E o curioso é que o mel continuava apropriado para o consumo. Como isso é possível? Especialistas explicaram à BBC que o mel é um açúcar que tem pouca água, mas pode absorver a umidade se exposto a ela.
São raros os microorganismos capazes de sobreviver num ambiente assim. Além disso, o mel é extremamente ácido, com pH entre 3 e 4,5 (7 seria neutro) e essa acidez mata os microorganismos.
Quando as abelhas fazem o mel, elas coletam com o néctar das flores e, depois, o regurgitam no favo com uma enzima que elas têm no estômago, a glicose oxidase.
O néctar se decompõe em ácido glucônico e peróxido de hidrogênio, a popular água oxigenada, que, como se sabe, pode ser usada para tratar ferimentos.
Esse composto mata bactérias e protege o mal por ser um antisséptico natural. Há milênios o valor do mel é reconhecido pelos seres humanos.
Relevos egípcios em túmulos do século III a.C. mostram trabalhadores recolhendo mel de colmeias. O mel foi usado como oferendas aos deuses.
Há registros de que o faraó Ramsés III fez uma oferta de 21 mil jarros de mel para Hapi, o deus do Nilo.
Uma pintura rupestre na Caverna de Araña, em Valencia, na Espanha, mostra uma pessoa pendurada em uma espécie de cipó, se esticando para alcançar uma colmeia e coletar mel de abelhas silvestres. Estima-se que a pintura tenha há 8 mil anos,
Em Nippur, centro religioso dos sumérios no Vale do Rio Eufrates, uma tábua de argila datada de 2.000 a.C tem uma receita com mel para tratar feridas, junto com água, azeite e óleo de cedro.
Na Bíblia, o Antigo Testamento se refere a Israel como a 'terra em que correm leite e mel'.
Já no Novo Testamento, conta-se que João Batista, o homem que batizou Jesus e virou santo, comia gafanhotos com mel silvestre.
O grande guerreiro cartaginês Aníbal deu ao seu exército mel e vinagre quando cruzaram os Alpes em elefantes para lutar contra Roma.
Textos antigos de Medicina Chinesa se referem ao mel como uma substância equilibrada (nem Yin nem Yang) que age de acordo com os princípios do elemento Terra, entrando no pulmão, baço e intestino.
Durante a dinastia Zhou Oriental (770-256 a.C.), um dos manjares reservados para a realeza era uma mistura de mel com larvas de abelha.
Nas Poesias de Chu, uma antologia antiga (século 11 a.C-223 a.C.), se fala de vinho e mel.
Portanto, o mel está presente historicamente em diversas culturas, de forma bastante remota, o que demonstra que seu valor para a saúde já era conhecido há milênios.