Fernando Pessoa passou boa parte da infância e adolescência em Durban, na África do Sul, vivendo com a mãe, Maria Madalena Pinheiro Nogueira Pessoa, e o padrasto, João Miguel Rosa, cônsul de Portugal no país africano.
Os anos no exterior deram a Fernando Pessoa a oportunidade de uma formação em língua inglesa.
Antes de retornar a Lisboa, aos 14 anos, Pessoa, que era órfão de pai, perdeu duas irmãs pequenas. A série de tragédias familiares iria refletir mais tarde em sua obra literária.
A criação de heterônimos é uma marca distintiva da obra de Fernando Pessoa. Estudos indicam que eles chegaram a sete dezenas.
O primeiro heterônimo criado por Fernando Pessoa foi “um certo Chevalier de Pas”, ao seis anos de idade, conforme ele mesmo relatou em carta ao poeta e crítico Adolfo Casais Monteiro.
A carta conta no acervo da biblioteca da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, capital de Portugal.
Nos primeiros anos de vida, Pessoa também já escrevia poesias, indicando a vocação que o acompanharia até a morte, em novembro de 1935, aos 47 anos.
Após atuar como crítico literário, em 1915 Fernando Pessoa fundou a revista Orpheu ao lado de outros intelectuais que também se tornariam ilustres, como Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.
Embora a revista tenha durado apenas duas edições, ela provocou forte impacto na cultura portuguesa, com o chamado Orfismo, que contestava a literatura tradicional e passou a ser considerado a primeira fase do Modernismo em Portugal.
Nas duas edições da revista Orpheu, Fernando Pessoa fez publicações em seu nome e também no de Álvaro de Campos, um dos seus mais famosos heterônimos.
Em 1924, Pessoa fundou outra revista, “Athena”, onde voltou a fazer publicações como Álvaro de Campos, além de Alberto Caeiro e Ricardo Reis, outros dois heterônimos muito importantes em sua poesia.
A dedicação à heteronìmia é um característica marcante da obra do escritor português. Os heterônimos têm personalidade poética complexa, distintas do poeta original, de tal forma que Fernando Pessoa acaba sendo mais um deles.
Além de Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis, outro heterônimo entre os mais conhecidos de Fernando Pessoa é Bernardo Soares.
Os estudiosos tratam Bernardo Soares como semi-heterônimo, por não ter uma identidade totalmente apartada do autor. De acordo com Pessoa, a personalidade de Soares era uma “simples mutilação” da sua.
Bernardo Soares é autor do “Livro do Desassossego”, uma das obras mais conhecidas de Fernando Pessoa, repleta de reflexões fragmentadas.
Alberto Caeiro, a quem Pessoa atribuiu data de nascimento e morte - como também fez para Álvaro de Campos -, é o poeta do campo “sem instrução primária”. É dele o conjunto de poemas “O Guardador de Rebanhos”.
Álvaro de Campos é descrito como cosmopolita, poeta que valoriza a civilização moderna e o progresso. É dele a autoria de poemas famosos como “Tabacaria” e “Todas as cartas de amor são ridículas”.
O heterônimo Ricardo Reis só teve “revelada” por Fernando Pessoa a data de nascimento. O nobel José Saramago escreveu um romance, “O ano da morte de Ricardo Reis”, em que conta os últimos meses de vida do poeta.
O único livro em português que Fernando Pessoa publicou em vida foi “Mensagem”, lançado em 1 de dezembro de 1934, ano anterior à morte do poeta lisboeta.
Entre os 44 poemas de “Mensagem” está um dos mais famosos do autor, “Mar Português”, que traz os célebres versos: “Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.