Desaparecido desde 30 de junho, Marcelo sofreu uma queda em uma fenda profunda e desde então não foi mais avistado.
'Não tem como entrar na greta pela profundidade e instabilidade do lugar. Infelizmente não há chance dele estar vivo. Já se vão 7 dias caído ali', relatou a irmã do montanhista, Patrícia Delvaux.
As buscas ficaram a cargo da Polícia de Arequipa, cidade onde se localiza o monte, e começaram no dia 04/07.
Uma equipe de guias profissionais contratada pela família do montanhista também participou da procura pelo brasileiro.
Todo o trajeto realizado por Marcelo foi recuperado com a ajuda de GPS. Ele alcançou o cume do Coropuna Oeste por volta das 15 horas do dia 30/06 e começou a descida logo em seguida.
Quando estava próximo dos 6.300 metros de altitude, o sinal do GPS parou de se mover, indicando que algo estava errado.
“Ele estava tentando uma rota pela face sudoeste da montanha, mais técnica e mais bonita do que a normal', escreveu Pedro Hauck, amigo de Marcelo.
'Bem a cara do Marcelo, que não segue caminhos normais e que procura fazer os seus próprios, evitando lugares famosos”, completou o amigo.
Natural de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, Marcelo era montanhista e guia profissional há cerca de 25 anos. Ele começou a praticar escalada em rocha na década de 1990 e alta montanha no início dos anos 2000.
Segundo a família, ele passava boa parte dos meses do ano escalando e guiando outros montanhistas e chegou a escalar mais de 150 montanhas na Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Venezuela e até Tibete.
O brasileiro tinha certificação de guia de montanha pela Escola de Guias de Alta Montanha e Trekking da Argentina e era um dos poucos guias de montanha em atividade com um título superior em montanhismo do Brasil.
Marcelo vivia em Mendoza, na Argentina, com sua companheira. O Itamaraty informou que acompanha o caso e oferece apoio à família da vítima.
O Coropuna é um complexo vulcânico que se destaca por suas várias cúpulas cobertas de neve e gelo durante todo o ano. É o pico mais alto da Cordilheira Ocidental dos Andes.
O lugar atrai montanhistas experientes e amantes da natureza do mundo todo em busca de aventura, tudo diante de uma beleza espetacular.
O cume principal, Coropuna Norte, reina com seus 6.405 metros, enquanto outros cumes como Coropuna Casulla e Nevado Pallacocha também impressionam pela altitude.
Além disso, o Coropuna tem significância cultural e histórica, sendo considerado um local sagrado por antigas civilizações andinas.
Para os Incas, o Nevado Coropuna era uma divindade sagrada, associada à água e à fertilidade. Sua imponência era vista como um símbolo da força e da resiliência do povo andino.
Conquistar o cume do Nevado Coropuna é um desafio árduo e perigoso, reservado apenas para montanhistas experientes e bem equipados.
Apesar dos riscos, a recompensa para aqueles que alcançam o cume é um visual de tirar o fôlego, com vistas panorâmicas dos Andes cobertos de neve, vulcões e vales verdejantes.
A área ao redor da montanha é rica em biodiversidade, com uma variedade de flora e fauna adaptadas às altas altitudes.
O Coropuna também desempenha um papel importante no fornecimento de água para as comunidades locais, já que as geleiras alimentam rios e riachos na região.