A jovem de 26 anos admitiu a relação extraconjugal e fez um pedido público de desculpas em suas redes sociais.
“Lamento sinceramente pelos enormes problemas que causei e por trair aqueles que me apoiaram', escreveu Shiino no Instagram, de acordo com tradução da rede britânica BBC.
A devolução da coroa de Miss Japão acontece após outra polêmica que a eleição de Carolina Shiino despertou na opinião pública japonesa.
Ela foi a primeira mulher não japonesa a conquistar a premiação sem ter pais de ascendência japonesa.
Esse fato despertou intenso debate nas redes sociais do Japão a respeito da associação entre aparência e identidade.
Shiino nasceu em Termopil, no oeste da Ucrânia, e mudou-se para o Japão com a mãe e o padrasto quando tinha apenas cinco anos.
Os pais da jovem, ambos ucranianos, se divorciaram, e a mãe casou-se com um japonês de sobrenome Shiino.
De acordo com matéria da Deutsche Welle, apesar de só ter conseguido a cidadania japonesa em 2022, Shiino cresceu no país asiático e fala a língua local sem sotaque algum.
Ai Wada, organizadora do concurso Miss Japão, declarou à BBC que o júri elegeu convictamente Shiino. “Ela fala e escreve em um japonês belo e bem educado”.
Quando foi coroada Miss Japão, em cerimônia ocorrida em um hotel da capital Tóquio, Shiino fez questão de falar dos desafios que enfrentou no país.
'Tive que superar barreiras, que frequentemente me impediram de ser aceita como japonesa. Por isso, sou extremamente grata por ser aceita como japonesa nesta competição', afirmou.
Em 2015, discussão semelhante veio à tona quando Ariana Miyamoto, então com 20 anos, foi consagrada Miss Japão. No caso, o questionamento de identidade foi em relação à pele escura da vencedora.
A tradição japonesa olha a identidade mais pela aparência que pela nacionalidade.
Japoneses em que só um dos pais tem outra ascendência são mais aceitos porque carregam na aparência traços orientais. São os chamados “hafus” (mestiços).
Esse é o caso da tenista naomi Osaka, filha de mãe japonesa e pai haitiano. Mesmo não tendo um bom domínio da língua japonesa, ela é bem aceita pela aparência.
Parcelas da sociedade local ainda não convivem bem com a ideia de que estrangeiros sem ascendência japonesa possam obter a naturalização e ter a mesma nacionalidade que a sua.
A resistência de setores mais tradicionais não impede que anualmente um grande números de estrangeiros sem ascendência japonesa consiga o passaporte japonês.
Um caso emblemático é o do finlandês Marti Turunen, que alterou seu nome para Marutei Tsurunen ao se naturalizar e foi eleito o primeiro deputado de origem europeia do parlamento japonês em 2002.
Tsurunen partiu para o Japão como missionário da Igreja Luterana em 1979. No país, ele se casou com a japonesa Sachiko Tanaka e teve dois filhos.