POVOS ORIGINÁRIOS

Marco temporal: o que é e o que está em jogo


A tese restringe as demarcações das terras indígenas àquelas ocupadas em 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição Federal

Por Aline Gouveia
Minervino Júnior/CB/D.A.Press

'Julgamento do século'

O Supremo Tribunal Federal continua, nesta quinta-feira (31/8), o julgamento sobre o marco temporal. O placar na Corte está 2x2. A proposta é criticada por lideranças indígenas e ambientalistas — pois afirmam que além de dificultar o processo demarcatório, essa medida libera a exploração econômica dos territórios

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O que é?

A análise sobre a demarcação de terras indígenas começou em 2019, com o reconhecimento da existência de repercussão geral do Recurso Extraordinário 1.017.365, que discute uma reintegração de posse movida contra o povo Xokleng, em Santa Catarina. A decisão tomada no julgamento do recurso terá consequência para todos os indígenas do país

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Como votaram os ministros?

Até agora, os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes votaram contra o marco temporal. Nunes Marques e André Mendonça se manifestaram favoráveis à tese

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'Meio-termo'

Há uma diferença no voto de Alexandre de Moraes. Isso porque o ministro apresentou uma tese que pressupõe que proprietários rurais poderiam receber indenização do Estado pela terra, diante da desapropriação para demarcação

Nelson Jr./SCO/STF

Expectativa

Há uma ampla expectativa pelo voto do ministro Cristiano Zanin — recém indicado pelo presidente Lula. Isso porque o magistrado votou contra pautas consideradas progressistas

© Carlos Moura/SCO/STF

Críticas

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) defende que a tese despreza o direito dos povos originários ao território — lugar ligado à ancestralidade e identidade, onde desenvolvem e estabelecem a organização social e cultural

Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Argumentos a favor

Defensores do marco temporal afirmam que a tese garantiria segurança jurídica e mais espaço para atividades econômicas do agronegócio

Christian Braga / Greenpeace

Pressão pela inconstitucionalidade

Além do STF, o marco temporal também está sendo pautado no Senado. Um Projeto de Lei também foi aprovado na Câmara. Se o Supremo entender que o marco temporal é inconstitucional, o projeto de lei fica suspenso e não poderá vigorar

CARLOS ALVES MOURA