Não é para menos. Afinal, o caso de mistério envolvendo o desaparecimento da criança completou 50 anos e ainda segue sem ter uma solução.
De acordo com dados do programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para a Infância e a Adolescência, trata-se do desaparecimento de criança há mais tempo sem resposta no Rio de Janeiro.
Carlinhos foi sequestrado dentro de sua casa na rua Alice, bairro das Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro.
Na noite do sequestro, o menino assistia TV ao lado da mãe, Maria da Conceição Ramirez, e de quatros dos seus seis irmãos.
Após um corte de energia que deixou a sala às escuras, um homem armado e encapuzado invadiu o sobrado da família e levou Carlinhos.
A mãe e as demais crianças presentes na casa foram trancadas no banheiro pelo criminoso.
O pai do garoto, João Mello da Costa, havia saído com os dois filhos menores (Roberto, 8 anos, e Luciana, 6) e não presenciou o sequestro.
Proprietário da indústria farmacêutica Unilabor, em Duque de Caixas, na Baixada Fluminense, João da Costa foi a Copacabana fazer uma entrega.
No dia seguinte ao crime, o jornal O Globo estampou o rosto de Carlinhos em sua capa.
Os sequestradores deixaram um bilhete exigindo 100 mil cruzeiros (moeda da época) em até dois dias pelo resgate da criança.
Com a comoção despertada pelo caso, a família recebeu doações e chegou ao valor do resgate.
João da Costa deixou a quantia em uma caixa de cimento na Rua Alice, conforme determinado no bilhete, porém Carlinhos não apareceu.
Policiais disfarçados se posicionaram perto do local para tentar capturar os bandidos, mas ninguém apareceu para pegar o dinheiro.
As investigações focaram inicialmente em um homem com quem João da Costa tinha uma dívida.
No início de 1974, o pai de Carlinhos foi preso após Adilson de Oliveira confessar o crime e dizer que o fez a mando de João da Costa.
Logo constatou-se que a confissão era falsa e João da Costa foi solto.
Anos depois, João da Costa voltou a ficar na mira da Justiça por obra do detetive particular Bechara Jalkh. A suspeita era de que teria tramado o sequestro para quitar dívidas.
Exames grafotécnicos demonstraram que a letra do bilhete deixado na casa era de um funcionário do pai do menino, Silvio Pereira. Ele foi condenado em primeira instância, mas ficou livre após recorrer.
Jamais foi comprovado o envolvimento de João da Costa. O paradeiro de Carlinhos nunca foi descoberto. Nessas décadas, exames de DNA com homens que se apresentavam como Carlinhos deram negativo e nunca se encontrou uma pista efetiva.