Nos Estados Unidos, esses questionamentos têm tomado conta com o aumento no uso das Inteligências Artificiais (IA) e dos famosos chatbots. O The New York Times conversou com algumas pessoas sobre o uso desse recurso, que divide opiniões.
Dois desses aplicativos são o StoryFile e o HereAfter AI, que oferecem esse tipo de serviço. O primeiro está no mercado desde 2017, enquanto o segundo entrou em 2019.
Esses aplicativos passaram a ser mais acessados há pouco tempo, assim como o ChatGPT, que pode produzir textos a partir de determinados pedidos. Isso gera debates no campo ético. Seria certo conversar com um avatar de alguém que já morreu?
“Como todas as linhas éticas da IA, tudo se resumirá à permissão. Se você fez isso com conhecimento de causa e de boa vontade, acho que a maioria das preocupações éticas pode ser superada com bastante facilidade.”, disse Alex Connock, pesquisador sênior da Saïd Business School da Universidade de Oxford.
“O crucial é manter uma perspectiva realista do que você está examinando – que não é que essa pessoa ainda esteja viva, se comunicando com você, mas que você está revisitando o que ela deixou”, afirmou David Spiegel, presidente associado de psiquiatria e ciências comportamentais da Escola de Medicina de Stanford.
HereAfter AI e StoryFile geram as respostas a partir de entrevistas concedidas pelos clientes, ainda vivos. A partir disso, são feitas perguntas como “Conte-me sobre sua infância” e “Qual foi o maior desafio que você enfrentou?”
A Inteligência Artificial, portanto, cria um avatar que consegue interagir com os usuários dos apps, criando respostas próprias. Elas ficam gravadas com base de dados dessas plataformas e conseguem utilizar a voz e a imagem real dessas pessoas.
Em 2023, a filha do ator americano Robin Williams, Zelda Williams, criticou a recriação da voz de seu pai por meio de inteligência artificial. Ele se suicidou em agosto de 2014,
Ela se manifestou em apoio ao Sindicato dos Atores que faz sérias restrições ao uso dessa tecnologia para dar 'vida' a pessoas que já morreram. Para Zelda, é algo 'perturbador'.
'Tenho testemunhado como várias pessoas treinam esses modelos para recriar atores que não podem dar autorização, como meu pai', disse
Seja em comerciais, filmes ou shows, essa não foi a primeira vez que um artista teve o rosto ou a voz recriados por meio da inteligência artificial. O Flipar te ajuda a relembrar vários nesta lista, confere só!
Elis Regina: Um dos assuntos mais comentados em 2023 foi a propaganda que recriou a imagem da cantora Elis Regina em um dueto com a filha, Maria Rita.
Logo após ser lançado, o vídeo, que foi uma ação promocional da Volkswagen, teve mais de 1 milhão de visualizações em menos de dois dias! E depois continuou bombando.
Veja artistas que já morreram e tiveram sua imagem recriada por Inteligência Artificial.
Audrey Hepburn: Estrela do cinema norte-americano nos anos 60, a atriz morreu em 1993, aos 60 anos de idade. Em 2014, foi recriada digitalmente para um comercial de chocolates.
Tupac: Considerado um dos maiores nomes do rap norte-americano, Tupac morreu em 1996, aos 25 anos.
Durante a apresentação do Snoop Dogg, no festival Coachella, em 2012, Tupac foi recriado digitalmente com o uso de computação gráfica e um vidro transparente.
Whitney Houston: A cantora morreu em 2012, aos 48 anos, mas foi “ressuscitada” digitalmente para um dueto com Christina Aguilera no The Voice dos Estados Unidos. Um detalhe curioso é que a performance não chegou a ser transmitida na TV; ela acabou vazando online antes do programa, o que fez a família de Whitney proibir a veiculação sob a alegação de que o holograma 'não estava pronto para ir ao ar'.
Roberto Gomez Bolaños: O ator conhecido por ter interpretado o “Chaves”, no famoso seriado que passou no SBT, foi recriado em um comercial de uma empresa de canais latino-americana.
Paul Walker: Quem não se lembra da comoção pela morte do ator Paul Walker, astro de “Velozes e Furiosos”? Toda a história trágica fez repercutir muito a sua recriação em computação gráfica, no sétimo filme da franquia. Para refazê-lo, a produção do filme usou dublês de corpo e de rosto. Até mesmo o irmão de Paul contribuiu em algumas cenas.
Peter Cushing: O ator, que morreu em 1994, ficou conhecido por interpretar o General Moff Tarkin em 'Star Wars IV - Uma Nova Esperança' (1977). A tecnologia permitiu que ele retornasse ao papel em 'Rogue One: Uma História Star Wars', de 2016.