Localizado a uma distância de 545 quilômetros de Recife, a ilha de Fernando de Noronha serviu como um lugar onde diferentes prisões foram construídas ao longo de sua história.
A intenção era manter pessoas isoladas, como exilados políticos, ciganos, combatentes da Revolução Farroupilha em 1844, prisioneiros da Revolução Praieira em 1849 e até mesmo capoeiristas, considerados arruaceiros no fim do século 19.
A ilha desempenhava um papel importante como uma espécie de prisão em um local estratégico entre a Europa e o 'Novo Mundo'.
Nos século 19 e 20, Fernando de Noronha, conhecida também como a 'ilha Fora do Mundo', abrigava prisões com celas estreitas que sequer protegiam contra o clima extremo do lugar.
Essas prisões foram construídas pelos próprios presos.
Homens eram acorrentados por bolas de ferro e sofriam tortura psicológica na Ilha Rata, que funcionava como uma espécie de solitária ao ar livre.
Também houve a devastação de uma área para evitar que os detentos fugissem em jangadas feitas com troncos de árvores de mulungu.
Os prisioneiros, sem perceber, não apenas cumpriam suas penas, mas também contribuíam para a história de uma ilha que foi encontrada em 1503 e depois deixada de lado por seus primeiros descobridores.
O isolamento era tão intenso que os moradores locais não tinham conhecimento da independência do Brasil em 1822 e continuaram a erguer a bandeira portuguesa na Fortaleza dos Remédios por mais dois anos.
Além dos portugueses, os holandeses, franceses e italianos visitaram a ilha. Portugal só mostrou interesse novamente por Fernando de Noronha em 1737.
As construções que existem hoje na Vila dos Remédios foram construídas por prisioneiros que também trabalhavam na agricultura, marcenaria, ferraria e sapataria.
Essas construções começaram a ser erguidas no mesmo período, incluindo a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, que foi construída em 1737.
Outro exemplo de construção da época é o sistema de defesa que inclui dez fortificações, sendo chamado de 'o maior sistema de fortificação do século 18 no Brasil'.
A Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios tem ruínas que ainda estão visíveis no topo de uma colina, perto do centro histórico da Vila dos Remédios.
Para conhecer o local, há um passeio que se inicia no casarão colonial do Palácio de São Miguel que leva os visitantes a explorar outras construções históricas, incluindo a Aldeia dos Sentenciados.
Neste local, os presos com mau comportamento eram obrigados a passar a noite em camas de madeira ou leitos de pedra.
As atuais ruínas do forte Forte de Nossa Senhora dos Remédios já foram usadas como prisão e, durante a Segunda Guerra Mundial, serviram de abrigo para soldados americanos.