Galeria Terra

Museu dos EUA vai devolver estátua de mais de dois mil anos à Líbia


Por Flipar
Museu de Arte de Cleveland

A imagem foi construída durante a Dinastia Ptolomaica, que governou uma grande parte do norte da África e chegou ao fim em 30 a.C., com a morte de Cleópatra, última rainha da dinastia.

zenbikescience/Wikimédia Commons

De acordo com o Museu de Arte de Cleveland (EUA), o objeto foi saqueado da Líbia durante a ocupação britânica na Segunda Guerra Mundial. O território do país, assim como o do Egito, faziam parte do domínio da dinastia.

Erik Drost/Wikimédia Commons

O museu, que guarda a peça desde 1991, anunciou o retorno planejado em comunicado à imprensa. “Com base em novas informações fornecidas pelo Departamento de Antiguidades e em pesquisas, o museu reconhece voluntariamente a estátua como propriedade da Líbia”

Flickr Andrea Spaccatini

Mohamed Faraj Mohamed, chefe do Departamento de Antiguidades da Líbia, disse em comunicado que o departamento aprecia “a disposição do Museu de Arte de Cleveland de trabalhar na realização da transferência desta importante obra”.

Domínio Público/Wikimédia Commons

A estátua tem quase 60 centímetros de altura e foi formada com base no basalto, uma “rocha vulcânica dura formada a partir de lava”, segundo o site do museu.

Imagem de malek_sreti por Pixabay

A figura foi descoberta em um grande frasco de armazenamento durante as escavações de 1937-1938, no Palácio Colunado de Ptolemais, na Cirenaica, hoje parte do leste da Líbia. Isso de acordo com um comunicado compartilhado com a CNN pelo Museu de Arte de Cleveland.

Flickr giogalluz

A estátua ficava no Museu Ptolemais, na Líbia, que foi destruído durante a ocupação britânica da região. Uma publicação de 1950 de um estudioso italiano observou que a escultura “provavelmente foi perdida em 1941”.

- Aquífero abaixo da Líbia - Flickr/Mauro

Em 1960, a peça chegou a Lucerna, na Suíça. A estátua passou as décadas entre 1966 e 1991 na coleção particular dos nova-iorquinos Lawrence e Barbara Fleischman, apaixonados pela arte, e foi doada ao museu em 1991.

Flickr/Mauro

A Líbia é um país na região do Magrebe, no Norte da África, banhada pelo mar Mediterrâneo ao norte. Ela tem fronteiras com o Egito a leste, com o Sudão a sudeste, com o Chade e o Níger ao sul e com a Argélia e a Tunísia ao oeste.

Domínio Público/Wikimédia Commons

Antigo assentamento de povos tão díspares quanto os fenícios, os romanos e os turcos, a Líbia recebeu seu nome oficial dos colonos gregos, no século II a.C.

Flickr Antonio Y Trini

As três partes tradicionais do país são a Tripolitânia, Fazânia e a Cirenaica. Possui uma área de quase 1,8 milhões de quilômetros quadrados e tem como capital, a cidade Tripoli. Ela é lar de 1,7 milhão dos 6,4 milhões de habitantes.

Abdul-Jawad Elhusuni /Wikimédia Commons

A Líbia, na África, está no Top-10 entre as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo e tem a 17.ª maior produção petrolífera. 

NordNordWest, Yug/Wikimédia Commons

Ela foi província romana até ser dominada pelos Vândalos (uma tribo germânica oriental) em 455 d.C. Logo depois foi reconquistada pelo Império Bizantino (que deu sequencia ao Império Romano) e em 643 d.C, passou a ser dominada pelos árabes.

Domínio Público/Wikimédia Commons

No século XVI, os Otomanos conquistaram a região da Cirenaica. Em 1551, o Imperador Solimão, mais conhecido como 'O Magnífico', incorporou a região da Tripolitania ao Império Otomano, estabelecendo o poder central em Tripoli.

Divulgação

Por volta de 1800, ou seja, dois séculos mais tarde, o reinado Karamanli contribuiu para assentar as regiões de Fezã, Cirenaica e Tripolitania, conquistando maior autonomia, pertencendo apenas nominalmente ao Império Otomano.

MrPanyGoff/Wikimédia Commons

Em 1835, o Império Otomano restabeleceu o controle sobre a Líbia, embora a confraria muçulmana dos sanusis tenha conseguido, em meados do século, dominar os territórios da Cirenaica e de Fezã (interior do país).

Flickr/tinselcargo

Em 1911, sob o pretexto de defender seus colonos estabelecidos na Tripolitânia, a Itália declarou guerra ao Império Otomano e invadiu o país, fato que iniciou a Guerra Ítalo-Turca. A seita puritana islâmica dos sanusis liderou a resistência, dificultando a penetração do Exército italiano no interior.

Flickr Antonio Y Trini

A Turquia renunciou a seus direitos sobre a Líbia em favor da Itália no Tratado de Lausana ou Tratado de Ouchy (1912). Em 1914, todo o país estava ocupado pelos italianos que, no entanto, nunca conseguiram afirmar sua autoridade plena sobre as tribos sanussis do interior do deserto.

Flickr Giosuè Bolis

Durante a Primeira Guerra Mundial, os líbios recuperaram o controle de quase todo o território, à exceção de alguns portos. Terminada a guerra, os italianos empreenderam a reconquista do país, que foi incorporado ao reino da Itália.

- Youtube Canal Euronews em Português

Na Segunda Guerra Mundial, o território líbio foi cenário de combates decisivos. Entre 1940 e 1943, houve a campanha da Líbia entre o Afrikakorps do general alemão Rommel e as tropas inglesas. 

Youtube Canal Euronews em Português

Com o fim das hostilidades, o Reino Unido encarregou-se do governo da Cirenaica e da Tripolitânia, e a França passou a administrar Fezã. Essas nações mantiveram o país sob forte governo militar.

Bernd.Brincken/Domínio Público

Em 24 de dezembro de 1951, a Líbia declarou sua independência como o Reino Unido da Líbia, uma monarquia constitucional e hereditária sob o rei Idris I, único monarca do país.

Domínio Público/Wikimédia Commons

Em toda sua história a Líbia foi fruto de ocupações, invasões, domínios de povos completamente diferentes. Sua cultura, portanto, tem forte influência da religião islâmica na constituição dos costumes locais, como o uso de longas vestimentas.

Youtube Canal Euronews em Português

É um dos territórios mais áridos do mundo, com predominância de clima desértico e uma estreita faixa de clima mediterrâneo. Seu relevo é formado por planaltos e depressões.

Flickr/Abayomi Azikiwe

Em 2011, após uma guerra civil e uma intervenção militar internacional liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), houve a morte do ex-líder ditador do país, Muamar Gadafi, e o colapso de seu governo de mais de quatro décadas de duração.

???? ??/Wikimédia Commons

A Líbia tem passado por um processo de reconstrução política e é regida sob uma constituição provisória elaborada pelo Conselho Nacional de Transição (CNT).

Flickr Antonio Y Trini

Com isso, seu governo atual é monitorado diretamente pela Organização das Nações Unidas (ONU) em razão dos conflitos políticos locais. Já sua população, em razão das condições climáticas adversas do interior do país, está concentrada ao longo do litoral.

Reprodução do X @LPCLYM

Em 5 de fevereiro de 2021, Mohamed al-Menfi foi escolhido para ser o Presidente do Conselho Presidencial no Fórum de Diálogo Político da Líbia em Genebra na Suíça. Anteriormente, ele havia servido como embaixador da Líbia na Grécia.

Reprodução do X @LPCLYM

Apesar disso, vive mergulhada em uma crise política e disputa por poder. Atualmente, a Líbia tem dois primeiros-ministros: Abdul Hamid Dbeibah fica em Trípoli e comanda a faixa oeste; já Ossama Hamad governa o lado leste da cidade de Benghazi.

Reprodução do X @LPCLYM

Ambos os governos possuem apoios de países diferentes. Enquanto Trípoli tem o apoio da Turquia, Catar e Itália, o governo de Benghazi é respaldado por Egito, Rússia e Emirados Árabes.

Flickr Mauro

O Deserto da Líbia localizado no sudoeste do Egito, leste de seu país homônimo e noroeste do Sudão, tem extensão territorial de 1.100.000 quilômetros quadrados. Seu ambiente em grande parte é formado por bancos de areias e rochas planas.

Roberdan/Wikimédia Commons

No ano passado, o país enfrentou enchentes provocadas pela tempestade Daniel, que causaram mais de cinco mil mortes no local. Esse tipo de tempestade é conhecido como Medicane, o furacão do Mediterrâneo, que começaram na Europa e atravessaram o mar, segundo a Organização Meteorológico Mundial (OMM).

Reprodução Lybian Red Crescent

Esse tipo de tempestade é conhecido como Medicane, o furacão do Mediterrâneo, que começaram na Europa e atravessaram o mar, segundo a Organização Meteorológico Mundial (OMM). Autoridades afirmaram que a destruição aconteceu em cerca de 90 minutos, com o rompimento das duas barragens,

Reprodução de vídeo Voa60 África

O 'medicane' também é conhecido como um 'sistema de tempestades' que começou na Grécia, deixando pelo menos 15 mortos. Também passou por Turquia e Bulgária e chegou ao seu pico na Líbia, com ventos fortes de 70 a 80 km/h.

Reprodução Lybian Red Crescent

A língua oficial da Líbia é o árabe, enquanto existem cerca de 140 tribos e clãs no país. Além disso, aproximadamente 97% da população é muçulmana, a maioria pertencente ao ramo sunita. Pequeno número de muçulmanos ibadistas, sufistas e ahmadistas também vive no país.

Flickr/ClaudeMarie

Veja Mais