A conclusão deu-se a partir da análise de dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Compare The Market, site britânico de comparação de preços.
O estudo do CupomVálido também posicionou o Brasil como o segundo pior país para se dirigir. A avaliação levou em conta dados de mortalidade no trânsito, congestionamento das vias e custos para manutenção dos veículos.
De acordo com especialistas, o problema do asfalto no Brasil está menos relacionado à qualidade do material e mais ao desgaste excessivo e à falta de manutenção das vias.
O fato de o Brasil ser um país extenso e que prioriza o transporte rodoviário no escoamento da produção leva a uma maior saturação do asfalto, encurtando sua vida útil.
“O Brasil tem essa particularidade de ser um país rodoviário e, junto com as proporções continentais, tem todo esse escoamento de produção via malha rodoviária e falta de investimento. O que há é uma saturação da malha”, afirmou Diego Ciufici, superintendente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos (Abeda), ao Jornal da USP.
Dados do Banco Mundial apontam o Brasil (58%) como o país de maior concentração rodoviária de transporte de cargas e pessoas entre as maiores economias do mundo.
Estudo de 2018 da Fundação Dom Cabral apontava a malha rodoviária brasileira como responsável por escoar 75% da produção do Brasil, seguida de longe pelo modais marítimo (9,2%), aéreo (5,8%) e ferroviário (5,4%).
Apenas em estradas federais sob administração do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) o país tem 61 mil km.
Segundo explica Ciuifi, na pavimentação o asfalto, que representa a superfície, é uma pequena fração dos materiais utilizados. A base precisa ser sólida para garantir a qualidade.
O especialista ainda criticou as propaladas operações tapa-buraco das gestões públicas pelo Brasil, que, segundo ele, muitas vezes funcionam apenas como paliativo.
Kamilla Vasconcelos Savasini, coordenadora do Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica da USP, cita fatores que vão além da qualidade para a produção de vias esburacadas, cenário muito comum no cotidiano dos brasileiros.
Problemas estruturais no projeto de uma via, por exemplo, podem provocar buracos. Entre as falhas de planejamento estão as que não levam em consideração fatores climáticos na concepção.
De acordo com a Confederação Nacional do Transporte, mais da metade das rodovias brasileiras apresenta situação regular, ruim ou péssima.
Um dos problemas citados pelo órgão é o excesso de peso no transporte de cargas, com alguns caminhões trafegando com toneladas acima do limite permitido.
O calor é outro fator mencionado por especialistas para degradação mais rápida das vias. A temperatura no asfalto pode alcançar 70º C no meio do dia em algumas regiões.
Matéria do Jornal Nacional de dezembro de 2023 deu detalhes de uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás sobre o asfalto utilizado em diversas regiões brasileiras.
O estudo concluiu que há materiais, como a borracha triturada, que prolongam a durabilidade das rodovias.
Material à base de restos de pneus, mais resistentes às altas temperaturas, têm sido utilizado em estradas com bons resultados.
“Ele suporta 200 vezes mais carga do que o convencional', destacou ao JN a Lilian Ribeiro Rezende, professora de engenharia e especialista em pavimentação.