Com mais de 50 anos de carnaval, Laíla é um dos grandes nomes da história dos desfiles. Era conhecido pela disciplina que comandava a harmonia das escolas por onde passou. Caberá ao carnavalesco João Vitor Araújo desenvolver o tema, que é tão importante na história da azul e branca de Nilópolis.
Natural do Morro do Salgueiro, na Tijuca, Laíla tornou-se conhecido no mundo do carnaval por sua personalidade. Por lá, fundou uma das primeiras escolas mirins, a 'Unidos da Ladeira', onde se destacou e foi por isso chamado para fazer parte do Acadêmicos do Salgueiro.
Aos 14 anos, ingressou na Ala dos Compositores do Salgueiro, sendo o mais jovem integrante da ala. Em 1967, assumiu o cargo de diretor geral de Carnaval. Dono de uma voz potente, grave, de barítono, em 1974, gravou o samba “Rei de França na Ilha da Assombração” no LP dos sambas enredo para o carnaval daquele ano.
Na vermelho e branco da Tijuca, ocupou o cargo de diretor de harmonia até 1975. Foi então que o contraventor Aniz Abraão David, o Anísio, o contratou, juntamente com o eterno carnavalesco Joãozinho Trinta, para reforçar a Beija-Flor que, até então, era uma escola pequena, sem grandes resultados no Grupo Especial.
Na final do concurso de samba-enredo de 1975, existia a dúvida sobre qual seria o melhor entre os dois finalistas. Dono de um conhecimento musical acima da média, o autodidata, Laíla, resolveu então unir as melhores partes de cada samba, criando assim a junção, que deu origem ao samba sobre “As minas do Rei Salomão”.
Nos três primeiros anos, a parceria Joãozinho-Laíla não poderia ter dado mais certo. A escola nilopolitana conquistou o tricampeonato (1976, 1977 e 1978) e começou a se destacar no hall das maiores escolas de samba do carnaval carioca.
Em 1980, Laila participou da Unidos da Tijuca, quando fez um carnaval histórico ao lado do carnavalesco Renato Lage, que contribuiu para que a escola do Borel subisse para o Grupo Especial. Por lá, ficou até 1983. Nos anos seguintes, Laíla teve breves passagens pela Unidos de Vila Isabel e pelo carnaval de Belém até regressar à Beija-Flor em 1989.
O reencontro com Joãozinho Trinta novamente entrou para a história. Foi em 1989, que o célebre carnavalesco trouxe para avenida o enredo 'Ratos e Urubus larguem minha fantasia', o que se tornou um dos mais emblemáticos desfiles da história da Sapucaí.
Na avenida, a Beija-Flor levou um desfile que marcou a história do carnaval com a emblemática imagem do Cristo mendigo, coberto por exigência judicial e trazendo a frase 'mesmo proibido, olhai por nós'. A escola ficou com a segunda colocação, atrás da Imperatriz Leopoldinense, que trouxe como enredo: 'Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós'.
Em 1992, Laíla novamente deixou a Beija-Flor em direção ao Acadêmicos do Grande Rio, onde permaneceu até 1994. No ano seguinte, retornou à escola de Nilópolis e retomou o casamento de sucesso, que gerou diversos títulos ao longo da história.
Em 1995, a escola de Nilópolis levou para avenida uma homenagem à cantora lírica Bidu Sayão, desenvolvida pelo carnavalesco Milton Cunha.
Laíla instituiu a Comissão de Carnaval implantada originalmente na Beija-Flor em 1998 e nela permaneceu até o carnaval de 2018. Após disso, a iniciativa deixou de vigorar na escola.
No Carnaval de 1998, a Beija-Flor de Nilópolis conquistou o título ao lado da Mangueira. A azul e branca realizou um desfile sobre lendas dos índios marajoaras. O enredo 'O Mundo Místico dos Caruanas nas Águas do Patu-Anu' foi baseado no livro 'O Mundo Místico dos Caruanas e a Revolta de Sua Ave', escrito pela Pajé Zeneida Lima, moradora da Ilha de Marajó.
Vice-campeã, em 2001, a Beija-Flor realizou um desfile sobre Nã Agotimé, uma rainha africana traída pelo próprio filho e vendida como escrava para o Brasil.
A Beija-Flor foi a campeã do Grupo Especial após quatro vices consecutivos entre 1999 e 2002. A escola contou o enredo 'O Povo Conta a Sua História: Saco Vazio não Para em Pé, a Mão que Faz a Guerra, Faz a Paz', que foi desenvolvido pela Comissão de Carnaval e pediu o combate à fome, a busca pela paz, e exaltou líderes como Zumbi dos Palmares e Tiradentes.
No ano seguinte, a escola realizou um desfile sobre a preservação da Amazônia e as riquezas da região de Manaus e foi bicampeã. O enredo contado na Avenida foi 'Manõa, Manaus, Amazônia, Terra Santa: Alimenta o Corpo, Equilibra a Alma e Transmite a Paz'.
A Beija-Flor conquistou seu tricampeonato com um desfile sobre as sete missões jesuíticas no Rio Grande do Sul. O enredo tinha o seguinte título: 'O Vento Corta as Terras dos Pampas. Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani, Sete Povos na Fé e na Dor... Sete Missões de Amor'.
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O bicampeonato veio com um desfile sobre o município de Macapá. O enredo 'Macapaba: Equinócio Solar, Viagens Fantásticas ao Meio do Mundo' foi desenvolvido pela Comissão de Carnaval da escola, formada por Alexandre Louzada, Fran Sérgio, Laíla e Ubiratan Silva.
Última agremiação a se apresentar pelo Grupo Especial em 2011, a Beija-Flor realizou um desfile em homenagem ao cantor Roberto Carlos, que desfilou na última alegoria da escola. O enredo 'A Simplicidade de Um Rei' foi desenvolvido pela Comissão de Carnaval da escola, levou a escola ao título.
Em 2015, a Beija-Flor foi a campeã com o polêmico sobre a Guiné Equatorial, país africano comandado sob um regime ditatorial. O enredo exaltou as belezas e riquezas naturais do lugar e teve como título: 'Um Griô Conta a História: Um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade'.
Três anos depois, a Beija-Flor conquistou mais um título com um desfile sobre as mazelas do Brasil, traçando um paralelo com a obra Frankenstein (que completou 200 anos em 2018). O enredo 'Monstro É Aquele que não Sabe Amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu' foi desenvolvido pela comissão de carnaval da escol, no último título de Laíla no Rio de Janeiro.
Laíla teve rápidas passagens pela Unidos de Vila Isabel, Unidos da Tijuca, Grande Rio e até pelo carnaval de São Paulo, na Peruche, além de ter trabalhado em carnavais de Belém e Porto Alegre.
Na década de 1980, participou da transmissão dos desfiles do Grupo Especial pela Rede Globo de Televisão e da gravação do CD com os sambas enredos das escolas do Grupo Especial.
Em 2014, além de continuar como diretor de carnaval e harmonia da Beija-Flor, esteve na Inocentes, onde foi uma espécie de consultor de carnaval e não diretor, além de supervisor dos sambas-enredo da agremiação.
Depois do carnaval de 2018, após 23 anos, Laíla deixou em definitivo a Beija-Flor, em consequência da nova filosofia implementada por Gabriel David, novo administrador da escola, e retornou à Unidos da Tijuca.
Em 2019, assinou o carnaval como diretor da escola de samba da paulista Águia de Ouro. Já para o carnaval de 2020, após a saída da Unidos da Tijuca, Laíla atuou como Diretor de Carnaval da União da Ilha do Governador, ainda que permanecesse na Águia de Ouro.
No carnaval paulistano foi campeão do Grupo Especial, dando à Águia seu primeiro título, ao lado do carnavalesco Sidney França. Já no carnaval carioca, foi rebaixado pela primeira vez com a União da Ilha.
Ao todo, Laíla colecionou 28 títulos do carnaval, sendo 21 pelo Grupo Especial do Rio de Janeiro, um no Grupo Especial de São Paulo, quatro no carnaval de Belém e dois no grupo de acesso do carnaval carioca.
Laíla morreu de Covid no dia 18 de junho de 2021, aos 78 anos, vítima de uma parada cardíaca em virtude da Covid-19.O diretor ficou internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Israelita Albert Sabin, na Tijuca, Zona Norte do Rio.