Apesar do sucesso nos anos 1990, a Yopa perdeu espaço com a virada do século e foi substituída pela marca Nestlé. No entanto, deixou muitas pessoas órfãs de seus sabores e sensações.
Na Alemanha, em 1933, o alemão Josef Pankofer criou o sorvete Jopa (iniciais do nome e do sobrenome dele). Esse foi um dos primeiros sorvetes e alimentos congelados fabricados industrialmente.
Em 1969, a Nestlé assumiu o controle da empresa, expandindo a marca para diversos países. Entre eles, Espanha, Suíça, França Chile e México.
Diante do sucesso no exterior, a marca foi lançada de forma oficial no Brasil em 1972. No entanto, para manter a pronúncia original, o nome foi adaptado de Jopa para Yopa.
Nos primeiros anos de atuação no Brasil, a Nestlé adaptou marcas de chocolate em sorvetes, o que ganhou a popularidade das pessoas. Foram lançados, então, produtos como Galak, Prestígio, Chokito, Lollo, Leite Moça e Brigadeiro, assim como o inusitado picolé de quindim.
Até 1982, a produção e distribuição dos produtos foi focada na região Centro Sul do país, completando dez anos em solo verde e amarelo. A partir de então, a Yopa concentrou as vendas e produções na região Sudeste, com operações no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Em 1990, a marca detinha cerca de 12% do mercado de sorvetes do país. Ficava atrás apenas da Gelato, da Gessy Lever (antiga Unilever), e da Kibon, líder do setor com cerca de 60% do mercado.
Nessa mesma década, a Nestlé formou uma parceria com a Gessy Lever para criar uma joint-venture casando as operações das marcas Yopa (da Nestlé) e Gelato (Gessy Lever) no Brasil.
A negociação levou cerca de oito meses e criou uma nova empresa, chamada Insol, controlada 50% por cada companhia. Uma parceria que durou até 1993, porém resultou no lançamento de produtos de sucesso.
Nesse período, a empresa lançou picolés famosos, como o Comis, com a imagem do Mickey, e o famoso sorvete Sem Parar.
O icônico Comics tinha a silhueta do Mickey desenhada em um picolé redondo. Um atrativo para as crianças apaixonadas pelo universo da Disney, sobretudo nos anos 90 em que a programação infantil reinava na TV.
A Yopa também passou a produzir sorvetes de pote, algo que fortaleceu ainda mais sua presença no mercado. A marca lançou revistas e livros de receitas que usavam sorvete como ingrediente principal.
A joint-ventures ajudou a alavancar a marca de sorvetes da Nestlé. Foram diversos produtos em formatos diferentes. Entre eles, um em formato de foguete, outro em cone e um terceiro com dois palitos.
Em 1997, a Unilever comprou a Kibon, o que intensificou ainda mais a força da marca líder do mercado no Brasil. A Nestlé, por sua vez, foi obrigada a ser mais estratégica com a sua marca Yopa.
Aos poucos, pesquisas de mercado começaram a apontar preferência crescente pelos produtos da própria Nestlé. Assim, a marca substituiu gradualmente os produtos Yopa pela sua própria identidade corporativa.
Embora tenha marcado o fim da Yopa como a conhecíamos, a transição consolidou a posição da Nestlé no concorrido mercado de sorvetes.
O sucesso da Yopa vai além do sabor e da sensação ao consumir o sorvete ou picolé. Na época, os formatos diferentes fizeram a alegria da criançada e segue firme no imaginário social do brasileiro.
A Yopa usou e abusou da sua criatividade, assim como combinou com o clima de verão, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Enquanto as concorrentes apostavam na variedade de sabores e em embalagens chamativas, a Yopa não se limitava apenas na arte da embalagem. Ela modificou os moldes apresentados pela concorrência e em personagens licenciados.
No auge dos anos 80 e 90, a marca fazia tanto sucesso que aparecia com frequência em anúncios, seja nos jornais impressos e revistas ou na televisão. Na foto, um refrigerador da empresa em um dos programas da apresentadora infantil Mara Maravilha.
Outro destaque da Yopa era o picolé 'Mivvi', de frutas amarelas, que derretia na boca e apresentado como uma novidade para a época. O produto buscava ser refrescante, além de trazer dois sabores tropicais. Um recheio cremoso completava a atmosfera diferenciada do produto.
Com formato diferente e sabor bem brasileiro, o Kid Banana também fazia sucesso no auge da marca no Brasil, para a alegria das crianças dos anos 80 e 90.
A marca introduziu no mercado linhas inéditas de picolés, como Lolly Pop, Jatos e Cones. Além de ser muito forte no marketing, com promoções especiais valendo o Atari da época, assim como o rádio de pilha.
A Yopa também apostou nos famosos palitos premiados, que se encontrados geravam brindes para o consumidor.