A cerimônia foi aberta ao público e reuniu familiares, amigos, fãs, artistas, políticos e autoridades.
Durante o velório, uma gravação de Ziraldo lendo o poema 'Memória', de Carlos Drummond de Andrade, emocionou os presentes.
'Quando havia aquelas filas gigantes nas bienais, vinham o avô, o filho, o neto, o bisneto. Todos com um livro esmagadinho, lido, usado. Isso é muito lindo. Ele é um cara que falou com cinco gerações', declarou Daniela Thomas, filha de Ziraldo.
O sepultamento aconteceu às 16h30, no Cemitério São João Batista, na Zona Sul da cidade.
“Ziraldo é um mineiro que marcou a história do Rio de Janeiro e construiu um legado, de educador, de homem da cultura e de pessoa interessante que era. Uma vida bem vivida”, disse o prefeito do RJ, Eduardo Paes.
Ziraldo morreu no sábado (06/04), aos 91 anos. Segundo a família, ele faleceu enquanto estava dormindo em sua casa, em um apartamento no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio, por volta das 15h.
O artista já vinha sofrendo com problemas de saúde há algum tempo. Em 2013, ele teve um ataque cardíaco leve enquanto estava na Alemanha e precisou passar por um cateterismo.
De 2018 a 2022, ele sofreu três derrames e ficou com a saúde bastante debilitada. Até por conta disso, o cartunista estava fora dos holofotes nos últimos anos e precisou ficar em casa, recebendo cuidados médicos.
Chargista, caricaturista e jornalista brasileiro, Ziraldo nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932.
Seu primeiro desenho foi publicado quando ele tinha apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.
No entanto, a carreira artística de Ziraldo teve início mesmo no fim da década de 1940, quando ele começou a publicar frequentemente cartoons e charges em jornais e revistas.
Seu humor ácido e perspicaz retratava a realidade social e política do Brasil, conquistando reconhecimento nacional e internacional.
Em 1954, Ziraldo retornou para o 'A Folha de Minas' e passou a publicar em uma página de humor. Três anos depois, ele se formou em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Nos anos 1960, Ziraldo realizou trabalhos para o 'Jornal do Brasil' e 'O Cruzeiro', publicando charges políticas e cartoons. Foi nessa época que ele criou os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.
Nesse período, Ziraldo conseguiu realizar um sonho de criança que era se tornar autor de histórias em quadrinhos. Foi dele a primeira revista brasileira do gênero feita por um único autor: a 'Turma do Pererê'.
Ziraldo também se destacou na luta contra a Ditadura no Brasil. Ele foi um dos criadores do jornal 'O Pasquim', que reunia personagens como o Graúna, os Fradins e o Ubaldo em charges irônicas e textos ácidos.
'Ele é uma das pessoas que salvou o Brasil da ditadura. Ele ficou no Brasil para lutar com a pena. Com papel, com ideias pequenas e pérolas. Uma pessoa como essa não vai embora', disse Fabrizia Pinto, filha de Ziraldo.
O cartunista chegou a ser detido e levado para o Forte de Copacabana um dia depois do decreto do AI-5, em 13 de dezembro de 1968.
Ao longo dos anos 1970, Ziraldo passou a se dedicar somente às histórias infantis. Seu primeiro livro infantil, 'FLICTS', foi publicado em 1969.
A primeira história com seu personagem mais famoso, o 'Menino Maluquinho', foi publicada em 1980 e até hoje é considerado um dos maiores fenômenos editoriais do Brasil.
Em 1997, o autor e sua maior obra foram homenageados pela Escola Unidos da Porto da Pedra no Carnaval carioca, com o enredo 'No Reino da Folia, Cada Louco com a Sua Mania'.
Ziraldo também recebeu diversos prêmios pelas suas obras, como o Prêmio Jabuti, o Prêmio Hans Christian Andersen e o Prêmio Merghantaller.
Seus livros foram traduzidos para mais de 10 idiomas e sua obra 'O Menino Maluquinho' chegou a ser adaptada para o cinema, teatro e televisão.
Na vida pessoal, Ziraldo foi casado com Vilma Gontijo Alves Pinto de 1958 até 2000, quando ela morreu de infarto, aos 66 anos. Em 2002, o cartunista casou-se com Márcia Martins da Silva, com quem viveu até seus últimos dias.