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Idoso perde aposentadoria por ter nome de morto, vai ao INSS mostrar que está vivo, mas insistem que ele 'já morreu'


Um aposentado do INSS está passando por uma situação insólita. Há 1 ano ele tenta recuperar o benefício que foi cancelado quando um homem com o mesmo nome dele morreu.

Por Flipar

Milton Ferreira da Silva tem 75 anos e já foi mais de uma vez ao posto do INSS para mostrar em carne e osso que ele está vivo. Mas, segundo ele, os atendentes insistem que ele 'foi a óbito'.

Reprodução TV Anhanguera

Milton conta que, por algum equívoco, até os nomes de seus pais aparecem como ascendentes do homem que morreu e que tem o seu nome. Mas os números da identidade e do CPF são diferentes e, portanto, deveriam servir como prova de que ele é outro Milton.

Rafa Neddermeyer Agência Brasil

A situação vem se arrastando há um ano. Após passar décadas contribuindo com o INSS, ele agora depende dos filhos para o sustento porque não consegue reaver sua aposentadoria.

Reprodução TV Anhanguera

O INSS afirma que orientou Milton a procurar a Defensoria Pública porque questões de nome em cartório precisam ser solucionadas sem a interferência do INSS. O órgãos afirma que atende de diversas maneiras para passar orientações.

Divulgação

O caso do seu Milton mostra que o sistema de controle do INSS está longe de funcionar da forma necessária. E as mudanças recentes em relação à prova de vida para manutenção da aposentadoria deixam a desejar.

Marcelo Camargo Agência Brasil

O voto nas eleições, poe exemplo, não valem como prova de vida, ainda que a pessoa tenha que se identificar para ir até a urna e escolher o candidato.

Informações que circularam na Internet davam conta de que a votação nas eleições municipais de 6 de outubro teriam validade como prova de vida no INSS. Mas isso era fake news

reprodução TV Globo

O INSS divulgou que a ferramenta que fará a ligação entre os sistemas do Tribunal Regional Eleitoral dos estados com a Previdência ainda não está operando. Ou seja, menos uma possibilidade de comprovação que deveria estar ativa diante do avanço da tecnologia.

O INSS regulamentou recentemente um esquema para a declaração automática da prova de vida dos beneficiários, para dispensar a ida aos bancos. Em alguns casos, o sistema funciona.

Agência Senado

O sistema faz , por exemplo, a verificação cruzando dados dos cadastros do governo e de seus parceiros. Por exemplo, se a pessoa toma vacina no posto de saúde, o sistema registrará como prova de vida.

Reprodução TV Globo

Da mesma forma, alguém que faça a declaração do Imposto de Renda estará automaticamente enquadrado na comprovação automática de vida. Ou seja, as movimentações da pessoa nos órgãos e empresas significam, na prática, que ela está viva.

Site INSS

Os beneficiários não percebidos pelo governo são notificados por meio do aplicativo Meu INSS. Neste caso, a pessoa deve procurar o órgão para fazer a comprovação de vida ou deixará de receber o pagamento no prazo de 60 dias após a notificação.

Elza Fiúza - Agência Brasil

Recentemente, o cantor e compositor Martinho da Vila abriu processo contra o INSS após a suspensão de sua aposentadoria. Ele pediu a devolução de R$ 80 mil. Embora Martinho seja famoso e o público saiba que ele está vivo - até porque sua morte teria repercussão -, o INSS cancelou o benefício por falta de prova de vida. Vale a regra escrita.

Youtube Canal Olimpics Encerramento das Olimpiadas de 2016

As mudanças de regras do INSS em 2024 são decorrentes da reforma da Previdência aprovada e promulgada pelo Congresso Nacional em novembro de 2019. As novas exigências tornam mais difícil para o contribuinte do INSS conseguir se aposentar.

Almanaque Lusofonista wikimedia commons

A regra geral, já em vigor para quem começou a contribuir após 13 de novembro de 2019, exige idade mínima de 62 anos e ao menos 30 anos de contribuição para a aposentadoria de mulheres.

Marcos Elias de Oliveira Júnior wikimedia commons

No caso dos homens, a idade mínima é de 65 anos e o tempo de contribuição de 35 anos. Quem já contribuía para o INSS antes de a reforma ser aprovada está sujeito a um regime de transição.

Valter Campanato/Agência Brasil

O regime de transição estabelece um aumento gradual na idade mínima ano a ano até 2031. O modelo foi criado como forma de ir sintonizando o sistema previdenciário antigo com o novo.

Tomaz Silva/Agência Brasil

A idade mínima para quem pretende solicitar a aposentadoria em 2024 sobe seis meses em relação ao regime anterior: 58 anos e seis meses para mulheres, e 63 anos e seis meses para homens.

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A regra de transição determina que a idade mínima suba seis meses a cada ano até 2031, quando atingirá o patamar universal de 62 anos para mulheres. No caso dos homens, os 65 anos da regra geral já serão alcançados em 2027.

Agência Brasil

Por exemplo: em 2025, a idade mínima para mulheres passará de 58 anos e meio para 59; em 2026, de 59 para 59 anos e meio, e assim por diante.

Arquivo/Agência Brasil

Em 2024, o tempo mínimo de contribuição passa a ser de 30 anos para as mulheres e 35 anos para os homens, como na regra geral.

Arquivo/Agência Brasil

A regra dos pontos - somatório de idade e tempo de contribuição - também sobe. Para mulheres, o número mínimo é de 91 pontos. Para os homens, o índice é 101 pontos.

Wilson Dias/Agência Brasil

O sistema de pontos estabelece que o segurado tenha o tempo mínimo de contribuição e alcance a pontuação mínima (soma do período de pagamentos ao INSS com a idade).

Antonio Cruz/Agência Brasil

A pontuação subirá progressivamente ano a ano até chegar a 105 pontos para homens e 100 para mulheres. Esse será o índice definitivo, a partir de 2031.

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Como a idade mínima subirá ano a ano, assim como o sistema de pontos, a dificuldade para se aposentar só aumentará.

Agência Brasil/Divulgação

O cálculo do benefício também mudou com a reforma da previdência de 2019. Antes, a base para cálculo do benefício era a média salarial a partir dos 80% maiores salários entre julho de 1994 e o mês anterior ao pedido da aposentadoria

Imagem de Bruno /Germany por Pixabay

Antes da reforma, a base para o cálculo do benefício era a média salarial a partir dos 80% maiores salários entre julho de 1994 e o mês anterior ao pedido da aposentadoria.

Marcello Casal Jr/ Agência Brasil via BBC

A regra geral aprovada em novembro de 2019 leva em conta todos os salários recebidos entre julho de 1994 e o mês anterior do pedido para calcular a média do benefício.

upklyak freepik

O teto do INSS passou a ser de R$ 7.507,49 em 10 de janeiro de 2024.Nenhuma aposentadoria pode ser inferior ao salário mínimo (ajustado no início do ano para R$ 1.412). O valor é o piso nacional.

Divulgação Gov Br

Na página “Meu INSS”, do site do Governo Federal (gov.br) é possível o contribuinte saber se cumpre os requisitos, quanto falta para isso e simular a aposentadoria.

Reprodução

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