A primeira boate de funcionamento permanente em território saudita tem DJ e espaços suntuosos. Para assegurar que não circule bebida alcoólica de maneira clandestina, o local conta com seguranças específicos para essa fiscalização.
No início de janeiro, o país do Oriente Médio abriu também sua primeira loja de bebidas alcoólicas, porém com regras bastante rígidas para a comercialização dos produtos.
Assim como a boate permanente, o estabelecimento está situado em Riad. A venda das bebidas é exclusiva para os diplomatas não muçulmanos que moram na capital saudita.
A loja fica no chamado “Diplomatic Quarter”, o espaço de Riad que abriga as embaixadas de outros países na Arábia Saudita.
A venda das bebidas é feita mediante autorização prévia por cadastro do cliente em um aplicativo.
Os diplomatas registrados no aplicativo recebem um código de autorização do Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita, chefiado por Faisal bin Farhan Al-Saud.
O documento com as regras de comercialização determinam ainda uma cota mensal para as compras das bebidas.
Menores de 21 anos e visitantes não podem acompanhar os clientes autorizados pelo governo saudita.
Há ainda outras restrições, como a proibição de fotografar a loja. O uso de celulares dentro do estabelecimento não é permitido.
A legislação saudita é bastante rigorosa com o consumo de álcool. Entre as punições para quem a descumpre estão multa, prisão e deportação (no caso de residentes de origem estrangeira).
De acordo com as publicações especializadas, a abertura da loja e da boate fazem parte de um conjunto de ações da monarquia islâmica comandada por Mohammed Bin Salman para incrementar os negócios com o ocidente e melhorar a imagem do país.
A próxima etapa, segundo a rede CNBC, será a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos hotéis sauditas.
Além de acenos para o mundo ocidental, a medida do governo saudita também pretende acabar com o contrabando de bebidas alcoólicas por diplomatas, especialmente de garrafas de uísque.
'Este novo processo continuará a garantir que todos os diplomatas das embaixadas não muçulmanas tenham acesso a estes produtos em cotas específicas', afirmou o Centro de Comunicação Internacional (CII) do governo saudita.
O governo do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman tenta equilibrar-se entre as leis do Islã, que proíbem o consumo de álcool, e os interesses comerciais do país do Oriente Médio.
As ações fazem parte de um plano chamado Visão 2030, centrado em diversificar a economia local e reduzir a dependência de petróleo.
Nos últimos anos, o país suavizou alguns códigos sociais severos, especialmente em relação às mulheres, como a exigência de que usassem túnicas pretas cobrindo a corpo inteiro.
Em 2018, o regime saudita autorizou que as mulheres passassem a dirigir carros. No início do ano passado, a liberação estendeu-se para a condução de trens-bala. Já há dezenas de mulheres maquinistas no país.
Entre 2016 e 2023, a participação das mulheres no mercado de trabalho da Arábia Saudita mais que dobrou, de acordo com matéria da agência France Press.
No ano passado, a Fifa anunciou que a Arábia Saudita será sede da Copa do Mundo de futebol masculino de 2034.
O esporte tem sido outro canal de publicidade do governo saudita. A liga local de futebol contratou na última temporada jogadores da elite do futebol na Europa, como Cristiano Ronaldo, Benzena e Neymar.