Foram selecionadas fotos feitas a partir de 1955 sobre momentos marcantes desse período da história mundial. A foto de Salgado mostra trabalhadores numa área de garimpo em Serra Pelada, no Pará em 1986. E escancara a busca do ouro por homens em condições degradantes.
Recentemente, Salgado decidiu retirar-se do trabalho de campo para voltar esforços à edição de seu imenso acervo, que passa de 500 mil fotos.
O artista, que completou 80 anos no último dia 8 de fevereiro, fez a revelação ao jornal inglês The Guardian.
Reconhecido como uma das maiores referências do fotojornalismo mundial, o brasileiro se notabilizou por uma obra de caráter humanista, que documenta e denuncia violações aos direitos do homem e também a sua relação com natureza e meio-ambiente.
Durante cinco décadas, Sebastião Salgado viajou por mais de 130 países documentando guerras e crises humanitárias por meio de imagens capazes de causar comoção e perplexidade.
“Eu acabei de fazer 80 anos. Meus projetos fotográficos levam de seis a oito anos para serem completados. Se eu começar um grande projeto agora, talvez eu morra antes de terminar', declarou o mineiro de Aimorés em entrevista à Folha de S.Paulo.
A organização Mundial da Fotografia, sediada em Londres, homenageou Sebastião Salgado neste ano de 2024 com o prêmio de “contribuição notável para a fotografia” no prestigioso Sony World Photograph Awards. Ele é o segundo latino-americano laureado - a mexicana Gabriela Iturbide foi em 2021.
Neste ano, o Museu da Imagem e do Som reuniu numa exposição fotos de Salgado sobre a Revolução dos Cravos, que deu cabo da ditadura salazarista em Portugal em 1974.
Na época, Salgado estava exilado em Paris com a mulher Lélia Wanick, pianista e arquiteta que hoje administra o estúdio do fotógrafo na capital francesa.
Sebastião Salgado foi a Portugal e às então colônias lusas Angola e Moçambique a fim de registrar os levantes que encerrariam o regime de 40 anos.
O prestígio conquistado pelo registro da Revolução dos Cravos o levou a trabalhar em agências europeias. Em 1979, Salgado integrou a cooperativa Sygma, que tinha nomes ilustres da fotografia, como Robert Capa e Henri-Cartier Bresson.
Entre as séries fotográficas de maior impacto produzidas por Sebastião Salgado no período está “Êxodus”, que registra o drama dos fluxos migratórios a partir de viagens de seis anos por 40 países.
Salgado descreveu em livro a obra “Êxodus” como “uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria”. A câmera capta migrantes, refugiados e exilados tentando vencer a pobreza e as guerras.
Em 1978, Sebastião Salgado fez um trabalho documental sobre um conjunto de grandes blocos de apartamento ocupados por imigrantes em La Courneuve, no subúrbio de Paris.
Sobre 'La Courneuve', Salgado comentou na revista Polka Magazine que promoveu um trabalho de 'olhar quase antropológico', sobre a falta de capacidade do estado francês de integrar aquela população na sociedade local.
Nas séries “Gênesis” e “Amazônia”, o fotógrafo direcionou suas lentes para os povos originários e à natureza.
Na Amazônia brasileira, Salgado realizou expedições por sete anos. “Foi como trabalhar no paraíso”, registrou no livro com as imagens.
Por meio do Instituto Terra, associação civil sem fundos lucrativos, Sebastião Salgado e a mulher Lélia promovem há mais de duas décadas ações voltadas à preservação do meio-ambiente.
À Folha de S.Paulo, o artista fotográfico declarou que irá expor na COP30 (Confederação das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), em Belém do Pará, fotos feitas na Amazônia. O evento deve ser em novembro de 2025.
'É um momento forte para apresentar esse trabalho. Precisamos lutar para preservar se ainda quisermos existir como espécie. Caso contrário, vamos desaparecer', alerta Salgado.