O médium e filantropo brasileiro Chico Xavier é um expoente da doutrina espírita. Um dos maiores nomes na divulgação do Kardecismo no mundo. Em 30 de junho de 2024 sua morte completou 22 anos. Saiba sobre a história dessa figura emblemática para a religiosidade espírita.
Francisco Cândido Xavier nasceu em 2 de abril de 1910 na cidade de Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
O médium morreu aos 92 anos em Uberaba, no Triângulo Mineiro, após sofrer uma parada cardiorrespiratória.
Chico Xavier “desencarnou” no mesmo dia em que o Brasil conquistou o pentacampeonato mundial de futebol, no Japão.
“Ele sempre dizia que queria morrer no dia em que o país estivesse todo alegre para passar despercebido o seu desencarne”, declarou Eurípedes Reis, filho adotivo de Chico Xavier, ao Fantástico, da Rede Globo.
O médium mineiro psicografou mais de dez mil cartas e publicou quase 500 livros com autoria atribuída sempre a espíritos. Essas obras superaram os 50 milhões de exemplares vendidos.
Alguns dos livros foram editados após a morte de Chico Xavier e boa parte deles ganhou tradução em outras línguas.
Filho de pais analfabetos - a mãe era lavadeira e o pai, vendedor de loterias -, Chico Xavier publicou seu primeiro livro aos 22 anos.
Essa obra inaugural, intitulada “Párnaso de Além-Túmulo”, é uma antologia de poemas que teriam sido ditados por poetas brasileiros famosos, como Augusto dos Anjos, Castro Alves e Olavo Bilac. Há também versos atribuídos a autores portugueses e um anônimo.
Muitos anos antes, ainda na infância, Chico Xavier começou a manifestar fenômenos mediúnicos.
De acordo com o biógrafo Marcel Souto Maior, autor de “As Vidas de Chico Xavier”, o livro provocou “curiosidade dos principais escritores da Academia Brasileira de Letras”.
“Foi um impacto muito forte. E isso levou jornalistas a Pedro Leopoldo, alguns interessados em desvendar aquele enigma”, declarou Souto Maior em 2022 à BBC.
A obra de Chico Xavier abarca temáticas diversas, desde religião e filosofia até literatura e ciência.
A arrecadação obtida com a venda de livros foi destinada inteiramente a trabalhos de caridade. Chico Xavier ficou muito conhecido também por suas obras assistenciais.
A casa abriga atualmente um museu em homenagem ao líder espírita e, mais de duas décadas após sua morte, o local é destino turístico de seguidores da doutrina.
No museu há objetos que pertenciam a Chico Xavier, livros e mensagens de André Luiz e Emmanuel, espíritos que seriam os seus orientadores.
Em 1944, Chico Xavier publicou o best seller “Nosso Lar”, que tornou-se um clássico da literatura espírita e foi adaptado para o cinema em 2010, com direção de Wagner Assis.
No mesmo ano, entrou em exibição nas salas brasileiras “Chico Xavier”. Com direção de Daniel Filho, é uma adaptação da biografia “As Vidas de Chico Xavier”.
No início de 2024, estreou nos cinemas “Nosso Lar 2”, baseado em outro livro de Chico Xavier, “Os Mensageiros”. Com Edson Celulari e Renato Prieto no elenco, o longa chegou a liderar as bilheterias no Brasil no último fim de semana de janeiro.
Em 2001, quando Chico Xavier estava internado para tratar de uma pneumonia, a câmera de um cinegrafista da TV Integração (afiliada da Globo em Uberaba) flagrou uma luz enigmática entrando pela janela do quarto do hospital.
No ano seguinte, um período antes de sua morte, Chico Xavier disse que a luz eram os espíritos de sua mãe e Emmanuel que foram visitá-lo no leito hospitalar.
Em 1979, Chico Xavier ajudou a inocentar José Divino Nunes, então com 18, do assassinato do amigo Daniel Garcez Henrique, que tinha 15. O juiz Orimar de Bastos aceitou como prova cartas psicografadas pelo médium em que a vítima dizia que o réu não tinha intenção de matá-lo e o tiro fora acidental.
O espiritismo surgiu durante o século XIX, na França, com o pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail. O estudioso de fenômenos paranormais adotou o pseudônimo Allan Kardec, nome de um druida celta que teria sido sua identidade em uma vida passada. Entre suas obras está “O Livro dos Espíritos’ (1857), o primeiro de um conjunto de cinco publicações de sua codificação da doutrina espírita.
Chico Xavier é o maior nome do espiritismo kardecista no Brasil. O médium começou a estudar as obras de Kardec mais de meio século após a morte do pedagogo francês.