Mas a possibilidade de repartir um estado da federação existe. E já até aconteceu com o Tocantins, que se desmembrou de Goiás em 1988, ocupando a parte norte do território.
A separação oficializou uma diferença que já existia na prática. O norte goiano - agora Tocantins, capital Palmas (foto) - vinculado comercialmente a Maranhão e Pará; e a parte sul (Goiás, capital Goiânia), ligada a Minas Gerais e São Paulo.
Para que um novo estado seja criado, é necessário, primeiro, que a população local aprove a proposta por meio de plebiscito.
Se o povo concordar, a proposta é encaminhada ao Congresso Nacional para a criação de uma lei complementar que, se for aprovada pelos parlamentares, precisa de sanção do presidente da República.
Já tramitaram no Congresso projetos de criação de, pelo menos, 13 estados brasileiros.
No Pará, houve proposta de divisão em três estados. Mas a população rejeitou a ideia em plebiscito, em 2011.
Pelo projeto, o Pará seria reduzido à parte nordeste, mantendo a capital Belém. No oeste ficaria Tapajós, com 28 municípios e capital Santarém. Ocuparia 58% do atual território paraense. E no sul, Carajás, com 39 municípios e capital Marabá.
O Piauí seria dividido em dois. Um plebiscito foi aprovado em 2006, mas não teve votação do Congresso.
Gurgueia (igual ao nome do principal rio) ocuparia 60% do atual território piauiense e teria 87 municípios, na parte sul. A capital seria Alvorada do Gurgueia. O Piauí manteria a capital Teresina, no norte do atual território.
O Maranhão seria dividido em dois, com a criação do Maranhão do Sul. O plebiscito foi aprovado em 2007, mas não houve votação pelos parlamentares.
O Maranhão do Sul teria 49 municípios, com capital em Imperatriz. O Maranhão seria mantido no norte do território, com a capital São Luís.
O Mato Grosso seria dividido em três: Araguaia, Mato Grosso e Mato Grosso do Norte. O argumento para a separação é que o estado é grande demais e algumas cidades ficam a 1.000 km da capital Cuiabá.
O Araguaia, a leste, ficaria com 32 municípios, com capital Barra do Garça. O Mato Grosso do Norte, na parte superior, teria 47 municípios. Em 1977, houve uma primeira separação no então estado do Mato Grosso com o desmembramento de Mato Grosso do Sul, cuja capital é Campo Grande.
Em outro projeto, também no Centro-Oeste, uma parte do Mato Grosso e outra do Mato Grosso do Sul seriam desmembradas para a formação do estado do Pantanal.
A ideia era juntar num território autônomo as áreas que abrigam a fauna e a flora pantaneira, bioma constituído, principalmente, por uma savana alagada em sua maior parte, com 250 mil km².
Minas Gerais seria dividido para a criação do Estado do Triângulo.
O novo estado teria 66 municípios, incluindo grandes cidades, com universidades federais de expressão (Uberlândia, Uberaba, Viçosa). Ocuparia uma área de 90,5 mil km², com 3 milhões de habitantes (15% da população mineira atual).
A Bahia seria dividida para a criação do estado do Rio São Francisco. O projeto foi rejeitado em 2007.
O estado do Rio São Francisco teria 35 municípios, com 1 milhão de habitantes, no oeste do território baiano. A capital seria Paratinga. E a Bahia seria mantida na parte leste, com Salvador como capital. A divisa seria justamente o rio São Francisco (em azul no meio do mapa)
O Amazonas seria desmembrado para a criação dos estados do Rio Negro, Solimões e Juruá.
O estado do Rio Negro abrangeria 3 municípios: Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira. Solimões ficaria na fronteira com Peru e Colômbia, com 13 cidades; e Juruá teria 7 municípios com capital em Eirunepé.
O Amapá perderia o município de Oiapoque, que se transformaria em estado. Mas o projeto não foi adiante.
Oiapoque é a cidade mais setentrional (ao norte) do Brasil, distante 6.350 km da cidade de Chuí, no extremo sul. Faz fronteira com a Guiana Francesa. É bem grande (22,6 mil km²) em tem 29 mil habitantes.
Olha como ficaria o mapa do Brasil se as principais propostas fossem implementadas. O país teria 39 estados, em vez de 26, além do Distrito Federal.