O novo grupo Stellantis, fusão entre a FCA (com marcas como Fiat e Jeep) e a PSA (com Peugeot e Citroën), fez seu primeiro anúncio sobre o lançamento de um produto. Foi durante as comemorações dos 20 anos da fábrica de Porto Real (RJ), que produz veículos das marcas Peugeot e Citroën. A montadora informou que um novo modelo será fabricado naquela planta, no segundo semestre do ano.
Apesar do enigma que o fabricante tentou fazer, não é segredo que eles estão falando do substituto do Citroën C3, já que o hatch compacto, assim como o monovolume aventureiro Aircross, deixaram de ser fabricados por aqui. Aliás, o único automóvel produzido pela marca no Brasil atualmente é o SUV C4 Cactus.
O informativo da Stellantis ainda “entregou” um importante detalhe, o de que este modelo será construído sobre “uma variante da plataforma CMP”. Ou seja, não chega a ser a plataforma CMP, que, por aqui, já é usada no novo Peugeot 208 fabricado na Argentina.
Na prática, trata-se de uma versão simplificada da plataforma, o que confirma a estratégia de posicionar a Citroën abaixo da marca do leão. Também, na prática, uma plataforma simplificada, de custo inferior, sugere uma performance menor de segurança e um veículo com menos tecnologia embarcada.
Expectativa
Projeto destinado a países emergentes, o novo modelo está em testes tanto no Brasil quanto na Índia. A expectativa é que o novo C3 brasileiro tenha preço inicial menor do que a geração anterior, que era vendido na casa dos R$ 67 mil. Seu visual será o de um hatch encorpado, nos moldes da nova geração do C3 na Europa. Assim como o modelo europeu, nosso C3 deve ter 3,99 metros de comprimento, já que no mercado indiano esse é o limite para contar com incentivos fiscais.
No Brasil, o modelo deve ser lançado apenas com a opção do motor 1.6 aspirado que já serve a marca atualmente. Porém, com o passar do tempo, a parceria Stellantis pode servir a Citroën, assim como a Peugeot, com os novos motores 1.0 e 1.3 turbo da família Firefly, da FCA, que estreiam em 2021.
Ainda são esperados para recompor a linha Citroën no Brasil um crossover compacto (um “suvinho” que entra no lugar do Aircross) e um sedã compacto, todos com a variante da plataforma CMP.
BMW R18 Kingston: duas rodas inspiradas em quatro
O modelo R18 foi apresentado ainda como conceito no badalado Concorzo Dèleganza Villa Deste, às margens do lago de Como, no Norte da Itália, em 2019. Um ano depois, a BMW lançou a custom R18 First Edition de série, com o maior motor boxer já produzido pela marca. São 1.802cm³, que entregam 91cv a 4.750rpm e um torque de caminhão trucado que atinge 16,1kgfm a míseros 3.000rpm. Uma motocicleta “raiz”, inspirada no modelo R5 dos anos 1930, também com motor boxer de 494cm³, suspensão dianteira telescópica e pela primeira vez na marca, câmbio no pé.
O enorme modelo R18 também tem servido de laboratório para a BMW experimentar novas formas, encomendando customizações a estúdios de transformações. O renomado designer americano Roland Sands, instalado na Califórnia, criou uma R18, estilo dragster, aproveitando o colossal torque do motor. Porém, apimentou ainda mais o desempenho, adicionando “nitro” no sistema de injeção, mudando também o quadro, o sistema de escapamento, os para-lamas, o guidão, banco e pneus.
Em outra vertente, o estúdio do austríaco Bernhard Naumann, conhecido como Blechmann, ou homem de lata, por sua habilidade em transformar as peças de metal, aplicou na R18 um conceito mais pacato, com carenagem, tanque e para-lamas feitos à mão, mudando também o banco e o farol. Porém, conservou as características técnicas e mecânicas originais. Agora, a R18 volta às origens, em um exercício de customização com o designer alemão Dirk Oehlerking, do estúdio Kingston, que batizou sua criação como Spirit of Passion, ou espírito da paixão.
Espírito
A inspiração visual também veio dos anos 1930, como na R18 original. Entretanto, não mais em duas rodas, mas em quatro. A carenagem da Spirit of Passion foi baseada no modelo 328, que nasceu como carro de competição e virou modelo de série em 1937. Um roadster de dois lugares com motor 2.0 litros de seis cilindros em linha, 80cv e a tradicional grade frontal dividida em duas partes verticais, apelidadas de duplo rim, que se transformou em identidade visual dos carros da marca. O modelo 328 atualmente é um dos carros mais disputados por colecionadores.
O estúdio Kingston manteve uma enorme carenagem dianteira com a emblemática grade “duplo rim”. A peça cobre toda a roda dianteira e ganhou saliências laterais para quando a roda virar, além de pequeno para-brisa em policarbonato. A carenagem feita à mão, em fibra de vidro, também cobre a roda traseira. O escape foi substituído por outro sem curvas, o guidão alterado, assim como banco estilo selim. As setas foram substituídas por peças Kellermann e o farol em LED fica embutido. Tudo dentro de um conceito ArtDéco.
As características técnicas e mecânicas foram mantidas, com o motorzão boxer arrefecido a ar e óleo destacado. A transmissão por eixo cardã cromado também fica à mostra. A eletrônica conta com três modos de pilotagem, controle de estabilidade e de arrasto. A suspensão dianteira tem tubos de 49mm e 120mm de curso. A suspensão traseira é camuflada como as antigas “rabo duro”, porém, com sistema mono regulável na pré-carga e 90mm de curso. Os freios contam com sistema ABS, duplo disco na dianteira e simples na traseira. Todos com 300mm de diâmetro.