brasil também se destaca nessa área. Uma pesquisa recente, publicada por cientistas do Brasil, Itália, Alemanha e dos Estados Unidos na Revista Nature, revelou que a costa brasileira abriga um dos maiores sistemas de corais do mundo!
Anteriormente, pensava-se que as áreas de corais no Nordeste, Sudeste e Amazônia eram separadas. No entanto, os pesquisadores descobriram que a extensão da Guiana Francesa ao sudeste brasileiro, com 4 mil km, constitui um único sistema.
Com isso, a pesquisa confirmou a existência de um vasto sistema de corais ao longo da costa semiárida do Nordeste, incluindo Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, com cerca de 1.000 km.
Um dos 23 autores da pesquisa, o professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Soares, disse: 'O sistema da costa da Amazônia, que começa na Guiana Francesa e passa pelo Pará, Amapá e Maranhão está conectado ao da costa semiárida'.
E ele concluiu: 'Esses dois sistemas estão conectados ao da costa leste do Brasil, que é Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, chegando até o Sudeste'.
O professor brasileiro também destacou a diferença para a Grande Barreira de Corais na Austrália. Enquanto na Austrália o sistema de corais é mais raso e as águas são cristalinas, aqui a maior parte está nas profundezas e só pode ser observada por mergulho, uso de satélites, vídeos e fotos.
A descoberta oferece ao Brasil uma chance única para explorar de forma sustentável essas riquezas. De acordo com o pesquisador, estudos indicam que cada hectare de recife gera US$ 355 mil por ano para a sociedade.
Ele destaca que os recifes são um dos ecossistemas mais valiosos do planeta e que, entre as oportunidades, estão a utilização das áreas para recreação e turismo, especialmente para mergulho e o potencial tecnológico.
'Como é uma área muito biodiversa, você pode ter muitos produtos biotecnológicos, inclusive, para a questão farmacêutica e humana. Várias substâncias antibióticas, anticâncer já foram encontradas em recifes. Então, o potencial para patentes e tecnologia é altíssimo', pontuou o professor.
Os corais desempenham um papel crucial na pesca, pois servem como berçários para muitas espécies marinhas, contribuindo para a reprodução de peixes consumidos pela população.
O trabalho dos pesquisadores pode orientar diversas ações de conservação, como a criação de unidades de conservação marinha nessas áreas, o controle de espécies invasoras e a compatibilização de atividades econômicas, como portos, energias, cabos submarinos e agricultura.
'O Brasil tem um grande potencial de ser um líder nessa área ambiental, de receber recursos, fazer inclusão social, combater a pobreza e preservar os ecossistemas', finalizou o professor. Confira agora quais são as 5 maiores barreiras de corais do mundo!
5º) Barreira de Coral Florida Keys, EUA: Localizada ao largo da costa sul da Flórida, é o terceiro maior sistema de recife de barreira de coral do mundo, com aproximadamente 360 quilômetros de extensão.
Este recife vibrante é um lar para uma rica biodiversidade, com mais de 1.400 espécies de plantas marinhas e animais, incluindo peixes tropicais, tartarugas marinhas, golfinhos e corais coloridos.
4º) Sistema Mesoamericano de Barreira de Corais (MBRS): Com quase 1.000 km de extensão, abrange as costas do México, Belize, Guatemala e Honduras, e é um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta.
O MBRS abriga mais de 60 espécies de corais, 500 espécies de peixes, 3.000 espécies de moluscos e milhares de outras espécies marinhas. Além disso, o recife protege as costas contra a erosão causada por ondas e tempestades.
3º) Barreira de Recife da Nova Caledônia: Localizada no Oceano Pacífico Sul, essa barreira tem mais de 1.500 km de extensão. Além de circundar a Grande Terre, a maior ilha da Nova Caledônia, ela engloba também a Ilha dos Pinos e várias outras ilhas menores.
A barreira protege uma lagoa de 24.000 km², rica em manguezais, ervas marinhas e outros habitats importantes, além de apresentar formações geológicas únicas, como recifes fósseis e pináculos de coral.
2º) Coral do Mar Vermelho: Considerado um dos mais ricos e diversos do mundo, essa barreira de coral se estende por mais de 2.000 km ao longo das costas do Egito, Sudão, Eritreia, Arábia Saudita, Iêmen, Jordânia e Israel.
A região abriga uma variedade incomparável de vida marinha, tornando-a um paraíso para mergulhadores e amantes da natureza. São mais de 1.200 espécies de peixes, incluindo os coloridos peixes-palhaço e peixe-anjo, além de tartarugas marinhas, golfinhos, dugongos e tubarões
1º) Grande Barreira de Coral da Austrália: Por fim, a maior barreira de corais do mundo, localizada no Mar de Coral, ao largo da costa de Queensland, é composta por mais de 2.900 recifes individuais e 900 ilhas que se estendem por mais de 2.300 km em uma área de aproximadamente 344.400 km².
A Grande Barreira de Coral pode ser vista do espaço e é a maior estrutura única feita por organismos vivos na Terra. Ela é composta por bilhões de minúsculos organismos chamados pólipos de coral.
Os pólipos de coral constroem esqueletos de calcário duro que se acumulam ao longo do tempo e formam o recife.
O recife ainda é um importante destino turístico e também fornece renda para as comunidades locais por meio da pesca e outras atividades.
A Grande Barreira de Coral enfrenta uma série de ameaças, incluindo mudanças climáticas, poluição e sobrepesca. As mudanças climáticas são a maior ameaça ao recife, pois o aumento da temperatura da água está fazendo com que os corais branqueiem e morram.
A poluição de fontes como escoamento agrícola e desenvolvimento costeiro também está prejudicando o recife. A sobrepesca está reduzindo as populações de peixes que são importantes para o ecossistema do recife.
O governo australiano está tomando medidas para proteger a Grande Barreira de Coral, incluindo a criação de parques marinhos e a redução da poluição. No entanto, mais precisa ser feito para proteger este patrimônio natural único.