Segundo a pesquisa conduzida por Don Baker, professor da Universidade McGill, no Canadá, as mudanças climáticas originadas por grandes erupções vulcânicas podem ter contribuído para a ameaça aos répteis pré-históricos antes mesmo da conhecida catástrofe.
“Nossos dados sugerem que a desgaseificação de enxofre vulcânico poderia ter causado quedas globais repetidas e de curta duração nas temperaturas”, contou Sara Callegaro, geocientista da Universidade de Oslo.
Naquela época, as erupções vulcânicas aconteciam frequentemente, criando períodos de "invernos vulcânicos". De acordo com os pesquisadores, as condições adversas afetaram tanto plantas quanto animais, preparando o terreno para o evento que levou à extinção dos dinossauros.
Enquanto isso, no Brasil, o Serviço Geológico Brasileiro (SGB) informou que uma nova espécie de dinossauro teve suas pegadas detectadas em Araraquara, interior de São Paulo. O animal “Farlowichnus rapidus” foi encontrado pelo padre e paleontólogo italiano Giuseppe Leonardi nos anos 1980.
Leonardi doou uma das amostras das pegadas, em 1984, ao Museu de Ciências da Terra (MCTer). Com isso, as marcas foram encontradas na chamada formação de Botucatu, que é um conjunto de rochas formadas por um antigo deserto de dunas no período Cretáceo, há aproximadamente 140 milhões de anos.
Os estudos apontam que era um dinossauro pequeno, com altura entre 70 e 90 cm.
Em virtude da grande distância entre suas pegadas encontradas, os cientistas deduzem que era um réptil muito veloz que corria pelas dunas daquele período.
A descoberta foi publicada na revista científica Cretaceous Research, da Holanda. Além disso, ganhou destaque internacional e foi noticiada pelo portal britânico BBC News.
O Brasil tem sítios paleontológicos que atraem milhares de visitantes. São regiões onde, em eras remotas, viveram espécies de dinossauros.
O mais importante deles é a Formação Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que ingressou no Guinness Book, o Livro dos Recordes.
Estudos apontam que rochas e cristais de zircão contendo fósseis desses dinossauros datam de 233,2 milhões de anos atrás. Os mais antigos do planeta!
Esse período é chamado pelos cientistas de Triássico: uma era geológica que se estende de 252 milhões até 201 milhões de anos atrás. É o primeiro período da era Mesozoica e fica entre o Permiano e Jurássico.
Tanto o início como o fim do período Triássico são marcados por eventos de extinção em massa.
A solicitação de inclusão no Livro dos Recordes partiu de um grupo de paleontólogos denominado DinOrigin, que realiza pesquisas na região desde 1998. Após análise do caso, a direção do Guinness confirmou que a menção era pertinente.
Os fósseis encontrados eram de dinossauros ancestrais, ainda pequenos (50 cm) e compridos (1,50 metro). Ao longo da evolução, eles deram origem aos dinossauros gigantescos (passando, então, a ser quadrúpedes).
Um dos fósseis era de um Saturnalia Tupiniquim, espécie herbívora. O outro era de um Burioleste, carnívoro, com dentes serrilhados (foto)
O certificado do Guinness reforçou o Sul do país como um dos principais focos de atenção na pesquisa dos fósseis. O Brasil disputa com Argentina e Madagascar o protagonismo no ramo.
A discussão sobre o berço dos dinossauros se deu a partir da descoberta do fóssil do Estauricossauro (na ilustração, dominando a presa), em 1936, em Santa Maria, um dos mais primitivos da espécie. O exemplar encontrado era de 230 milhões de anos.
Antes disso, desde 1901 a cidade de Santa Maria já vinha sendo palco de pesquisas paleontológicas, mas em menor dimensão, principalmente no entorno do Morro do Cerrito.
A Formação Santa Maria tem extensão de 250 km que engloba 21 municípios, desde Venâncio Aires até Mata, onde árvores viraram pedra (foto).
As árvores petrificadas, fossilizadas, do Jardim Paleobotânico da cidade de Mata, são tombadas pelo Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul.
O Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS tem uma coleção de fósseis com mais de 8 mil espécimes, sendo 4 mil vertebrados, a maioria do Triássico.
Grande parte do material é destinada a pesquisas de estudantes. Mas o público em geral pode visitar exemplares em exposição: réplicas e fósseis de vegetais e animais, como a preguiça-gigante (foto) e o prestossauro, grande predador do passado.
Santa Maria tem um parque temático chamado Dino Tchê, onde as pessoas aprendem sobre os répteis primitivos e veem uma réplica em tamanho natural do Estauricossauro.
A descoberta de fósseis no Rio Grande do Sul é reconhecida mundialmente. Sítios atraem visitantes e este tema tornou-se um forte atrativo para o turismo no estado.
O mesmo ocorre em outras áreas de grande valor para a Paleontologia e que atraem a curiosidade de visitantes, como o Parque dos Girassóis, em Presidente Prudente (SP).
Ali, Paleontólogos do Museu de Marília anunciaram, em dezembro de 2021, a descoberta de cinco ovos de dinossauros.
Os fósseis têm entre 60 e 80 milhões de ano - um período chamado de Cretáceo Superior. Segundo os pesquisadores, eles são de uma espécie carnívora. Os ovos medem de 12 a 13 centímetros.
Em setembro de 2020, já haviam sido encontrados ovos de crocodilos fossilizados, com 6 centímetros, no sítio de Presidente Prudente. Eles foram descobertos após a retirada de rochas durante o cercamento do local. Os ovos são de 70 a 80 milhões de anos atrás.
O paleontólogo William Roberto Nava informou que, como os ovos estavam inteiros, deve ter ocorrido algum evento que impossibilitou o nascimento dos filhotes. E isso é objeto de estudo.
O sítio paleontológico de Presidente Prudente tem sido palco de descobertas desde a década de 50. No sítio, a maior parte do material encontrado é de aves da pré-história.
Segundo o paleontólogo William Nava, o sítio de Presidente Prudente tem uma riqueza tão grande de material de pesquisa que é considerado a maior jazida de fósseis de aves da época do dinossauro no Brasil.
A relevância do sítio para os estudos dos fósseis ganhou um importante reconhecimento com o tombamento como patrimônio em fevereiro de 2020.