No momento, os estados de Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal concentram a maior parte dos registros, enquanto outras regiões do país, como no Nordeste, não registraram nenhum caso.
Desse modo, a coqueluche trata-se de uma doença respiratória altamente contagiosa, que já foi considerada controlada no Brasil, mas voltou a preocupar a saúde pública.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, em dez meses de 2024, já houve aumento de mais de 1.000% em relação aos 12 meses de 2023. Foram mais de 2.400 casos confirmados até o momento. Dentre eles, 3.436% a mais que no ano passado em São Paulo.
Na distribuição geográfica dos casos de coqueluche no Brasil, o Paraná lidera com 823. Na sequência, vem São Paulo (665), Minas Gerais (286), Rio de Janeiro (216) e Distrito Federal (130).
Por outro lado, os estados do Maranhão, Piauí, Amapá, Sergipe e Paraíba não registraram nenhum caso da doença em 2024.
No Brasil, a doença atinge principalmente a população branca (48%), seguida pela população parda (33%). É importante destacar que 15% dos casos não possuem informação sobre a raça/cor.
Segundo dados, a letalidade da doença é a maior desde 2019, chegando a 0,45% das notificações. O que chama a atenção é que entre 2021 e 2023, o país não registrou nenhum óbito pela doença.
Sendo assim, o maior índice da doença nos últimos dez anos foi em 2014, quando a infecção matou 1,4% dos casos. Dez anos depois, a coqueluche volta a chamar a atenção da a saúde pública.
O coeficiente de incidência da coqueluche por 100 mil habitantes apresentou um aumento significativo em 2024, atingindo o maior valor desde 2015. Algo que evidencia a intensidade da circulação da doença na população.
A coqueluche também é conhecida como tosse comprida, sendo uma doença respiratória contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis, que foi descoberta em 1906. Ela invade o revestimento da garganta, da traqueia e das vias aéreas, aumentando a secreção de muco.
Apesar de ser mais comum em crianças, a doença pode afetar pessoas de todas as idades. Os pais devem ficar de olho, pois bebês menores de seis meses são mais suscetíveis à doença e apresentam maior risco de complicações graves.
O principal sintoma da coqueluche é a tosse seca, que pode durar semanas ou meses. Ela vem acompanhada por vômitos e dificuldade para respirar. As bactérias aderem fortemente ao epitélio ciliado dos brônquios sem invadir as células, permanecendo sempre no lúmen.
Outros sintomas que podem aparecer são a febre, coriza e nariz congestionado. Além das vias respiratórias, esta doença pode afetar a traqueia e os brônquios. No dia 27 de julho, foi confirmada a primeira morte de 2024 por coqueluche em 3 anos. Um bebê de seis meses, de Londrina, no Paraná.
Vale frisar que a coqueluche é transmitida pelo contato direto com as secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Acontece por meio de gotículas eliminadas durante a tosse, espirro ou fala.
No entanto, a transmissão pode ocorrer por objetos contaminados com secreções de pessoas doentes, embora essa forma de contágio seja pouco frequente.
Nesse sentido, o período de incubação da doença varia de cinco a vinte e um dias. Isso significa que um indivíduo pode estar infectado e transmitir a doença sem apresentar qualquer sintoma.
Esses sintomas apresentam três níveis diferentes. No mais leve, eles se assemelham aos de uma resfriado, com corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. O médico tem de saber diferenciar a coqueluche da bronquite, gripe e de outras infecções virais e, inclusive, da tuberculose
No nível intermediário, a tosse seca piora, ficando mais severa e descontrolada, podendo comprometer a respiração. Além disso, pode provocar vômito ou cansaço extremo. Já nível avançado traz sintomas ainda mais severos, como a pneumonia e riscos sérios, que podem causar a morte.
A vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche) é aplicada em crianças a partir dos dois meses, com reforços aos 4, 6 e 15 meses. Então, o tempo entre a infecção e o início dos sintomas é geralmente de sete a dez dias.
A vacina dTpa (difteria, tétano e coqueluche acellular), por sua vez, é recomendada para adolescentes e adultos a partir dos 10 anos, com reforços a cada 10 anos. A doença foi uma das principais causas de mortalidade antes da última década de 40 nos Estados Unidos, que antecedeu a vacina.
O diagnóstico da doença é feito através de avaliação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem. Além da vacinação, é importante cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, lavar as mãos com frequência e evitar contato próximo com pessoas doentes.
Assim, o tratamento da coqueluche também é feito com antibióticos, que podem ajudar a reduzir a duração da doença e o risco de complicações. Os antibióticos utilizados incluem eritromicina, azitromicina, claritromicina ou trimetoprim/sulfametoxazol.
Por fim, a vacina faz parte do calendário vacinal do SUS (Sistema Único de Saúde) e é oferecida gratuitamente nos postos de saúde. Recomenda-se a imunização inicial entre os seis e oito semanas de idade, e a administração de quatro doses nos primeiros dois anos de vida.