No dia 17 de junho de 1972, uma invasão à sede do Comitê Nacional Democrata, em Washington, marcou o início do que se tornaria o maior escândalo político da história dos Estados Unidos.
O caso ficou conhecido como Watergate, nome do edifício em que ocorreu o crime. O escritório do Partido Democrata estava localizado no sexto andar do prédio, na capital americana.
Cinco homens, todos vestidos de terno e gravata, foram presos quando remexiam em documentos e tentavam colocar aparelhos de escuta telefônica no ambiente.
Os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, do prestigiado jornal “The Washington Post”, ficaram intrigados com o crime e se dedicaram a uma investigação jornalística que entraria para a história da imprensa mundial.
Com a ajuda de uma fonte sigilosa, Bernstein e Woodward avançaram em descobertas que indicavam participação no crime do comitê de reeleição do então presidente Richard Nixon, do Partido Republicano.
Por mais de três décadas, a fonte dos jornalistas ficou conhecida pelo apelido de 'Deep Throat' (“Garganta Profunda”, em português).
Nas investigações, os repórteres descobriram que um dos homens detidos na invasão recebeu um cheque de 25 mil dólares da campanha de Nixon.
A apuração mostrou que a campanha à reeleição de Nixon alimentou um “caixa dois” destinado a abastecer um esquema de espionagem contra os democratas com fins eleitorais.
Apesar dos fortes indÃcios de liderança no crime e do avanço de investigações oficiais do FBI, Richard Nixon derrotou nas urnas o democrata George McGovern e conquistou a reeleição com mais de 60% dos votos.
Em 1974, já no segundo ano do seu segundo mandato, Nixon ficou em uma situação insustentável.
Naquele ano, foram descobertas fitas cassetes com conversas no Salão Oval da Casa Branca em que o presidente agia para impedir o avanço das investigações.
As investigações também apresentaram indícios de desvios de verbas públicas, o que comprometeu a confiança da população local nas instituições e abalou o prestígio da classe política.
Nixon foi o único presidente da história dos Estados Unidos a renunciar ao posto. Porém, ele escapou de ir a julgamento porque Gerald Ford deu a ele perdão incondicional um mês após ser empossado na Casa Branca.
No mesmo ano, Carl Bernstein e Bob Woodward publicaram o livro “Todos os Homens do Presidente”, baseado no caso.
A obra, uma reconstituição do Caso Watergate e dos passos da investigação jornalística, liderou as vendas por longo tempo no mercado literário americano.
Em 1976, uma adaptação do livro ganhou as telas de cinema. O filme “Todos os Homens do Presidente”, com direção de Alan J. Pakula, entrou em cartaz com o Watergate ainda bem recente.
Com Dustin Hoffman, no papel de Carl Bernstein, e Robert Redford, como Bob Woodward, o filme levou quatro estatuetas do Oscar - Mellhor Ator Coadjuvante (Jason Robards), Melhor Direção de Arte, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado.
Somente em 2005 a identidade do “Garganta Profunda” deixou de ser sigilosa. Em uma entrevista, Mark Felt (foto), que foi o segundo homem mais poderoso do FBI, revelou ter sido a fonte de Bernstein e Woodward.
Após a renúncia, Richard Nixon lançou oito livros e viajou pelo mundo exercendo importantes funções diplomáticas.
O ex-presidente americano morreu em 1994, aos 81 anos, em consequência de um derrame.