Em 2025, Milton Nascimento será homenageado no Carnaval pela A Portela. A Majestade do Samba levará para a avenida o enredo 'Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, de autoria de André Rodrigues e Antônio Gonzaga.
“Durante todos esses anos, já vivi tantas coisas que eu jamais imaginei que o universo ainda me reservaria mais esse momento. Ser homenageado por uma entidade tão grande como a Portela é algo que nunca passou pela minha cabeça. Na verdade, até agora eu ainda não estou acreditando, definitivamente…”, contou Bituca
“Os meninos, André Rodrigues e Antônio Gonzaga, estiveram lá em casa (junto com uma comitiva da Portela) para oficializar o convite, e me contaram um pouco do que estavam planejando. E, tudo que eles disseram, me deixou muito emocionado, mesmo', acrescentou.
'Viver uma experiência dessas como a Portela está me proporcionando é algo tão forte que eu nem sei como descrever isso direito. Mas, uma coisa é certa: meu coração, agora em azul e branco, pulsa por vocês. Muito obrigado, Portela Te vejo em Madureira!”, completou.
“Milton transborda a poesia de ser brasileiro. Carrega as estradas, os caminhos, as andanças e sonhos da nossa gente. A Portela, como essa grande voz das brasilidades, vai se vestir de procissão pra coroar esse imenso sol da nossa música popular', disse o carnavalesco Antônio Gonzaga.
Milton Silva Campos do Nascimento nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 1942. Além de cantor, ele é compositor e multi-instrumentista reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos artistas da Música Popular Brasileira (MPB).
Carioca de nascimento e mineiro de coração (criado em Três Pontas), tornou-se conhecido nacionalmente quando a composição 'Travessia', parceria com Fernando Brant, ocupou a segunda posição na edição de 1967 do Festival Internacional da Canção.
O cantor gravou, ao todo, 34 álbuns, sendo condecorado com cinco estatuetas do Grammy Awards. Entre as quais se destacaram a de Best World Music Álbum em 1998 por 'Nascimento' e a de Best Contemporary Pop Album em 2000 do Grammy Latino por 'Crooner'.
Milton nasceu em quarto da pensão de Dona Augusta, na rua Conde de Bonfim 472, na Tijuca, no Rio de Janeiro. É filho da empregada doméstica Maria do Carmo do Nascimento, que foi abandonada grávida pelo namorado e o registrou como mãe solteira.
Após a morte de sua mãe, em virtude da tuberculose, Milton, aos dois anos, foi entregue aos cuidados da avó materna, também empregada doméstica. Uma das duas filhas do casal para o qual sua avó trabalhava, a professora de música Lília Silva Campos, propôs adotá-lo.
A avó concordou, desde que o trouxesse para vê-lo algumas vezes e não tirassem o nome da sua mãe do registro. O futuro cantor foi adotado por Lília e seu marido Josino Campos, dono de uma estação de rádio.
A família, então, mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais. Por lá, começou a sua relação com o estado que tem forte presença em suas canções, no estilo de compor e interpretar.
O artista foi apelidado de 'Bituca' ainda criança, por fazer um bico quando estava contrariado, em uma referência aos índios botocudos. Milton começou a gostar de música por influência da mãe, que havia estudado com o maestro Villa Lobos.
Milton casou-se no cartório e na Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, em 1968, com uma estudante chamada Lurdeca. O casal foi viver em Copacabana, porém o matrimônio durou apenas um mês. Na época, optou por investir na carreira e não se casou.
Milton, então, decidiu ser pai, e adotou Augusto, seu único filho, que nasceu em 3 de junho de 1993. Ele o conheceu quando o menino tinha 13 anos, em 2006, em Juiz de Fora. Quando o rapaz completou 23 anos, em 2016, foi oficialmente adotado, passando a assinar Augusto Kesrouani do Nascimento.
Gravou a primeira canção, 'Barulho de Trem', em 1962. Em Três Pontas, integrava, ao lado de Wagner Tiso, o grupo W's Boys, que tocava em bailes. Em Belo Horizonte, começou a compor e surgiram 'Novena' e 'Gira Girou' (1964), ambas com Márcio Borges.
Nos anos 60, Milton escreveu, em parceria com César Roldão Vieira, as canções para a peça infantil 'Viagem ao Faz de Conta' de Walter Quaglia. Além disso, o cantor entrou no estúdio acompanhado pelo 'Tamba Trio. no Rio de Janeiro, em 1967, para gravar seu primeiro disco.
O encontro de 'Milton & Tamba' com os arranjos de Luizinho Eça, fazem de 'Travessia' um álbum definitivo e marcante. Em 1966, a composição 'Canção do Sal' foi gravada por Elis Regina. A gaúcha foi a primeira cantora famosa a gravar suas composições.
Quatro anos depois, em São Paulo, com o conjunto Som Imaginário, destacou-se com 'Para Lennon e McCartney', ao lado de Fernando Brant, Márcio Borges, Lô Borges, no Clube da Esquina.
Em uma pensão na capital mineira, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio. Dos encontros na esquina, surgiram as letras de canções como 'Cravo e Canela', 'Alunar', 'Para Lennon e McCartney', 'Trem Azul', 'Nada Será Como Antes', 'Estrelas', 'São Vicente' e 'Cais'.
Aos meninos fãs do The Beatles e do The Platters vieram juntar-se Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta. Em 1972 a EMI gravou o primeiro LP, 'Clube da Esquina' - eleito o sétimo melhor disco da música brasileira no século 20 pela revista Rolling Stone.
Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo 'O Grande Circo Místico' foi lançado em 1983. Bituca integrou o grupo seleto de intérpretes da MPB que viajaram o país durante dois anos apresentando o projeto.
Após a ditadura, participou em 1985 do 'Nordeste Já', versão brasileira do USA for África que criou as canções 'Chega de Mágoa' e 'Seca D'água'. homenageado.
Em documentário sobre sua carreira exibido na TV Cultura em 2008, com depoimentos de inúmeros artistas, Milton revelou quem foi um grande divulgador de sua arte no Rio de Janeiro em fins da década de 60. Agostinho dos Santos - ídolo confesso do fã 'Bituca' - o conheceu e o levou para o meio artístico.
O cantor é padrinho da banda Roupa Nova e foi homenageado pelo sexteto carioca em uma participação especial no CD/DVD ao vivo da banda na faixa 'Nos Bailes da Vida', de composição do próprio Milton, como forma de agradecimento.
A Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) concedeu a Milton Nascimento o título de Doutor Honoris Causa. É também Doutor Honoris Causa pela Berklee College of Music, título concedido em maio de 2016 em Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos. Em 2023, optou por
Milton Nascimento encerrou sua carreira em 2022 com a turnê internacional 'A Última Sessão de Música”, uma derradeira homenagem aos fãs. O show de despedida foi no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.
“Posso dizer que sou muito feliz com tudo que conquistei em todos esses anos. Não me arrependo de nada, e agradeço pelas muitas experiências que a vida me deu. Aos fãs, muito obrigado por tornarem minha vida tão linda”, celebrou Milton Nascimento