A capoeira tem origem na cultura trazida por povos negros escravizados. Trata-se de uma dança e luta ritmada, cujo os movimentos realizados durante uma roda são acompanhados pelo som do berimbau, cantos e palmas.
Um dos mais importantes capoeiristas do Brasil é o Mestre Bimba. Nascido em Salvador, na Bahia, ele foi o criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de Capoeira Regional, importante expressão do gênero no país. Ele morreu em 1974, aos 74 anos.
Nos anos 1930, Mestre Bimba notou que a capoeira, como luta, estava perdendo adeptos. Muitos a consideravam violenta. Então, ele misturou elementos da Capoeira Tradicional com o batuque, criando um novo estilo com movimentos mais rápidos, num ritmo musical contagiante.
Ele chegou a fazer uma apresentação de capoeira para o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas (foto), e o gaúcho gostou tanto que transformou a modalidade em esporte nacional.
Além de dança, a capoeira é defesa. O objetivo é demonstrar força, habilidade e autoconfiança, com perfeição no gingado (movimento ritmado do corpo, com equilíbrio e atenção nos movimentos de esquiva, ataque e contra-ataque do parceiro).
Há três tipos de capoeira. Na Angola, a mais antiga (da época da escravidão), os golpes são próximos ao chão, o ritmo é lento, há muita malícia e ninguém bate palmas.
Na Capoeira Regional, a malícia se associa à musicalidade mais intensa, com ritmos e movimentos rápidos. Usam-se poucas acrobacias. E os participantes batem palmas.
A Capoeira Contemporânea, por sua vez, mistura características tanto da Capoeira Regional quanto da Angola.
Outro grande da Capoeira no Brasil foi o Mestre Pastinha, nascido em Salvador (BA). Ele morreu em 1981, aos 92 anos.
O principal instrumento utilizado na capoeira é o berimbau. É ele que dita o ritmo e o estilo de jogo dando um som característico à capoeira. O berimbau é basicamente constituído de um pedaço de arame, um pedaço de pau e uma cabaça.
O berimbau foi introduzido à roda de capoeira no século XX. Antes, a prática era acompanhada apenas por palmas e toques de tambores.
Em 2014, a roda de capoeira foi reconhecida pela Unesco como um Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade.
Na capoeira os praticantes utilizam mais os movimentos com os pés e a cabeça e menos os movimentos com as mãos. A prática também é jogada por crianças, como uma arte a ser preservada por diferentes gerações.
Em 2017, o baiano Lucas Dias Ferreira, o Ratto, venceu a primeira edição do Red Bull Paranauê e foi eleito o capoeirista mais completo do mundo. O evento foi no Farol da Barra, em Salvador, e reuniu participantes do Brasil e do exterior.
Como prêmio, Ratto ganhou uma viagem aos Estados Unidos e três dias na academia do Mestre João Grande, um ícone da capoeira mundial.
Outro capoeirista lendário no Brasil foi Mestre Caiçara. Nascido em Cachoeira de São Félix (BA), em 1924, ele aprendeu capoeira aos 14 anos com Mestre Aberrê. Caiçara morreu em 1997, aos 73 anos.
Na capoeira moderna, além de Ratto, também se destacam Bibinha e Gugu. Em 2018, foram eles os premiados com o título de 'mais completos do mundo' na capoeira.
A baiana Jubenice Santos (Bibinha, na foto de calça vermelha) e o baiano Joseph Augusto de Souza (Gugu Quilombola) superaram os concorrentes mostrando habilidades nos três ramos da capoeira: Angola, Regional e Contemporânea.
A prática da capoeira exige muito vigor físico. O jogo provoca o aumento da frequência cardíaca, o desenvolvimento da força muscular e a queima de gordura. Proporciona maior flexibilidade e resistência física.
A capoeira foi difundida em muitos países, principalmente onde as comunidades brasileiras são numerosas.
Embora a roda seja uma tradição, bastam duas pessoas para a prática da capoeira, em qualquer lugar, a qualquer hora. Um esporte que enaltece o respeito ao próximo e a valorização do corpo em harmonia com a natureza.