Chevrolet Montana sai de cena

Informação foi passada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, mas concessionárias ainda vendem o estoque do modelo

Enquanto a Chevrolet anunciava a chegada de uma picape inédita no mercado brasileiro, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul decretou o fim da produção da compacta Montana a uma publicação eletrônica. A informação existente é de que o modelo deixou a linha de montagem, mas a Chevrolet nega que o modelo tenha “subido no telhado”.

A postura do fabricante é normal, já que ainda existe um estoque a ser vendido, mas os fatos apontam mesmo para o fim da produção da picapinha do finado Agile. O modelo “patina” em vendas há anos, em detrimento do sucesso da Fiat Strada e uma atuação discreta da mais que defasada Volkswagen Saveiro. A gradual perda de versões e a adoção de preços poucos competitivos também deram sinal de que a marca havia desistido do modelo.

O design da Montana não é apenas defasado devido aos quase 11 anos de produção sem grandes investimentos, sem atualização desde o lançamento da segunda geração, no fim de 2010, mas também devido ao visual do hatch Agile, modelo que durou muito pouco na gama da Chevrolet e se tornou irrelevante em sua história.

Primeira geração
Vale lembrar que a primeira geração da Montana, vendida entre 2003 e 2010, era baseada no Corsa de segunda geração. Nesta troca, a picape passou por uma inusitada involução, abandonando a arquitetura C do novo Corsa para abraçar a base da antiga picape Corsa (de primeira geração), que foi antecessora à primeira Montana.

Mas o modelo tem seus méritos, como a capacidade de carga de 744 quilos e uma caçamba espaçosa. Além disso, a cabine conta com um pequeno espaço atrás dos bancos para carregar objetos que não podem ir na caçamba. As dimensões do modelo são 4,51 metros de comprimento, 1,70m de largura, 1,57m de altura e 2,66m de entre-eixos. A massa é de 1.097 quilos.

No site da marca o modelo está disponível apenas na versão LS, que custa R$ 78.790. O modelo é equipado com motor 1.4 flex, com até 99cv de potência e 13kgfm de torque (abastecido com etanol), e câmbio manual de cinco marchas. Mesmo beirando os R$ 80 mil, o modelo oferece apenas os obrigatórios airbags frontais e freios ABS, as rodas são em aço estampado com calotas, além de ar-condicionado, protetor de caçamba, direção hidráulica, computador de bordo, retrovisores com ajustes elétricos, vidros e travas elétricos.

Nova picape chegará em 2022

A Chevrolet anunciou a chegada de uma nova picape em seu catálogo no Brasil, mas isso não deve ocorrer antes de 2022. A expectativa é de que o veículo tenha porte intermediário, como a Fiat Toro e a Renault Oroch, conforme indicou Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul. “O modelo chegará para complementar a linha de picapes Chevrolet, além disso, vai estrear um conceito completamente inovador para a marca no segmento de veículos utilitários”, disse.

A picape é derivada da plataforma GEM, que serve como base à família Onix e ao SUV Tracker. Por ser modular, o modelo terá entre-eixos bem maior que os 2,57 metros do Tracker, algo próximo dos 3 metros. Os conjuntos mecânicos serão os mesmos do SUV compacto: motor 1.0 turbo de até 116cv de potência e 16,8kgfm de torque; e um 1.2 turbo, com até 133cv e 21,4kgfm, para a versão mais cara.

Quanto ao visual, a aposta é de que a picape inédita tenha uma dianteira semelhante à nova Trailblazer (diferente do SUV vendido no Brasil), mesclando um porte robusto com linhas esportivas. Como na Toro, o destaque é o conjunto óptico dividido, com os faróis integrados ao para-choque e luzes de rodagem diurna na parte de cima, alinhadas à grade.

A perspectiva é de que a nova picape de porte intermediário substitua a Montana, que já exauriu sua vida útil e patina no mercado. Ao mesmo tempo, um segundo investimento em uma picape compacta não fecha a conta, já que o segmento foi tomado pela nova Fiat Strada. Fica a dúvida se a denominação Montana será usada para esta picape inédita, já que o modelo nunca figurou entre os preferidos do consumidor.

Projeto global
A nova picape será fabricada na planta de São Caetano do Sul e faz parte do atual plano de investimentos de R$ 10 bilhões para a renovação do portfólio e o desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil. Como se trata de um projeto global, o modelo será exportado para o mercado latino a partir do Brasil.

Para receber a nova picape, a linha de montagem será preparada em várias etapas, a fim de minimizar os impactos na produtividade da fábrica. O início da primeira fase está previsto para as próximas semanas. “Adicionar um produto totalmente novo numa linha de montagem ativa é sempre uma jornada complexa, principalmente diante dos desafios tecnológicos que o projeto impõe. Até por isso a preparação da fábrica será executada em diversos estágios, que levarão meses cada um deles”, calcula Luiz Carlos Peres, vice-presidente de Manufatura da GM América do Sul. (PC)