Lançado há um ano, o Volkswagen Polo GTS está muito longe de ser um esportivo. Aliás, os últimos lançamentos da marca pecam por querer ser mais do que realmente são, vide o “SUV” Nivus, em que a marca se desviou do bom caminho que começou a ser traçado nos lançamentos de Polo e Virtus. O fabricante também perdeu a vergonha na hora de sugerir preços para seus modelos. O próprio Polo GTS foi lançado a preço de Golf, R$ 99.470, e, hoje, já custa assustadores R$ 112.090. Mas, será que a versão nervosinha do hatch compacto tem predicados que justifiquem esse valor?
Apesar da tentativa da Volkswagen de reviver o carisma do Gol GTS, lá dos anos 1980, o modelo testado não tem tanta popularidade. Além de custar muito caro, os tempos são outros, com grande oferta de concorrentes bastante superiores. Ao invés da visão de um hot hatch irado, o sentimento de que o Polo GTS nos passa é o de copo meio vazio, um compacto vendido a preço de Golf, mas que entrega bem menos do que o hatch médio que deixou de ser produzido no Brasil.
Além dos elementos esportivos — como a faixa vermelha que “corta” a grade e os faróis, para-choques exclusivos, retrovisores em preto brilhante, rodas de liga leve de 17 polegadas (a unidade testada “calçava” rodas aro 18, opcionais), minissaias, lanternas escurecidas, spoiler e ponteira dupla de escape —, a versão GTS tem faróis de LED com luzes de rodagem diurna integradas. A unidade testada também trazia a pior opção de cor, um vermelho, que, além de ser sólido, custa mais de R$ 500 e ainda faz o modelo parecer um Golzão. Agora, dê uma olhada nas fotos do Polo GTS e fale se não ficou faltando um belo teto solar?
Acabamento
O nível de acabamento do interior é uma decepção, pois é muito espartano, semelhante ao das versões de entrada, mas, por R$ 112 mil, esse mar de plástico duro é imperdoável. Ao menos, o quadro de instrumentos digital e configurável, além da tela de oito polegadas do sistema multimídia, enche os olhos. Por dentro, a esportividade é evocada pelos bancos com bons apoios nas laterais, revestidos em couro e tecido, soleiras exclusivas e pedaleiras de alumínio.
Já a vida a bordo é a mesma das demais versões, com espaço interno compatível com o de um compacto, confortável para até quatro pessoas. O banco traseiro tem saída de ar-condicionado e uma tomada USB, mas o carro não conta com alças de apoio, o velho “puta-merda”. O porta-malas tem 300 litros de volume, aceitável para um compacto, mas sua tampa não oferece maçaneta, obrigando o motorista a ir até a cabine para abri-lo ou pegar a chave no bolso, o que não é desejável, já que a mesma é presencial.
Apesar de não ser um esportivo, também seria injusto classificar o Polo GTS como um esportivado, ou seja, um carro que oferece apenas firulas. O motor 1.4 turbo, com potência de 150cv, oferece desempenho acima da média dos compactos. Seu principal predicado é o bom torque de 25,5kgfm totalmente disponível já a 1.400rpm, que proporciona conforto tanto no trânsito lento da cidade quanto o fôlego necessário para aquela esticada na estrada.
Temperamentos
Com o toque de um botão, é possível escolher entre quatro temperamentos: Eco, focado na economia de combustível; Normal, um meio termo; Sport, que favorece o desempenho; ou ainda o modo configurável Individual. Mesmo em modo Eco e “pisando leve”, o motor mostrou-se um tanto beberrão. Já o modo Sport produz dentro da cabine um ruído bastante artificial.
O câmbio automático de seis marchas oferece trocas manuais por aletas próximas ao volante. As suspensões reforçadas, com amortecedores mais rígidos, tornaram a versão desconfortável sob piso irregular. Como a altura do veículo não foi rebaixada, ele não raspa em rampas e quebra-molas. Para parar, freios a disco nas quatro rodas.
Na lista de itens de série do Polo GTS, destaque para a chave presencial, sistema multimídia com navegação nativa, quadro de instrumentos digital, sistema Post Collision Brake (que freia o veículo após uma colisão) e faróis de LED. Mas o Polo GTS fica devendo airbags de cortina, o que o Chevrolet Onix oferece já no pacote de entrada, que custa metade do preço.
O Discover Media traz tela tátil de oito polegadas. Um dos seus destaques é o sistema de navegação nativo. São várias opções de mídia, como CD-Player (já em extinção), cartão SD, tomadas USB e Bluetooth. É possível espelhar o smartphone na telinha do painel (pelo Apple CarPlay, Android Auto e Mirror Link) para usar os aplicativos. Além de botões no volante, vários comandos podem ser feitos por voz. Também está disponível sistema de telefonia.
Concorrentes
Se você quer um hot hatch, outra opção disponível é o Renault Sandero RS, que custa cerca de R$ 82 mil (R$ 30 mil a menos) e ainda oferece muito mais controle, com motor 2.0 aspirado de 150cv e câmbio manual de seis marchas. Ele acelera até os 100km/h em 8 segundos, enquanto o Polo chega em 8,4 segundos. Mas seu pacote é bem mais despojado.
Já por um preço parecido com o do Polo GTS, você pode estacionar na garagem o último hatch médio “acessível” do mercado brasileiro, o Chevrolet Cruze Sport 6. Com motor 1.4 turbo de até 153cv e 24,5kgfm de torque, ele acelera até os 100km/h em 9 segundos. Mesmo na versão de entrada LT, a lista de equipamentos é semelhante à do Polo GTS.