Povos originários

Conheça a história do cacique Raoni, líder indígena barrado no STF


Raoni Metuktire é conhecido internacionalmente pela luta por direitos indígenas. Conheça

Por Nathallie Lopes
AFP / NICOLAS TUCAT

Contra o Marco Temporal

Horas antes do retorno do julgamento do Marco Temporal, Brasília foi tomada por uma manifestação de povos indígenas e representantes da sociedade civil. Eles pedem para que o Marco Temporal seja declarado inconstitucional

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Barrado no STF

Pouco antes de começar a sessão, um dos mais importantes líderes indígenas do país, o cacique caiapó Raoni Metuktire, 93 anos, foi barrado de entrar no plenário. Após a liberação de pulseira de identificação, foi liberada sua entrada no plenário

Mayara Souto/CB/D.A. Press

Marco temporal

O Marco temporal é uma tese de que as comunidades indígenas tenham direito somente às terras que ocupavam no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal

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Quem é Raoni

Raoni nasceu em 1930 em uma vila do Mato Grosso conhecida como Kapôt Nhinore. Mas, durante a infância viveu em diversos lugares, pois o povo caiapó é nômade e baseia sua economia na agricultura itinerante

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Botoque

Um dos traços marcantes do cacique é o botoque — disco de madeira no lábio inferior —, item geralmente usado por chefes de guerra e oradores das tribos. Ele o inseriu aos 15 anos

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O primeiro contato com os brancos

O primeiro contato de Raoni e da sua tribo com homens brancos foi com os irmãos Villas-Boas, famosos indigenistas brasileiros, no ano de 1954. Com eles aprendeu português e percebeu as ameaças que esse outro mundo poderia trazer para o seu povo, iniciando então o ativismo pelos direitos indígenas

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Notoriedade internacional

Raoni foi tema de um documentário indicado ao Oscar, 1978. No entanto, o indígena foi reconhecido fora do país a partir de 1987, após um encontro com o cantor Sting no Parque indígena do Xingu. Entre abril e junho de 1989, os dois fizeram uma turnê juntos e Raoni divulgou sua mensagem ao mundo

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Incansável na luta

A partir de então, Raoni se tornou praticamente um embaixador dos povos indígenas. Fez diversas viagens pelo mundo para espalhar a necessidade de preservação de terras indígenas e direitos dos povos. Visitou esquimós no Canadá, foi ao Japão, recebeu o apoio do ex-presidente francês Jacques Chirac. 12 fundações Floresta Verde foram criadas para arrecadar fundos para a criação de um parque nacional no Rio Xingu, na Amazônia. E muito outros feitos foram possíveis ao longo de todos esses anos de luta

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Alvo de fake news

Em 2019 uma notícia falsa acusou Raoni de negociar terras por meio de uma ONG em troca de uma mansão em Paris. Não há evidências da negociação e os indígenas afirmam que a desinformação foi publicada como reação a críticas feitas por ele à política indigenista de Jair Bolsonaro

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Contra exploração de petróleo

Ao longo de sua história, Raoni já se manifestou contra madeireiros, grileiros e garimpeiros. Agora a sua atenção está voltada para o que considera ser um novo perigo dos povos indígenas: a exploração de petróleo na Amazônia

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Raoni apontou erros dos primeiros governos Lula

'Você fez muita coisa ruim e isso não pode acontecer com o atual governo', disse Raoni. Se referindo à construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Mas, o cacique elogia o que considera como avanços na política indigenista do atual governo, e diz que os indígenas já teriam 'perdoado' os governos do PT

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Terras indígenas

No dia 28 de julho de 2023, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Joenia Wapichana anunciou a aprovação dos estudos de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Kapôt Nhinore, onde o cacique passou a juventude. Isso significa garantir o pleno direito territorial aos povos que habitam no local

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Longe do público

Atualmente Raoni diminuiu o ritmo e se afastou do público. Não fala mais português, diz se expressar melhor em caiapó e mora em Mato Grosso

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