A companhia, fundada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi uma das mais importantes e tradicionais empresas de transporte aéreo do Brasil.
A empresa foi criada pelo alemão Otto Ernest Meyer Labastille, ex-oficial aviador da Força Aérea alemã que emigrou para o Brasil em 1921.
Antes de Porto Alegre, Otto Ernest tentou tirar seu sonho do papel em Recife e no Rio de Janeiro, mas só encontrou receptividade em território gaúcho.
O plano tornou-se viável após o empresário firmar um acordo com a companhia aérea alemã Condor Syndikat para a cessão de aeronaves, funcionários e serviço de manutenção em troca de 21% do controle acionário da nova empresa.
Após os primeiros anos dedicados a voos dentro do Rio de Grande do Sul, a Varig deu uma guinada na década de 1940 que a transformaria em uma companhia aérea de relevância internacional.
Nesse período, o empresário Rubem Berta assumiu a presidência da Varig. Com a Segunda Guerra Mundial, a alemã Condor Syndikat deixou de ter parcela do controle acionário da empresa.
Em 1942, a Varig promoveu o primeiro voo comercial internacional de uma empresa aérea brasileira. O Havilland DH-89 Dragon Rapide fez o trajeto histórico entre Porto Alegre e Montevidéu, capital do Uruguai.
Nas décadas seguintes, já na era dos jatos, a Varig cresceu ainda mais, tornando-se não só uma companhia que oferecia voos comerciais para todas as regiões brasileiras como passou a fazer rotas para outros continentes.
Entre as décadas de 1960 e 1980, a Varig conquistou prestígio internacional, com o status de uma das mais importantes empresas aéreas privadas do mundo.
Em 1961, a Varig adotou a rosa-dos-ventos (instrumento de localização geográfica) como seu emblema afixado na cauda das aeronaves.
Uma característica distintiva da Varig era a qualidade do seu serviço de bordo. No menu, a depender da classe, havia até churrasco, camarão e caviar. A excelência do serviço fez da companhia a mais querida dos brasileiros por muito tempo.
Em 1979, a revista americana Air Transport World premiou a Varig como a melhor companhia aérea do ano.
O aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos, o maior da América do Sul, foi inaugurado em 1985 por um boeing- 747-200 da Varig.
A Varig transportou grandes personalidades nacionais e internacionais, como chefes de estado, ídolos do esporte e artistas. Nas viagens que fez ao Brasil, o Papa João Paulo 2º retornou a Roma a bordo de aviões da Varig. A Rainha Elizabeth desceu por escadaria com o logotipo da empresa após desembarcar no Brasil pelo avião da força aérea britânica.
Entre as Copas do Mundo de 1962 e de 2006, a Varig foi a companhia aérea oficial da Seleção Brasileira. Na campanha do tri, o lendário escrete canarinho com Pelé e cia. trouxe a taça Jules Rimet a bordo de aeronave da empresa.
A delegação tetracampeã, em 1994, e pentacampeã, em 2002, voltou ao Brasil em aviões da empresa. A imagem de Romário acenando da janela, repetida oito anos depois pelo técnico Felipão e o capitão Cafu, ficou gravada na memória afetiva nacional.
Na história da Varig ocorreram 20 acidentes fatais, com a morte de 440 pessoas. O maior deles foi nas proximidades do aeroporto de Orly, em Paris, na França, iniciado por um incêndio em um dos aviões do Boing 707. A tragédia resultou em 123 mortos, com apenas um passageiro e dez tripulantes sobreviventes.
A década de 1990 marcou o início do declínio da empresa, envolta em dívidas e crises. Em 2005, a companhia entrou em recuperação judicial e, no ano seguinte, foi separada em duas empresas, uma vendida e absorvida pela Gol e outra para a Volo Brasil. Em 20 de agosto de 2010, foi decretada a falência da Varig.
Em março de 2024, o governo federal anunciou a celebração de um acordo para pagar R$ 4,7 bilhões à massa falida da Varig e garantir o pagamento de dívidas trabalhistas a cerca de 15 mil ex-empregados. O acordo encerrou litígio judicial de mais de 30 anos.