Nesta segunda-feira (8/7), tornou-se público, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, o inquérito de investigação da Polícia Federal acerca de um suposto esquema de negociação ilegal de joias dadas à Presidência da República durante o governo de Jair Bolsonaro (PL)
Com mais de 2 mil páginas, o documento detalha as investigações da PF e fundamenta o indiciamento de Bolsonaro e mais 11 pessoas que estariam envolvidas no esquema de apropriação indevida de joias.
Segundo a PF, a suposta associação criminosa teria desviado ou tentado desviar itens com valor de até R$6,8 milhões. Entre as peças negociadas estão presentes recebidos durante visitas à Arábia Saudita e ao Bahrein
Para o desvio das joias, o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República (GADH/GPPR) – órgão responsável pelos presentes oferecidos à Presidência da República – encaminhava os itens diretamente para o acervo pessoal de Bolsonaro
Outra maneira encontrada pela associação seria simplesmente não registrar o momento da entrega do presente pela autoridade estrangeira, para que não precisasse passar pelo GADH e fosse direto para o acervo pessoal de Bolsonaro
O dinheiro da venda das joias sauditas teria custeado as despesas de Bolsonaro e da família dele nos Estados Unidos entre 30 de dezembro de 2022 e 30 de março de 2023, de acordo com a PF
Bolsonaro teria recebido ao menos US$25 mil (R$137 mil) em espécie de Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid. Lourena Cid teria guardado na residência dele, em Miami, dois itens desviados. Em seguida, ele e o filho teriam encaminhado os objetos para leilão
Conforme a PF, Bolsonaro sabia da movimentação para venda dos presentes recebidos pela Arábia Saudita. O inquérito apresenta uma troca de mensagens entre o ex-presidente e Mauro Cid, em que este encaminha o link de um leilão, e Bolsonaro responde 'selva' ('ok' no jargão do Exército)
O inquérito ainda aponta que Bolsonaro teria utilizado o avião presidencial, sob alegação de uma viagem oficial, para levar joias aos Estados Unidos
O ministro Alexandre de Moraes determinou que a Procuradoria-Geral da República analise o inquérito dentro de 15 dias, para decidir se as investigações serão aprofundadas, se haverá denúncia contra os citados ou arquivamento do caso.