Em 1967, Komarov participou da comemoração do 50º ano da União Soviética. Muitas delas foram feitas no solo, porém algumas aconteceram onde ele mais gostava, no espaço.
A ideia era enviar duas espaçonaves à órbita da Terra. Uma era a Soyuz-1, com Komarov a bordo. A segunda era a Soyuz-2, que chegaria no dia seguinte com outro cosmonauta.
O objetivo era que as duas espaçonaves se encontrassem. Logo depois do encontro espacial, os cosmonautas fariam a troca das espaçonaves e, ambos retornariam à terra.
No livro Starman: The Truth Behind the Legend of Yuri Gagarin, o jornalista de ciências Piers Bizony e o produtor Jamie Doran relatam que, quando Gagarin e outros técnicos inspecionaram a espaçonave, encontraram mais de 200 falhas estruturais.
Alguns deles eram tão graves que colocariam a missão em risco, se a espaçonave fosse para o espaço. Apesar de um relatório de 10 páginas ter sido escrito indicando cada um dos problemas, não houve mudanças.
No livro, os autores afirmam que amigos de Komarov tentaram convencê-lo a se recusar a voar na espaçonave.
Entretanto, o cosmonauta sabia que, se recusasse a missão, Gagarin iria no lugar dele — e, ciente dos grandes riscos envolvidos, Komarov manteve sua decisão.
No espaço, não demorou muito até os problemas aparecerem. Os painéis solares da nave não se abriram e ela ficou com pouca energia para suas operações.
Ele, então, recebeu ordens para retornar, mas a cápsula começou a girar e Komarov perdeu o controle dela.
Como resultado, a espaçonave caiu no solo com força comparável à de um meteorito de 2,8 toneladas.
Segundo o livro, detectores nos Estados Unidos captaram as últimas palavras de Komarov, que teriam sido “Esta maldita nave! Nada em que coloco minhas mãos funciona direito', junto de gritos de raiva.
Já os registros soviéticos oficiais relatam que Komarov teria dito que 'se sentia excelente, tudo estava em ordem'. Depois, acrescentou: 'Obrigado por transmitir tudo isso. [A separação] ocorreu'.
Sendo assim, Komarov foi o primeiro soviético a ir ao espaço duas vezes e o primeiro homem a morrer numa missão espacial, a bordo da nave Soyuz 1, em abril de 1967
Filho de operário, Komarov nasceu em 1927, em Moscou – na época, capital da União Soviética. Ainda jovem, ele demonstrou ter talento natural para a matemática e grande interesse pela aviação.
Komarov era piloto de testes da Força Aérea, engenheiro aeroespacial e se tornou cosmonauta em 1960, Esteve no primeiro grupo de homens selecionados para o programa espacial soviético, junto com Yuri Gagarin e Gherman Titov, os dois primeiros homens em órbita da Terra.
Ele subiu ao espaço pela primeira vez em 1964, comandando a nave Voskhod 1, em companhia dos cosmonautas Boris Yegorov e Konstantin Feoktistov. Esse foi o primeiro voo ao espaço de uma nave com mais de um tripulante.
Em 26 de abril de 1967, ele foi sepultado com honras de Estado em Moscovo e suas cinzas enterradas na Necrópole da Muralha do Kremlin, na Praça Vermelha, ao lado de outros luminares da antiga União Soviética.
Um ano depois, um serviço memorial foi realizado no local da queda, perto de Omsk, em que mais de 10 mil pessoas compareceram. Algumas delas vindo de centenas de quilômetros de distância para participar da cerimônia.
Vladimir Komarov foi condecorado duas vezes com a Ordem de Lenin e com o título de Herói da União Soviética e sua referência na cultura popular se fez presente em diversos momentos.
O local da queda, a três quilômetros da vila de Karabutak e cerca de 275 km da cidade de Orenburg, hoje é marcado com um busto de Vladimir Komarov acima de uma coluna negra de pedra, num pequeno parque ao lado da estrada.
Uma cratera da Lua e o asteróide 1836 Komarov, descoberto em 1971, foram batizados em sua homenagem.
Ele também foi homenageado na Lua, com seu nome escrito numa placa deixada pelos tripulantes das Apollo 11 e da Apollo 15.
Placa comemorativa em honra de Komarov e outros mortos na exploração espacial, deixada na Lua pelos astronautas da Apollo 15.