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Fôlego incomum: 'Homens-peixe' do Povo bajau ficam até 10 minutos debaixo d'água; cientistas explicam


Por Flipar
Torben Venning/Wikimedia Commons

Enquanto boa parte da humanidade só é capaz de prender a respiração por segundos ou (em alguns casos) poucos minutos, os bajaus podem mergulhar seguidamente por até 13 minutos.

Torben Venning/Wikimedia Commons

Estudo publicado pelo periódico científico Cell em 2018 apontou que uma mutação genética produzida por seleção natural permite a esse povo suportar longo tempo debaixo d'água.

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A adaptação teria ocorrido por alteração no DNA do baço, tornando o órgão maior que o dos outros humanos.

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Os bajaus são nômades que vivem entre os litorais de Filipinas, Malásia e Indonésia.

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As estimativas são de que o povo seja composto por cerca de um milhão de pessoas.

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Eles vivem da pesca e da coleta de peças aquáticas para produzir artesanato. Ou seja, retiram da água sua subsistência.

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O baço é um órgão vizinho ao estômago que contribui para a reciclagem de glóbulos vermelhos. Aumentado, ele fornece mais oxigênio ao sangue.

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Pesquisas feitas anteriormente descobriram que mamíferos marinhos aquáticos tem o baço muito maior em comparação a outras espécies.

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A bióloga Melissa Llardo fez a descoberta sobre os bajaus ao interessar-se por ver se humanos mergulhadores tinham essa mesma condição orgânica.

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'Em uma segunda visita (aos bajaus), trouxe uma máquina de ultrassom portátil e kits de coleta de cuspe. Fomos a casas diferentes e fizemos imagens dos baços deles', relatou a cientista à National Geographic Brasil.

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Para se certificar da mutação, a equipe de estudo coletou amostra genética do povo saluan, que vive na Indonésia.

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No Centro de Geogenética da Universidade de Copenhague (foto), na Dinamarca, o cotejo das amostras apontou que o baço dos bajaus era 50% maior que o dos saluans.

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Na comparação também foi usada amostra de genomas dos chineses han. Todos esses povos viveram sob seleção natural.

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'Se há algo acontecendo no nível genético, deveria ser perceptível no tamanho do baço. E lá observamos essa diferença extremamente significativa”, enfatizou Melissa Llardo.

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Os bajaus vivem nessas áreas do sudeste asiático há mais de mil anos.

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Em entrevista à BBC, Llardo deu ideia de quanto a vida dos bajaus se passa em água: 'Quando fazem da maneira tradicional, eles mergulham repetidamente por cerca de oito horas por dia, gastando aproximadamente 60% do seu tempo debaixo d'água. O mergulho pode levar de 30 segundos a vários minutos, mas a profundidades é de mais de 70 metros '.

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A cientista descreveu que o baço aumentado funciona como 'um tanque de mergulho biológico' para esse povo.

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Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia em Berkeley (foto), disse que foram encontradas 25 diferenças no genoma dos bajaus em relação aos outros povos em análise.

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Os participantes do estudo sublinharam que a descoberta pode ajudar no futuro a entender mais a fundo a hipóxia - condição em que as células ficam com pouco suprimento de oxigênio.

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