Reportagem do jornal londrino Financial Times relatou que muitos portos da Europa têm registrado encalhe de veículos recarregáveis importados da China.
Terminais em Bruges e Antuérpia, na Bélgica, estão enfrentando problemas logísticos com o excesso de carros elétricos estocados.
Ainda segundo a publicação, há casos de veículos parados em terminais há três anos e alguns portos precisam alugar espaços nas cercanias para abrigar esses carros.
Esse panorama tem colocado em xeque o plano climático europeu, que prevê a proibição da venda de novos veículos a combustão a partir de 2035.
O fim da concessão de incentivos fiscais para a compra desses modelos em países da União Europeia, especialmente em França e Alemanha, é apontado como um dos fatores que explica o declínio desse mercado.
Segundo a Associação de Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA), não chega a 30% a proporção dos europeus se mostram inclinados a comprar carros elétricos.
Dados da consultoria Jato, fornecedora de informações para as montadoras, indicam que os carros elétricos representaram 25% do mercado europeu no auge das vendas, em 2022, e agora estão na faixa de 12%.
Segundo reportagem da revista Exame, fabricantes como Volkswagen e Renault pretendem lançar modelos elétricos mais baratos nos próximos meses.
Além do aspecto econômico, há um obstáculo de infraestrutura que tem colaborado para o esfriamento na venda dos veículos recarregáveis: implantação de mais pontos de recarga.
Estudos apontam que é necessário haver um carregador público para cada dez carros elétricos em circulação.
Um dos desafios é ter a quantidade necessária de estações em estradas, afastando o receio de motoristas do risco de “pane seca” em viagens mais longas.
No Brasil, a infraestrutura de recarga também é um empecilho para a expansão do mercado de carros elétricos. Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), há 4.300 estações de recarga no país.
Carros elétricos podem ser recarregados em casa também. “O consumo é o equivalente ao de um chuveiro elétrico”, declarou Fábio Delatore, professor de engenharia elétrica, ao “Estadão”.
Apesar desses pontos sensíveis, há casos de países em que a eletrificação automotiva está a todo vapor. É o que acontece na Noruega, no norte europeu.
No país escandinavo, a venda de carros elétricos representou 88% do mercado automotivo em 2023 e o governo norueguês já projeta proibir o comércio de veículos a combustão interna já em 2025.
A Noruega foi o primeiro país do mundo em que a venda de carros elétricos ultrapassou a de modelos à combustão e híbridos.
A instalação de estações de recarga recebeu subsídio agressivo do governo norueguês, o que permitiu ao país de quase 5,5 milhões de habitantes expandir rapidamente a venda de carros elétricos.
Com esse panorama, a Noruega tem registrado ganhos ambientais. Desde 2009, a emissão de gases do efeito estufa caiu 30% na capital Oslo.
A Noruega tem o segundo melhor IDH do mundo, atrás apenas da Suíça. O Índice de Desenvolvimento Humano da ONU reúne estatísticas de qualidade de vida.