Ao longo de quase um século, várias investigações e expedições têm sido feitas em busca de respostas sobre o que ocorreu com a exploradora, que desapareceu enquanto sobrevoava o Oceano Pacífico.
O mais recente grupo a se unir à busca é uma equipe da Deep Sea Vision, uma empresa de exploração oceânica, composta por arqueólogos subaquáticos e especialistas em robótica marinha.
Com uma tecnologia que mapeia o fundo do oceano por meio de ondas sonoras para medir a distância até a superfície, eles afirmam ter descoberto uma pista que pode resolver o mistério de Earhart.
A equipe identificou uma anomalia no Oceano Pacífico, a mais de 4.800 metros de profundidade, que se parece com uma pequena aeronave.
Amelia Earhart pilotava um avião modelo Lockheed 10-E Electra, com capacidade para 10 passageiros, quando desapareceu enquanto tentava dar a volta ao mundo.
“Algumas pessoas consideram um dos maiores mistérios de todos os tempos. Penso que, na verdade, é o maior mistério de todos os tempos”, disse o CEO da Deep Sea Vision Tony Romeo, no Instagram.
As fotos foram tiradas aproximadamente a 161 km da Ilha Howland, um atol sem habitantes que fica logo a norte do equador no Oceano Pacífico.
O lugar era o destino seguinte planejado por Amelia Earhart e o navegador Fred Noonan, depois de decolarem de Lae, na Papua Nova Guiné.
Na época, o governo dos EUA chegou a conduzir uma busca intensa por 16 dias seguidos, mas a dupla foi oficialmente considerada perdida no mar.
A Deep Sea Vision examinou uma área de mais de 13.468 km quadrados nas profundezas do oceano com a ajuda de um veículo subaquático autônomo avançado chamado Hugin 6000.
Concluída em dezembro, a expedição da empresa iniciou em setembro de 2023.
Segundo Romeo, a equipe planeja voltar ao local em cerca de um ano para confirmar se a anomalia é realmente um avião.
É provável que as próximas buscas envolvam o uso de um ROV (veículo operado remotamente) com uma câmera para uma investigação mais detalhada do objeto.
“Embora seja possível que este seja um avião e talvez até mesmo o avião de Amelia, é muito prematuro dizer isso de forma definitiva. Também pode ser ruído nos dados do sonar, algo geológico ou algum outro plano”, disse um arqueólogo subaquático da Universidade da Califórnia.
Em 2017, um documentário do History Channel sugeriu a ideia de que Amelia Earhart e Fred Noonan não teriam caído no Oceano Pacífico, mas sim nas Ilhas Marshall, localizadas a cerca de 1.609 km da Ilha Howland.
Segundo a teoria, eles teriam sido sequestrados e levados para a Ilha Saipan, onde foram mantidos como reféns até falecerem.
Os investigadores da teoria se basearam numa foto do Arquivo Nacional dos EUA que mostrava algumas figuras embaçadas que seriam a aviadora e seu avião.
Outra teoria foi elaborada em 2016 pelo Grupo Internacional para Recuperação de Aeronaves Históricas, chamado de TIGHAR.
Segundo o grupo, Amelia Earhart e Fred Noonan conseguiram sobreviver a um pouso difícil em um recife no Oceano Pacífico, mas acabaram morrendo como náufragos porque não conseguiram chamar ajuda pelo rádio.
No entanto, a teoria mais aceita, apoiada pelo governo dos Estados Unidos e pelo Instituto Smithsonian, é a de que Earhart e Noonan teriam caído no Oceano Pacífico, próximo à Ilha Howland, quando o combustível do avião acabou.
Dorothy Cochrane, que trabalha no departamento de aeronáutica do Museu Nacional do Ar e do Espaço Smithsonian destacou que nas últimas mensagens de rádio de Earhart, as transmissões ficaram cada vez mais fortes à medida que ela se aproximava da Ilha Howland, sugerindo que estava chegando perto antes de sumir.
No entanto, existem outros especialistas que afirmam que as evidências de que o avião seja de Earhart ainda carecem de provas mais concretas.
David Jourdan, cofundador e presidente da Nauticos, afirmou que seria crucial localizar a certificação 'NR16020' que estava impressa na parte inferior da asa do Lockheed.
Caso o avião seja encontrado em profundidades oceânicas tão extremas, onde as temperaturas são muito baixas e há baixo teor de oxigênio, há a possibilidade de que ele esteja bem preservado, concluiu o especialista.
“(Earhart) era uma espécie de estrela do rock da época, a Taylor Swift da época. Todo mundo está torcendo por ela, eles queriam que ela desse a volta ao mundo, e ela desapareceu sem deixar rastros. É o mistério do século 20, e agora do século 21”, disse Dorothy Cochrane.